SUPLEMENTOS ALIMENTARES

SUPLEMENTOS ALIMENTARES

DIETA E NUTRIÇÃO

  Tupam Editores

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Os suplementos alimentares são preparações de nutrientes, simples ou compostas, que se adicionam à dieta para corrigir ou prevenir deficiências minerais, vitamínicas ou proteicas, sempre que aumentem as necessidades do organismo. São considerados géneros alimentícios comuns, que se destinam a complementar o regime alimentar normal em situações de stress, exercício físico intenso, recuperação de convalescença devido a doença ou cirurgia ou, ainda, quando se pretende melhorar o estado geral de saúde.

A degradação dos minerais nos solos tem vindo a reduzir o nível nutricional dos alimentos em geral, sendo um dos motivos que tem levado cada vez mais pessoas a adoptar o consumo de suplementos alimentares, como forma de manter a saúde em equilíbrio, complementando a sua dieta diária.

Muitos investigadores defendem que o aparecimento de algumas doenças degenerativas está associado ao estilo de vida adoptado pela sociedade contemporânea, que ao provocar a contaminação ambiental e da água, através do uso intensivo de fertilizantes, pesticidas e conservantes nos alimentos, terá contribuído para a oxidação e degeneração do organismo.

A partir da década de 70 os suplementos começaram a "estar na moda" como panaceia para cura de alguns males, inclusive doenças como o cancro ou para combate aos sinais de envelhecimento. Actualmente, cerca de dois milhões de portugueses tomam suplementos vitamínicos e minerais. Este número é percentualmente muito superior em países como a Alemanha, em que 43 por cento dos seus habitantes os consomem; Reino Unido, com 39 por cento, e Itália, com 37 por cento. É no entanto nos Estados Unidos, que adoptaram o hábito de consumo há cerca de 20 anos, que se batem recordes, tendo inclusive exportado a prática para outras regiões do mundo.

Porém, nenhum suplemento pode substituir os nutrientes proporcionados por uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais e cereais. Os suplementos alimentares podem ser particularmente benéficos em situações de desnutrição ou carência de nutrientes ocasionada por uma dieta pobre em vitaminas, proteínas, minerais, hidratos de carbono ou alimentos gordos.

Podem também ajudar no processo de absorção intestinal, diarreias ou doenças crónicas, anemia ou diminuição dos níveis de hemoglobina no sangue, anorexia e bulimia, durante a gravidez e amamentação, no alcoolismo, durante a infância e adolescência, em que o organismo está em desenvolvimento, na menopausa, em particular com a administração de suplementos de cálcio para prevenção da osteoporose, na prática de exercício físico intenso e no envelhecimento.

O seu consumo, desde que adequadamente orientado por especialista, nutricionista, médico ou farmacêutico, pode beneficiar a saúde em situações particularmente exigentes. A sua utilização intensiva pode, porém, ocasionar efeitos adversos, por vezes graves, e provocar o desequilíbrio entre a necessidade efectiva do organismo e as quantidades ingeridas, podendo conduzir a situações de sobredosagem.

Possuem uma variedade de ingredientes presentes sob a forma de concentrado ou extracto, podendo apresentar-se em cápsula, comprimido, drageia, xarope, injectável e administração em pó.

O suplemento alimentar pode ser constituído por vitaminas lipossolúveis (vitamina A, D, E e K), hidrossolúveis (B1, B2, B5, B6, B8, B9, B12 e C) e outros nutrientes que alguns especialistas defendem sejam incluídos no grupo das vitaminas, como é o caso da B13, B15, B17, a colina, PABA, T, P e U. Também alguns minerais, como o sódio, cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro, iodo, flúor, zinco, cobre, selénio, cromo, lítio, silício e níquel, são usados como suplementos. As proteínas e os ácidos gordos ómega-3 e 6 são igualmente alguns dos elementos utilizados.

Apesar de os suplementos se terem tornado uma opção cada vez mais seguida por quem pretende ou necessita de aumentar os níveis nutricionais, eles não substituem uma alimentação equilibrada e variada que inclua produtos naturais como frutos, vegetais, cereais, derivados lácteos, carne e peixe, bem como as gorduras e açúcares. Como a própria designação sugere, devem apenas complementar a alimentação diária. Não devem ser ingeridos de forma excessiva e arbitrária, pois podem provocar hipervitaminose com efeitos tóxicos e reacções alérgicas potencialmente graves, particularmente as vitaminas A e B12.

Um suplemento para cada necessidade

No mundo ocidental o consumo de suplementos continua em expansão. milhões de pessoas, induzidas por eficazes e aliciantes campanhas publicitárias, muitas vezes dissimuladas, procuram o "comprimido especial" para aumentar o seu desempenho físico ou mental, melhorar a aparência estética ou apenas obter mais saúde.

