EXPOSIÇÃO SOLAR E O CANCRO DA PELE

EXPOSIÇÃO SOLAR E O CANCRO DA PELE

DOENÇAS E TRATAMENTOS

  Tupam Editores

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A chegada do Verão convida a longos passeios, à prática de desporto ao ar livre, à jardinagem e a desfrutar do sol na praia e nesta área não podemos esquecer que as exigências do mundo da moda incluem corpos magros, bem definidos e de preferência, bastante bronzeados.

A exposição solar, embora benéfica como auxiliar na produção de vitamina D e na fixação do cálcio no organismo, tem também sérias implicações para a nossa saúde, quando em exagero.

Do envelhecimento precoce ao cancro da pele, o Sol pode passar rapidamente de aliado a agressor, principalmente hoje em dia pois o buraco na camada de ozono potencia a acção dos raios solares mais perigosos. As alternativas ao Sol, como o bronzeamento artificial ou solário e os cremes autobronzeadores despontam no mercado da medicina estética, como opções que devem ser analisadas com algum critério, mesmo que a promessa de conseguir aquela cor bonita do Verão seja atraente.

A pele é o maior órgão do corpo humano, correspondendo a 16% do peso corporal e que exerce diversas funções como a regulação térmica, a defesa orgânica, o controle do fluxo sanguíneo e a protecção contra vários agentes do meio ambiente, além de funções sensoriais. É formada por três camadas – a epiderme, a derme e a hipoderme –, todas elas sensíveis aos raios ultra-violeta.

Os raios ultra-violeta (UV) que fazem parte da luz solar, ao penetrarem profundamente na pele, desencadeiam reacções como as queimaduras solares, as fotoalergias e o bronzeamento, além de poderem provocar outras reacções retardadas, devidos à acumulação de radiação durante a vida, causando o envelhecimento cutâneo e alterações celulares que, através de mutações genéticas podem predispor para o desenvolvimento do cancro da pele.

O cancro da pele é o tipo de cancro mais frequente nos indivíduos de raça branca (caucasiana), sendo a exposição excessiva ao sol considerada a causa mais frequente deste cancro (cerca de 90% dos casos).

Existem três tipos essenciais de cancro da pele:
• Basalioma ou Carcinoma Baso-celular
• Carcinoma Espino-celular ou Pavimento celular
• Melanoma Maligno.

O Basalioma é o tipo de cancro cutâneo mais vulgar. Tendo origem nas células da camada basal da epiderme, atinge principalmente indivíduos de pele clara que estão constantemente expostos ao sol, como por exemplo os trabalhadores rurais, os pescadores e os trabalhadores da construção civil.

Localiza-se preferencialmente nas áreas do corpo mais expostas ao sol, como a face, o pescoço e o dorso e é um tumor apenas localmente invasivo, com tendência para recidivar, mas que provoca lesões a longo prazo (metástases).

O tratamento, na fase inicial, é muito simples (cirurgia, criocirurgia, laser) e resulta quase sempre na cura do tumor (taxas de cura superiores a 95%), mas no entanto, se for deixado evoluir sem tratamento pode tornar-se muito agressivo.

O Carcinoma Espinocelular é o segundo tipo de cancro da pele mais frequente. Com origem nas células das camadas intermédias do epitélio pavimentoso estratificado que forma a epiderme, atinge igualmente os grupos profissionais que estão cronicamente expostos ao sol, mas de grupos etários superiores aos que contraem Basalioma. É o cancro que atinge as pessoas idosas com a pele muito envelhecida pelo sol e surge também nas áreas do corpo mais expostas (face, pescoço, dorso das mãos e pernas) e quase sempre sobre lesões precursoras pré-existentes (pré-cancerosas).

Na maior parte dos casos surge sobre as chamadas queratoses solares, ou actínicas; mas também pode formar-se a partir de cicatrizes viciosas pós-queimadura, úlceras e fistulas crónicas, ou em pessoas que estiveram muito tempo em contacto com agentes carcinogénicos como por exemplo o tabaco, raios x, arsénico ou alcatrão e seus derivados.

Este tipo de tumor é mais agressivo e de crescimento mais rápido que o Basalioma e além de ser localmente invasivo, pode dar origem a metástases a longo prazo, que podem invadir órgãos vitais e consequentemente provocar a morte, mas se diagnosticado e tratado a tempo tem elevadas probabilidades de cura.

E por último o cancro da pele mais perigoso e um dos tumores malignos mais agressivos da espécie humana – o Melanoma. Forma-se a partir dos melanócitos da epiderme, células responsáveis pelo fabrico do pigmento natural (melanina) que dá a cor bronzeada à pele e atinge grupos etários mais jovens que os atrás mencionados.

Este tumor, ao contrário dos anteriores, não está relacionado com uma exposição crónica ao sol. O melanoma maligno parece estar mais associado à exposição solar intermitente, directa e intempestiva, muitas vezes acompanhada de queimaduras solares, os conhecidos "escaldões".

