O homem primitivo atribuía o processo de saúde/doença à punição ou recompensa de entidades sobrenaturais. Da interpretação do sobrenatural evoluiu-se, nas civilizações antigas (grega, romana, egípcia), para uma interpretação natural, isto é, física. Nesta perspectiva, as causas que determinam o processo de saúde/doença têm origem no corpo, daí que a saúde seja definida por um "bem-estar físico".
Hipócrates, 460 anos a.C., explicou as origens da doença a partir de um desequilíbrio entre as forças da natureza presentes no interior e fora da pessoa. Durante longo período, até meados do séc. XVI, prevaleceram estas duas interpretações.
Com o evoluir dos tempos foram-se identificando os factores ambientais como causa de doença. Surgiu a teoria dos Miasmas que atribuía o aparecimento da doença ao efeito do meio ambiente. Esta teoria foi aceite pelos pensadores e cientistas da época e mais tarde confirmada, principalmente a partir do século XVII, devido ao aparecimento de meios que permitiram a identificação de microorganismos causadores de doença.
Foi neste período que se iníciou o conhecimento científico sobre a saúde. Passou a considerar-se que toda a doença corresponderia a uma causa, presumivelmente à acção de um organismo já conhecido ou a descobrir. No século XIX, com o desenvolvimento das ciências bacteriológicas, passou a conhecer-se a natureza das doenças transmissíveis.
Já no século XX o conceito de saúde modificou-se e com o passar dos anos foi adquirindo um significado mais amplo e completo. O conhecimento dos múltiplos factores que influenciam a saúde do homem trouxe-nos uma nova perspectiva de saúde.
Na actual definição, reconhecida universalmente, a saúde é considerada como "um completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade (OMS)". A saúde é entendida como pleno desenvolvimento das potencialidades físicas, mentais e sociais do homem, tendo em conta, como principais factores, a carga genética e a procura permanente do equilíbrio com o ambiente.
A saúde é hoje considerada um bem precioso que é preciso aprender a gerir e em que é necessário investir. Não restam quaisquer dúvidas de que, tal como prevenir a doença, é importante investir na saúde e valorizar positivamente os factores que a determinam. De certa forma passou-se do investimento de prevenção da doença para o investimento da prevenção da saúde.
Promover a saúde
A promoção da saúde tem como base a aceitação de que os comportamentos em que nos envolvemos e as circunstâncias em que vivemos têm influência na nossa saúde.
De acordo com o American Journal of Health Promotion, a Promoção da Saúde é a "ciência e a arte de ajudar as pessoas a mudar o seu estilo de vida rumo a um equilíbrio entre a saúde física, emocional, social, espiritual e intelectual.". Esta concepção vai de encontro à definição defendida pela Carta de Ottawa para a Promoção da Saúde, de 1986, que diz que a promoção da saúde é o processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e das comunidades para controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorar. Passa a ser entendida como um recurso para a vida e não como uma finalidade de vida.
Os estudos epidemiológicos revelam que uma grande parte dos problemas de saúde causadores de morte e morbilidade estão relacionados com o estilo de vida, no qual se incluem os comportamentos.
Entre as condutas nocivas para a saúde estão o consumo de drogas (tabaco, álcool e psicotrópicos), sedentarismo, alimentação desregrada (excesso de gorduras inadequadas, hidratos de carbono, deficiência de fibras e vitaminas) e insuficiente (em termos quantitativos).
Sabe-se que o estado de saúde está directamente relacionado com os comportamentos das pessoas. Por essa razão, devem procurar-se as vias mais adequadas para promover a adopção de comportamentos saudáveis, corrigindo as condutas prejudiciais.
Alterar comportamentos: a saúde sob controlo
Uma alimentação equilibrada e a prática de exercício físico são factores essenciais para alcançar e manter um bom estado de saúde.
