A alimentação é o processo pelo qual os organismos obtêm e assimilam alimentos ou nutrientes para desempenho das suas funções vitais, incluindo o crescimento, movimento, reprodução e manutenção da temperatura corporal, sendo muito provavelmente o tema que mais vezes foi e é alvo de mitos e crenças, alguns perdurando há séculos, pois todos comemos e todos sabemos que, de alguma forma, somos o que comemos, como já no século V a.C. Hipócrates proferia e se mantém atual.
Mais do que sobrevivência, a alimentação tem-se mostrado um vetor cultural importante, sendo por isso natural que ao longo de milénios de experimentação alimentar, busca de alimentos e sua preparação se confundam com a própria história da civilização, que vai desde aspetos cruciais como o domínio do fogo, o uso do frio, a seleção de sementes e animais, muitas vezes misturando a necessidade com o resgate de caraterísticas culturais.
Daí que as histórias do homem e da alimentação se confundam, sendo que os rituais da partilha de alimentos são práticas caraterísticas de nossa espécie desde os tempos do caçador-recolector, em particular a partir do domínio do fogo dando origem à cozinha e possibilitando o processo de passagem da condição biológica do Homem para a social.
Devido à compilação desses conjuntos de processos foram sendo criados ao longo de milénios, procedimentos, rituais e mitos alimentares que em boa medida chegaram até aos nossos dias e dos quais aqui iremos dar alguns exemplos.
Banhos depois de uma refeição fazem mal – Trata-se de um mito, baseado em crença muito antiga de que se pode morrer por paragem de digestão ou congestão. Há no entanto que ter cuidado nalgumas situações uma vez que o processo digestivo requer maior quantidade de sangue direcionado ao estômago e restante tubo digestivo, daí que se desaconselhem mudanças térmicas bruscas, como por exemplo entrar de rompante em água fria que pode causar um choque térmico e causar paragem de digestão e, em caso extremo, desmaio por choque térmico, esse sim, responsável pela morte, sendo por isso aconselhável tomar refeições leves cuja digestão é muito mais rápida e entrar na água devagar.
Exercício aumenta o apetite – É falsa a afirmação, pois não existem evidências de que o exercício físico aumente a ingestão de calorias ao longo do dia pelo facto de sentir mais fome. Pelo contrário, a seguir à prática de exercício físico tendemos a sentir menos apetite, resultado do aumento de produção de hormonas, de entre as quais a peptina, uma hormona anorexinogénica reguladora do apetite. Além disso, a inibição do apetite ocorre apenas durante um curto espaço de tempo após o exercício.
Consumo de cenoura ajuda a bronzear – É uma realidade. A cenoura é um superalimento no que respeita à concentração de betacaroteno, uma provitamina antioxidante que protege a pele dos raios UV e ajuda a ficar com um bronzeado natural atraente e duradouro. Os betacarotenos também podem ser encontrados sobretudo nos vegetais de folha verde-escura como espinafres, agrião, grelos, couves e bróculos, bem como em frutas e legumes de cor alaranjada, mas a maior concentração destes pigmentos é observada na cenoura.
Metabolismo fica mais lento com a idade – É um dos maiores mitos da nutrição e dos mais arreigados na sociedade. Na realidade, nenhum dos muitos estudos feitos até à data, no sentido de testar a hipótese de que o metabolismo se torna mais lento com o avançar da idade, demonstra que assim seja. Acredita-se sim, que o facto de sentirmos mais facilidade em engordar e maior dificuldade em perder peso à medida que envelhecemos, se fica a dever, essencialmente, à diminuição geral da atividade.
Menor atividade pressupõe menos músculo e mais gordura, mesmo que o peso corporal se mantenha, pois o músculo gasta mais calorias em repouso do que a gordura. Daí que, com um treino adequado e menores níveis de sedentarismo, é possível aumentar o metabolismo, queimar efetivamente mais calorias ao longo do dia e manter ou mesmo aumentar a massa muscular.
Intolerantes à lactose não podem beber leite – Trata-se de mais um mito. Algumas pessoas intolerantes à lactose podem consumir leite com ou sem lactose, ainda que em alguns casos, em quantidades reduzidas. A intolerância à lactose refere-se à ausência ou diminuição da capacidade de digerir o açúcar-lactose, naturalmente existente no leite, devido à inexistência ou baixos níveis de produção da enzima lactase. É um erro comum assumir que as pessoas intolerantes à lactose devem excluir de sua dieta todos os derivados do leite, porém não têm de o fazer, pois alimentos como o iogurte e o queijo, por exemplo, têm naturalmente baixos teores de lactose, dado que a sua produção implica fermentação bacteriana utilizando a lactose, degradando-a e produzindo ácido láctico, reduzindo assim o seu teor no alimento.
O limão faz mal ao fígado – Embora bastante enraizada na nossa cultura a ideia de que o limão e os citrinos em geral podem fazer mal ao fígado quando consumidos com frequência, pelo contrário, não só não fazem mal como podem protegê-lo. O fígado é um dos mais importantes órgãos do corpo, responsável por importantes funções como a produção de bílis, essencial para a desintoxicação do sangue, armazenamento do ferro, vitaminas e açúcar, entre outras. A acidez do limão, ao estimular a produção de suco digestivo no estômago, favorece a decomposição dos alimentos, facilitando a assim a tarefa do fígado, além de o proteger do efeito nefasto de algumas substâncias tóxicas. É por isso um erro considerar que o limão ou os citrinos em geral fazem mal ao fígado.
Por isso, apesar do acesso facilitado e quase instantâneo à informação a cada momento, nem todas as informações são fiáveis e baseadas em factos científicos, pelo que ainda persistem muitos dos mitos criados ao longo de séculos que urge eliminar ou corrigir a fim de criarmos uma nova geração de amanhã mais saudável.
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