PERCEÇÕES SOBRE A VACINAÇÃO - 94 por cento acredita ter as vacinas em dia. Será que é assim?

PERCEÇÕES SOBRE A VACINAÇÃO - 94 por cento acredita ter as vacinas em dia. Será que é assim?

SOCIEDADE E SAÚDE

  Tupam Editores

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Por ocasião da Semana Europeia de Vacinação, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), evento que teve lugar entre os dias 24 a 30 de abril, a coordenadora do Programa Nacional de Vacinação (PNV), Teresa Fernandes veio realçar a importância de promover a vacinação, numa altura em que, segundo dados da OMS, se assiste a uma escalada no aumento dos casos de sarampo em todo o mundo.

Segundo a OMS as vacinas evitaram pelo menos 10 milhões de mortes entre 2010 e 2015, e protegeram muitos milhões de pessoas de doenças como o sarampo, a pneumonia ou a tosse convulsa.

O ambicioso Plano de Ação Global de Vacinas, que tem como o objetivo melhorar o acesso às vacinas em todas as regiões do mundo e, por essa via, prevenir milhões de mortes até 2020, teve um início auspicioso, mas tem vindo lentamente a perder fôlego, relembrando que a vacinação é um dos meios mais baratos e eficazes de prevenir doenças infeciosas graves.

Refere ainda aquela entidade que as vacinas têm sido uma sucessão de êxitos em todo o mundo, constituindo uma das histórias de maior sucesso da medicina moderna, salientando ainda que programas de imunização bem-sucedidos também permitem que as prioridades nacionais como a educação e o desenvolvimento económico, se concretizem.

Ainda no âmbito daquela celebração, a Direção-Geral da Saúde (DGS), veio a público anunciar a criação de uma rede de municípios denominada “Embaixadores da Vacinação” com o objetivo de “promover a cobertura universal da vacinação num mundo de desafios globais”, e reforçar a mensagem de que as vacinas são um direito, um dever e um ato de solidariedade na defesa da saúde individual e pública.

Segundo a DGS trata-se de uma “iniciativa pioneira” visando articular e otimizar a colaboração dos municípios na promoção da literacia para a vacinação a implementar como “modelo piloto” na Àrea Metropolitana de Lisboa, através da assinatura de uma carta de compromisso.

Também no âmbito da Semana Europeia de Vacinação, a UNICEF veio a público revelar que cerca de 169 milhões de crianças não receberam a primeira dose da vacina, entre 2010 e 2017, o que equivale a uma média anual de 21,1 milhões de crianças, referindo ainda que só em 2017, cerca de 110 mil pessoas, na sua maioria crianças, morreram de sarampo, o que representa um acréscimo de 22 por cento relativamente ao ano anterior.

Entre nós, várias outras entidades se associaram à OMS e à Vaccinnes Europe para reforçar notoriedade e fortalecer a percepção da importância e dos benefícios da vacinação, designadamente a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA), que sob o mote “Prevenir, Proteger, Vacinar”, visa homenagear todos os que contribuem para proteger vidas através da vacinação: os investigadores que desenvolvem vacinas eficazes e seguras, as autoridades que contribuem para um acesso equitativo à vacinação, os profissionais de saúde que administram as vacinas, os pais que optam por vacinar os seus filhos, e todos os que partilham informações baseadas na evidência científica sobre vacinas.

Perceção e realidade

Pela sua importância e atualidade, damos aqui destaque a um inquérito levado a cabo pelo Movimento Doentes Pela Vacinação (MOVA), que tal como as iniciativas levadas a cabo por outras entidades, se enquadrou na Semana Europeia da Vacinação (European Immunization Week) e que constitui um retrato da realidade no nosso país, onde segundo afirmam “a pneumonia mata, em média, 23 pessoas por dia, nos hospitais portugueses”.

Este movimento foi fundado em 26 de abril de 2017, no âmbito da Semana Europeia da Vacinação, pela associação RESPIRA, com o apoio da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP) e do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (GRESP), tendo por objetivo reverter a falta de informação ou de prescrição, relativa às taxas de imunização na idade adulta.

Consciente das baixas taxas de vacinação na idade adulta, o MOVA, criado com o “propósito de divulgar recomendações, estatutos e direitos, e sensibilizar a população, profissionais de saúde e governantes para a importância da vacinação” realizou um inquérito para avaliar as perceções da comunidade sobre vacinação e a sua importância ao longo da vida, tendo sido divulgado no decurso das celebrações deste ano da Semana Europeia da Vacinação sob o tema “heróis da vacinação”.

– 94,3% dos inquiridos acredita ter as suas vacinas em dia e 89,1% considera-as fundamentais na prevenção de doenças graves.

– 87,4% das pessoas afirmou saber para que doenças deve estar vacinado na sua idade apesar de, nas idas ao médico, apenas 48% falar sobre vacinação.

– Entre os inquiridos pertencentes ao grupo com risco acrescido de contrair Pneumonia, apenas 44,62% tinha sido aconselhado a vacinar-se contra a doença.

Pneumonia e Raiva no fundo da tabela das doenças para as quais os inquiridos sabem haver vacina.