Contudo, hoje em dia, os europeus ingerem demasiadas calorias e mexem-se muito pouco. O excesso de peso e a obesidade são problemas que afectam um número cada vez maior de crianças na Europa. São vários os factores de risco de morte prematura, como por exemplo a pressão arterial, colesterol, o IMC (Índice de Massa Corporal) e a diabetes, associados a hábitos alimentares pouco saudáveis e à ausência de movimentos. Por este motivo a alimentação e o exercício físico são prioridades essenciais da política da União Europeia no domínio da saúde pública. Fazer uma alimentação equilibrada é investir na saúde, a curto e longo prazos.
Ouvimos com alguma frequência a frase "somos o que comemos", o que revela que a alimentação merece uma atenção redobrada da nossa parte. Para além de ser uma necessidade básica, é um dos factores do ambiente que mais afectam a saúde e qualidade de vida.
Hoje não basta ter acesso aos alimentos, é necessário "saber comer", saber escolher os alimentos de forma e em quantidades adequadas às necessidades diárias, ao longo das diferentes fases da vida.
O papel da família na educação alimentar das crianças e jovens é, desta forma, inquestionável, pois os pais são modelos para os filhos, sendo fundamental que os adultos adoptem um estilo de vida saudável.
Devido ao ritmo de vida actual, existe pouco tempo para dedicar às refeições e muitas vezes acabamos por ter um padrão alimentar desequilibrado e desajustado das nossas necessidades, o que origina um incremento de oferta das comidas rápidas, conhecidas como fast food.
Surge com frequência a necessidade de tomar suplementos vitamínicos, que até podem ser benéficos, desde que não substituam as refeições. A principal fonte de vitaminas são as frutas e legumes mas a ausência destes alimentos torna necessário esta ajuda externa.
Há evidências científicas que suportam os benefícios dos suplementos para certos problemas de saúde ou circunstâncias especiais da nossa vida, como, por exemplo, a gravidez, o período de crescimento, situações de cansaço e stress, depressões na menopausa, na terceira idade, etc.
De entre os vários suplementos vitamínicos existentes no mercado, pode citar-se, a título exemplificativo, o Complexo B. Está indicado para quem sofre de cansaço, pois ajuda na absorção e digestão de nutrientes como proteínas e gorduras. É utilizado igualmente para combater a depressão, o stress e a ansiedade.
Os Multivitamínicos são considerados o suplemento mais completo por incluir numa só toma, uma diversidade de vitaminas. Deve ser tomado tendo sempre em conta o grau de cansaço do indivíduo, assim como a sua constituição física. O Guaraná é ideal para gerar um rápido aumento de energia. Para casos de fraqueza ou cansaço intelectual este suplemento é a escolha certa porque estimula não só o sistema cardiovascular como o sistema nervoso central. No entanto, o guaraná contém cafeína, devendo a sua toma ser evitada próximo da hora de dormir.
No fundo, o papel dos suplementos vitamínicos é o de reactivar e restabelecer todas as funções normais que se realizam no organismo. Podem conter níveis de vitaminas muito mais elevados do que seriam obtidos através da alimentação, o que, por ingestão de quantidades excessivas pode causar toxicidade. A toma de suplementos alimentares e vitamínicos deve ser sempre acompanhada por um especialista, não só pelos riscos que acarreta mas também por poder ter de fazer-se concomitantemente com outra medicação.
Os suplementos suprimem e ajudam a equilibrar as nossas necessidades vitamínicas mas não compensam uma alimentação desequilibrada, de alto teor em gorduras e poucas fibras. Portanto, para ter mais saúde e maior qualidade de vida é indispensável uma alteração do estilo de vida e comportamentos incorrectos.
Já Hipócrates dizia "Faça do seu alimento o seu medicamento". Assim, por um futuro mais saudável, a nível alimentar pode começar por evitar a ingestão de alimentos processados e integrar na dieta mais frutas, vegetais e leguminosas, diminuir a gordura e a quantidade de sal ingerida diariamente e evitar o consumo de álcool e tabaco. Fazer pequenas refeições ao longo do dia e aumentar o consumo de água. Ingerir pelo menos oito copos de água, na medida em que, para além de ser indispensável para manter o organismo hidratado, ajuda a expulsar as toxinas. Dormir oito horas diárias ajuda a revitalizar o corpo e a melhorar a produtividade física e intelectual. Não há, no entanto, como a prática de exercício para obter benefícios na saúde.