A indústria dos suplementos dietéticos para perda de peso gera muito dinheiro. Os estereótipos da sociedade actual baseiam-se num conceito de beleza que descarta todos os que excedam uns quilos na balança ou não tenham um corpo bonito e elegante. Se bem que nem todos os suplementos sejam nocivos para a saúde, a maior parte também não produz os efeitos anunciados através dos folhetos informativos ou publicidade, caso não sejam acompanhados por dieta adequada e prática de exercício físico regular. Entre os mais conhecidos e procurados, sobretudo pelas mulheres, em farmácias, herbanárias ou supermercados, encontram-se:

Os diuréticos que estimulam a função renal, fazendo com que se elimine mais água e resíduos do organismo. O peso que se perde pela ingestão de um diurético não incide directamente na gordura, mas apenas na quantidade de água, posteriormente recuperada através das bebidas ou alimentos. São ideais para quem sofre de retenção de líquidos, mas não produz qualquer efeito em outras pessoas. Não provocam danos directos na saúde, mas podem afectar os níveis hidroelectrolíticos de que resulta desidratação, fraqueza ou mal-estar.

Os inibidores do apetite cujo conteúdo em fibra solúvel e insolúvel visa provocar uma sensação de saciedade que diminua o apetite e obrigue a pessoa a ingerir menos calorias. A utilização excessiva de inibidores pode originar problemas digestivos e comprometer a absorção, não apenas dos nutrientes calóricos, como também das vitaminas e minerais de que o organismo necessita. Por outro lado, pode obter-se a mesma quantidade de fibra através da alimentação, pelo consumo de frutas, vegetais e cereais, sobretudo integrais. É mais eficaz para a saúde e a carteira.

A mesma sugestão é válida para os laxantes cuja função é estimular o trânsito intestinal facilitando a evacuação. Os laxantes são adequados para pessoas com obstipação, que no entanto podem resolver o seu problema através de maior consumo de fibras, em vez de sofrer com as diarreias constantes e imprevisíveis que estes dietéticos podem provocar.

Os substitutos de comida são apresentados sob a forma de batidos, bebidas e barras proteicas com baixo teor calórico. A sua maioria é utilizada para substituir as refeições principais, embora sejam insuficientes para o fazer.

De entre os dietéticos com mais sucesso incluem-se os termogénicos e queimadores de gordura, procurados com o objectivo de acelerar o metabolismo e perder peso, apesar de não haver evidência científica do seu efeito. Alguns contêm cafeína, que pode ajudar na redução da gordura e aumentar o rendimento físico. Outros possuem L-carnitina, que em algumas pessoas parece eliminar gordura, desde que a sua toma seja acompanhada de actividade física regular. Este suplemento pode provocar diarreia e, à semelhança dos laxantes, pode impedir a absorção das vitaminas e nutrientes lipossolúveis, ao mesmo tempo que elimina a gordura.

A procura do "comprimido milagroso" para conseguir o corpo perfeito, obtendo o máximo rendimento físico, é uma prática antiga no mundo dos desportos, sobretudo de alta competição. São cada vez mais os atletas que procuram aumentar o seu desempenho através de suplementos ou que pretendem compensar as perdas ocasionadas pelo esforço físico.

Há no mercado numerosos suplementos destinados a atletas ou praticantes de culturismo com a finalidade de equilibrar macronutrientes ou micronutrientes da dieta. Quando se pretende compensar a falta de vitaminas, o ideal será a ingestão de um suplemento multivitamínico.

No entanto, todos os estudos que analisam a dieta dos desportistas revelam que estes fazem uma utilização intensiva de proteínas, importantes para o incremento muscular, da energia metabólica e das funções imunitárias. Os hidratos de carbono e as gorduras também são necessários para o bom desempenho desportivo, mas as proteínas são a fonte de energia essencial. Como o organismo não consegue armazenar a quantidade de proteínas suficiente e o seu excesso é excretado através da urina, os desportistas são obrigados a ingerir quantidades significativas para manter a energia em níveis adequados ao exercício.

Existem muitos critérios para avaliar a necessidade de suplementação dietética de um atleta, sobretudo nos desportos de alta competição. Para além das necessidades energéticas adequadas a cada atleta e tipo de desporto, a preocupação deve centrar-se na observância e cumprimento das regras estabelecidas pelo Código Mundial Antidopagem em vigor, dada a ténue fronteira existente entre o produto ilícito e o autorizado.

Entre os suplementos proteicos mais procurados pelos atletas está uma proteína derivada do soro do leite, responsável pelo aumento do fluxo sanguíneo para os músculos, aumentando a performance do atleta e a sua recuperação após exercício físico intenso. Esta proteína, conhecida na área do culturismo pela sua denominação inglesa whey, possui um efeito antioxidante e especula-se sobre a sua acção no combate a certos tipos de tumor.

Entre outras proteínas consideradas úteis para os atletas, incluem-se a albumina ou clara de ovo e a proteína de soja (embora esta possa reduzir os níveis de testosterona). A caseína, presente na maior parte das proteínas do leite, possui uma elevada concentração de glutamina. Em combinação com a taurina, este aminoácido é usado pelos praticantes de musculação para desenvolver a massa muscular e melhorar a função imunológica.