«A vacinação deve ser uma preocupação de todos, e deve estar presente em todas as fases das nossas vidas», explicou Isabel Saraiva, fundadora do MOVA, vice-presidente da Respira e presidente da Fundação Europeia do Pulmão. «Para ajustarmos as ações do MOVA às necessidades da população, propusemo-nos a avaliar as perceções da comunidade sobre vacinação, através de um inquérito aos nossos seguidores e seus contactos. Os resultados falam por si: começamos, como comunidade, a ter uma boa consciência da importância da vacinação, não só nos mais novos, mas em todas as faixas etárias. Continua a haver, no entanto, algum desconhecimento entre quem devia estar mais informado, no caso, os grupos em maior risco».

Entre os inquiridos mais vulneráveis à Pneumonia (quem sofre de doenças crónicas como diabetes, asma, DPOC, doença respiratória crónica, doença cardíaca, doença hepática crónica, é doente renal ou portador de VIH ou tem mais de 65 anos), apenas 44,62 por cento tinha sido aconselhado pelo seu médico a vacinar-se contra a doença. 55,38 por cento, apesar de ter maior probabilidade de a contrair, não tinha sido aconselhado. Isto apesar de, do total dos inquiridos, 94,3 por cento das pessoas acreditar ter as suas vacinas em dia, e de existir, desde 2015, uma Norma da Direção Geral da Saúde (011/2015) que recomenda a vacinação de grupos de adultos com risco acrescido de contrair doença invasiva pneumocócica (DIP).

Dados que casam com os resultados apurados quando foi solicitado que os inquiridos selecionassem as patologias para as quais sabiam haver vacina. A Pneumonia ficou na última posição. A Gripe foi a que mais se destacou (98,6 por cento), seguida do Tétano (97,3 por cento). Bastante mediáticos, o Sarampo registou 94,7 por cento, a Meningite 91,1 por cento, e o HPV 90,3 por cento. Varicela (84,6 por cento), Hepatite (82,1 por cento), Poliomielite (81,4 por cento) ocuparam as posições seguintes. A lista fechou com a Raiva (69,3 por cento) e com a Pneumonia (66,9 por cento).

Vacinas são fundamentais para 89,1 por cento

Para 89,1 por cento dos inquiridos, as vacinas são fundamentais na prevenção de doenças graves. 8,5 por cento considerou-as importantes e 2 por cento úteis. Boas notícias: apenas 0,5 por cento as classificou como dispensáveis.

94,3 por cento dos inquiridos acredita ter as suas vacinas em dia e 87,4 por cento afirmou saber para que doenças deve estar vacinado na sua idade. Isto apesar de, nas idas ao médico, apenas 48 por cento falar sobre vacinação. Esta discrepância pode explicar-se pela existência de outras importantes e fidedignas fontes de conhecimento e aconselhamento, como os profissionais de saúde.

A partir da adolescência, 16,3 por cento dos adultos inquiridos afirma não lhe ter sido recomendada qualquer vacina. Números em linha com o que acontece com os inquiridos com filhos a partir dos 10 anos: entre os inquiridos com filhos com mais de 10 anos, 88,95 por cento já tinha sido aconselhado a fazer reforço vacinal. 9,39 por cento referiu que não e 1,66 por cento não sabia.

Dos inquiridos com mais de 65 anos, 58 por cento afirmou vacinar-se todos os anos contra a Gripe. 19,81 por cento fá-lo de forma pontual e 21,62 por cento referiu nunca o ter feito.

96,5 por cento considera que a vacinação deve ser uma preocupação ao longo da vida mas, quando questionados sobre que faixas etárias se devem vacinar, apenas 87 por cento selecionou todas as opções: bebés, crianças, adolescentes, jovens adultos, adultos e idosos. Uma percentagem alta mas, ainda assim, com margem para melhorar.

A vacinação ao longo da vida é uma das bandeiras do MOVA. Fundado há dois anos pela Respira, durante a Semana Europeia da Vacinação, com o apoio da Fundação Portuguesa do Pulmão e do GRESP, e no seguimento de entradas de referência como a Liga Portuguesa Contra a Sida, a Associação Portuguesa de Asmáticos e a Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, o MOVA deu, recentemente as boas-vindas à FPAD – Federação Portuguesa de Associações de Pessoas com Diabetes.

«Somos, neste momento, compostos por sete entidades. Todas distintas nas patologias e nas causas que defendem, mas todas unidas num objetivo comum: a promoção dos direitos dos doentes», explicou Isabel Saraiva, vice-Presidente da Respira e fundadora do MOVA. «No caso da vacinação antipneumocócica, causa que originou o nosso Movimento, todas as associações de doentes representam grupos de risco, e todas têm indicação para a fazer», concluiu.

Através de um campanha composta por pequenos vídeos de sensibilização para a importância da vacinação, promovida ao longo da Semana Europeia da Vacinação 2019, foram divulgadas as entidades envolvidas no inquérito que puderam ser conhecidas através da página Facebook do MOVA, bem como nas páginas individuais das associações envolvidas.


Ficha Técnica: Nome do Inquérito; MOVA | Perceções sobre Vacinação; 661 respostas recolhidas entre 25.03.2019 e 16.04.2019; Pessoas residentes em Portugal com mais de 18 anos; fonte primária de contacto | Página de FB MOVA

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

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