Pode surgir sobre pele aparentemente sã, em qualquer parte do corpo, ou sobre sinais pré-existentes (nevos pigmentados). As pessoas mais afectadas são as de pele clara, com cabelo ruivo ou loiro, olhos azuis ou esverdeados, dificuldade em bronzear, tendência para formar sardas e com muitos sinais de cor castanho escuro espalhados pelo corpo.

O aspecto inicial do melanoma é variado, mas caracteriza-se habitualmente pelo aparecimento de um pequeno nódulo ou mancha, de cor negra de alcatrão, sobre uma pele aparentemente sã ou sobre um sinal pré-existente. Tem uma fase precoce de crescimento superficial (fase de crescimento horizontal) que pode durar meses, ou até anos, e uma fase mais tardia de crescimento em profundidade (fase de crescimento vertical).

O tratamento é quase sempre cirúrgico, e quando efectuado nas fases iniciais, em que o tumor ainda é muito fino (espessura inferior a 0,5 mm), a taxa de cura é elevada. No entanto, quando o tumor já é muito espesso (espessura superior a 4 mm) as probabilidades de cura ficam drasticamente reduzidas, existindo o risco eminente de metastização à distância. Mais uma vez se salienta que nestes casos o diagnóstico precoce é fundamental.

Além dos tumores atrás referidos existe uma grande variedade de outros tumores cutâneos malignos, muito menos frequentes, e cuja origem não parece estar relacionada com a exposição solar, como por exemplo os linfomas cutâneos e o sarcoma de Kaposi.

Os linfomas cutâneos são neo-plasias do sistema linfático que se manifestam originalmente ao nível da pele e cuja causa ainda é desconhecida. Existem duas formas essenciais: os Linfomas Cutâneos de Células-T e os Linfomas Cutâneos de Células-B. O tratamento varia consoante o estádio mais ou menos avançado em que se encontra a doença, incluindo habitualmente a fotoquimioterapia (exposição aos raios ultra-violeta após ingestão de um medicamento fotosensibilizante), a imunoterapia com interferão, a radioterapia e a quimioterapia.

O Sarcoma de Kaposi é uma neoplasia que atinge inicialmente a pele e mucosas, sob a forma de múltiplas manchas e nódulos de cor vermelha violácea. Até há pouco tempo era uma doença relativamente rara, que atingia sobretudo os membros inferiores dos homens a partir dos 50 anos, e se circunscrevia aos países da bacia mediterrânea e a África, onde existe de forma endémica.

Com o aparecimento da SIDA, a sua incidência aumentou de forma exponencial precisamente por eclodir com grande frequência nestes doentes e, enquanto que na forma clássica a evolução da doença é de progressão relativamente lenta e de bom prognóstico, na forma associada à SIDA a evolução é muito mais rápida e agressiva. As lesões, quando adequadamente circunscritas, cedem bem à radioterapia, mas nas formas avançadas é necessário recorrer à quimioterapia.

Assim, é de primordial importância para a nossa saúde conhecermos o nosso tipo de pele, considerar a nossa faixa etária, utilizar bons e adequados protectores solares e respeitar os horários de exposição solar, entre outras medidas de prevenção.

Nunca é demais lembrar que existem também alguns medicamentos que podem alterar a composição química da pele aumentando a sua sensibilidade ao sol. Alguns diuréticos, tranquilizantes e mesmo alguns antibióticos podem também desencadear erupções cutâneas ou outras reacções alérgicas.

É importante perceber, acima de tudo, que dos três tipos de radiações solares ultra-violeta conhecidos (UVA, UVB e UVC), há dois em particular que atingem a superfície da Terra (UVA e UVB), cuja acção deveremos entender e dos quais nos deveremos proteger de forma adequada.

A radiação UVA – cujo comprimento de onda se situa nos 315-400 nm – penetra mais profundamente na pele que os UVB, provocando a pigmentação cutânea, efeito esse que apresenta 2 componentes; pigmentação imediata (IPD), que ocorre poucas horas após a exposição e a pigmentação retardada (PPD), evidente alguns dias mais tarde. O seu potencial eritematogénico (capacidade de provocar queimaduras solares) é no entanto reduzido (cerca de 1000 vezes inferior ao dos UVB). Esta radiação é habitualmente relacionada com a carcinogénese.

A radiação UVB – com comprimentos de onda entre os 280-315 nm – promove a biossíntese de vitamina D, e é responsável, quando há exposição excessiva, pelo eritema (rubor), queimadura solar e, a longo prazo pelo fotoenvelhecimento cutâneo (conjuntamente com os UVA). Esta radiação é comumente relacionada com o desenvolvimento de melanomas.

As radiações UVC – com comprimentos de onda entre os 100-280nm – raramente atingem a superfície terrestre, sendo absorvidas pela camada de ozono que envolve a Terra e pelo oxigénio. A sua acção é extremamente danosa para a pele e a recente descoberta de "buracos na camada de ozono", deve preocupar a comunidade científica e o cidadão comum.