À semelhança de outros suplementos e fármacos, a glutamina produz alguns efeitos secundários, sobretudo quando ingerida em doses elevadas, originando vertigens, dores de cabeça, febre, taquicardia, náuseas, flatulência, congestão e aumenta o risco de convulsões, cirrose hepática, problemas renais ou aparecimento da síndrome de Reye.

A creatina, um complexo de aminoácidos cuja função é incrementar a força muscular contribuindo para a formação de ferro, absorção de vitaminas do grupo B, permitindo uma melhor utilização dos nutrientes e de produção de energia, é também muito utilizada nos meios desportivos.

Para reposição dos níveis de hidratos de carbono os atletas recorrem também à maltodextrina, um composto utilizado vulgarmente em batidos após as sessões de treino, que possui um nível glicémico muito elevado.

Há ainda suplementos que visam favorecer o desenvolvimento de certas hormonas, como a testosterona, através da administração da dehidroepiandrosterona (DHEA). Alguns estudos mostram uma eficácia relativa daquela hormona esteróide e que o seu consumo pode provocar mesmo alguns efeitos adversos. Os atletas que consomem este tipo de suplemento, incluído no grupo dos controversos esteróides, correm o risco de mostrar resultados positivos nos testes antidoping, pois nem sempre a rotulagem alerta para o eventual aumento de testosterona ou nandrolona, substâncias interditas pelo Comité Olímpico.

A quantidade de produtos disponíveis, aliada a deficiente controlo e legislação adequada, torna difícil estudar a eficácia e segurança de cada suplemento alimentar. No sentido de minimizar os riscos associados a estes produtos, é conveniente o conselho de um profissional de saúde, sobretudo se a pessoa está a pensar substituir algum tratamento médico pela utilização de suplementos, é portadora de doença crónica, está grávida ou a amamentar ou em vias de se submeter a intervenção cirúrgica. Alguns suplementos aumentam o risco de hemorragia ou interferem com o efeito de anestesia ou analgésico.

Este último aspecto é um factor determinante quando se consome um suplemento, pois este pode interagir com vários medicamentos, mesmo quando administrados sem receita médica. É o caso da erva de São João, contra-indicada nos tratamentos da depressão e pode comprometer a eficácia dos medicamentos utilizados no cancro e na sida. Também pode interferir com os anticonceptivos e imunossupressores. O ginseng, ao diminuir os níveis de açúcar no sangue, é contra-indicado em doentes que utilizam antidiabéticos.

O ginkgo biloba é outro produto que interage com os fármacos que controlam o nível de glicose no sangue, para além de influenciar o efeito de alguns medicamentos da classe dos psicofármacos. Pode ainda aumentar o risco de hemorragia quando ingerido com anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários.

Por outro lado, é importante não tomar doses superiores às indicadas nos rótulos e, caso se observe alguma reacção adversa, comunicá-la ao médico, interrompendo de imediato o consumo.

Embora os fabricantes promovam a ideia de que os seus produtos são de origem "natural", convém realçar que natural nem sempre equivale a inócuo ou sem efeitos nocivos para a saúde. O que a etiqueta daqueles produtos não menciona é que podem estar contaminados com pesticidas, metais pesados, outras ervas e medicamentos que colocam em risco a saúde, conforme alerta a FDA – o organismo norte-americano responsável pela aprovação e entrada no mercado da maioria dos suplementos alimentares.

Dado serem classificados como géneros alimentícios, a comercialização destes produtos não está sujeita ao mesmo rigor normativo existente para os medicamentos. O suplemento entra no mercado como produto alimentar e apenas é retirado quando se demonstra, na prática, não ser inócuo e prejudica a saúde humana.

Entre outras recomendações, a Direção Geral da Saúde aconselha que os suplementos alimentares não devem ser utilizados como substitutos de um regime alimentar variado, devendo a população estar sensibilizada para os efeitos indesejáveis do uso indiscriminado dos suplementos ou fortificação alimentar.

Desde transtornos hepáticos, impotência sexual, queda de cabelo, colesterol elevado, insónia e desequilíbro hormonal até lesões nas articulações, problemas cardíacos, hiperglicemia ou mesmo coma e morte estão entre os efeitos provocados pelo consumo excessivo de suplementos. Estes são alguns dos riscos de quem participa nesta corrida pela procura da "cápsula perfeita" para uma cura milagrosa, no combate aos sinais do envelhecimento ou apenas em esculpir o corpo ideal.

A recomendação aos potenciais consumidores de suplementos alimentares vai sempre no sentido de ingerir alimentos naturais ricos em vitaminas, proteínas e fibras, em vez de cápsulas. Afinal o segredo da eterna juventude pode não encontrar-se nas "pastilhas milagrosas" dos suplementos, mas na despensa ou frigorífico.

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