Actualmente é consensual a relevância da prática de actividade física regular para a saúde e bem-estar físico e psicológico dos indivíduos. De acordo com a OMS, a inactividade física contribui para cerca de 2 milhões de mortes anuais no mundo. Os estilos de vida sedentários constituem um dos maiores problemas de saúde pública, com o qual as sociedades ocidentais se debatem. O sedentarismo contribui para a ocorrência de doenças crónicas, mortes prematuras e invalidez, o que leva a graves custos económicos e sociais.
Por estas razões a promoção de estilos de vida saudáveis revela-se como uma necessidade urgente e um dos maiores desafios para as sociedades ocidentais. Para que a prática de actividade física tenha efeitos benéficos na saúde e bem-estar é necessário que esta seja efectuada de forma regular.
Os benefícios para a saúde geralmente são obtidos através de, pelo menos, 30 minutos de actividade física cumulativa moderada, diariamente. De entre os benefícios físicos para a saúde destacam-se a redução do risco de ocorrência de doenças coronárias, prevenção/redução da hipertensão e na prevenção da diabetes tipo II.
Tem igualmente um papel importante no controlo do excesso de peso e prevenção da obesidade e nalguns tipos de cancro, nomeadamente do cólon. A nível psicológico observa-se uma melhoria dos estados de humor (redução da tensão, depressão, raiva e confusão, acréscimo da vitalidade, vigor), uma redução de stress e um aumento da auto-estima e auto-conceito.
O início do séc. XXI revelou uma grande preocupação com a questão da qualidade de vida. Esta tem a ver com a nossa percepção com a forma como estamos a envelhecer. O envelhecimento e a qualidade de vida são dois aspectos que antes pareciam distantes entre si, mas que se vêm tornando cada vez mais próximos.
Os estudos mostram que o processo de envelhecer de forma saudável é dependente em 50 por cento do nosso estilo de vida, e o restante depende da carga genética e do meio ambiente. Assim, metade do processo depende do que nós fazemos dela ou do que deixamos de fazer.
Aqueles que, ao longo dos anos, adoptaram um estilo de vida saudável estão indubitavelmente em melhores condições para manter o equilíbrio no processo de envelhecimento seja a nível físico, intelectual ou social.
Os seguros de saúde
Numa altura de grave crise financeira, perante a violência urbana, o stress e a degradação de valores, não há nada melhor do que investir em algo que dependa apenas de nós. Se não formos nós a preocupar-nos com a nossa saúde, quem se preocupará?
Relacionado com as incertezas geradas pela instabilidade e a preocupação que daí deriva em manter um nível adequado de qualidade e proteção na saúde, por que não pensar num seguro de saúde? O mercado oferece cada vez mais alternativas, sucessivamente mais diversificadas, e na doença, sempre inesperada, são uma alternativa ao Serviço Nacional de Saúde, para as consultas de especialidade de despesas de valor elevado, como internamentos, partos e cirurgias.
Após cuidadosa análise das propostas e aconselhamento adequado, deverá ser considerada a que melhor se adequa ao perfil de cada indivíduo. Para manter a liberdade nas escolhas de médicos, clínicas ou hospitais onde é assistida, a pessoa deve optar por um "seguro de reembolso" ou por "modalidade mista", a mais corrente, que permite optar pela rede de cuidados médicos da seguradora ou por serviços fora dela.
A saúde é um bem a que poucos dão a importância devida, até que chega um dia que percebemos que fomos negligentes e não cuidámos suficientemente dela. Ter uma vida longa e saudável não é difícil. Invista em si, na sua qualidade de vida e na sua saúde, antes que seja tarde demais.
A doença celíaca é um distúrbio digestivo e imunológico crónico que danifica o intestino delgado, desencadeada pela ingestão de alimentos contendo glúten.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.
Segundo a OMS, a obesidade consiste numa acumulação excessiva de gordura que surge quando há um desequilíbrio entre o volume de calorias consumidas e as calorias gastas.
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