Relativamente à radiação UVA é urgente chamar a atenção, também, para as chamadas "camas bronzeadoras", ou solários, que de acordo com os especialistas em Dermatologia, são um risco e devem ser evitados. Também a DECO – Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores, através de recente estudo, alerta para o facto de existirem graves falhas na utilização dos solários.

Além de alguns profissionais não aconselharem devidamente os utentes, também não os alertam para os perigos de uma exposição prolongada nestas "camas bronzeadoras". Esta exposição às radiações deveria ser determinada pelo tipo de pele de cada utente, e as indicações fornecidas pelos profissionais deveriam basear-se num estudo prévio do estado de saúde dos utilizadores.

Estes centros de bronzeamento artificial aceleram o envelhecimento da pele e o desenvolvimento de células cancerígenas, e por estas razões os utilizadores devem ser informados dos perigos que correm ao expôr-se às radiações, através de um panfleto afixado em local bem visível, nestes estabelecimentos.

Dada a sua especificidade e os riscos para a saúde e segurança dos consumidores, a actividade dos solários carecia de regulamentação, o que veio a ser suprido com a aprovação do Decreto-Lei nº 205/2005 de 28 de Novembro.

Este diploma veio fixar os limites de radiações ultra-violeta a que os consumidores podem ser sujeitos e a obrigatoriedade de fornecimento aos mesmos de óculos de protecção. Proíbe-se também a prestação de serviços de bronzeamento a menores de 18 anos, grávidas e a pessoas que apresentem sinais de insolação. Os consumidores que pela primeira vez se submetem àquelas radiações, devem assinar uma declaração de consentimento. Além disso, os solários devem possuir uma ficha pessoal de cada cliente, que regista o fotótipo de pele e o programa de exposição recomendado. Por sua vez, a publicidade aos solários deve ser acompanhada de uma menção que alerte para os perigos do bronzeamento artificial.

Em Portugal surgem anualmente dez mil novos casos de cancro de pele e 800 casos de melanoma, números revelados pelo Dr. Osvaldo Correia, responsável da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), aquando da sua participação no 9º Congresso Nacional de Dermatologia e Venereologia, que decorreu recentemente no Porto.

O conselho que fica é a Prevenção! Assim, no Verão que se aproxima, opte por uma exposição solar lenta e progressiva.

Hoje em dia existe no mercado uma grande variedade de substâncias e produtos que possuem a propriedade de absorver os raios ultra-violeta prejudiciais, sob as mais diversas apresentações: cremes, óleos ou leites.

Os protectores solares possuem um índice de protecção que indica o suplemento de protecção fornecido em relação à protecção ao natural, ou seja, permitem uma exposição ao sol, sem consequências indesejáveis. Cabe a cada pessoa, de acordo com o seu tipo e sensibilidade de pele, optar pelo índice de protecção adequado.

Mas atenção porque nenhum destes produtos garante protecção solar a 100%, conseguindo apenas prevenir as queimaduras solares, não o risco de cancro cutâneo ou o enfraquecimento do sistema imunitário.

A Comissão Europeia salienta que os consumidores são muitas vezes enganados pela rotulagem dos produtos, principalmente no que diz respeito aos dois tipos de radiações perigosas.

Face a isto, pretende que já a partir de 2007, a indústria aplique aos protectores solares um sistema de rotulagem normalizado, e que sejam retiradas as indicações que sugiram uma protecção total – como "ecrã total", dado que a informação é enganosa – devendo o grau de protecção contra as radiações UVA passar a ser indicado de modo uniforme. Até que estas alterações nos rótulos sejam aplicadas, o conselho aos consumidores é que escolham protectores conta radiações UVA e UVB adequados ao seu tipo de pele e evitem exposições prolongadas nas horas de maior intensidade solar medidas que devem ser complementadas com o uso de chapéu, "t-shirts" e óculos de sol.

Os cuidados com as crianças devem ser redobrados, devendo evitar expô-las totalmente à luz solar directa, principalmente entre as 12:00h e as 16:00h. Fazê-las ingerir líquidos frequentemente, de modo a prevenir a desidratação da pele e convencê-las a comer alimentos leves, tais como fruta e legumes, que são ricos em betacaroteno e em vitaminas e também protegem a pele contra os raios solares. Não as deixe adormecer ao sol.

Tenha em atenção que uma queimadura solar na infância duplica o risco de mais tarde poder vir a desenvolver um cancro de pele.

O protector solar não deve nunca servir de pretexto para permanecer mais tempo ao sol e a sua utilização deve ser repetida ao longo do dia, para uma protecção mais eficaz. Devem aproveitar-se os benefícios do sol com toda a segurança.

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Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
28 de Novembro de 2024

Mais Sobre:
PELE LINFOMA TUMOR VITAMINA

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