Quando nos interrogamos sobre o que é afinal o sono e porque é essencial ao nosso equilíbrio e bem-estar, temos alguma dificuldade em encontrar uma resposta, mesmo tendo acesso a todos os dados científicos hoje à nossa disposição, que explicam os nossos hábitos e práticas.
Sabemos sim, como se manifesta, como a nossa consciência se altera, como as nossas capacidades sensitivas são inibidas, como a nossa atividade muscular é reduzida, como a temperatura do nosso corpo baixa e como existem várias fases de sono durante o período em que dormimos. Porém, continua a ser difícil definir o sono, tema que ainda é alvo de intenso debate entre a comunidade científica atual, nomeadamente quanto ao propósito e à sua prevalência ao longo da evolução animal.
Comummente, é explicado como sendo um estado recorrente de consciência, que é complementar ao estado de vigília e que regra geral ocorre em padrões relacionados com as horas de luz solar e que tem por finalidade permitir ao organismo a realização de uma série de funções mais difíceis de processar enquanto o corpo se mantém ativo.
O descanso físico e mental periódico, realizado durante o sono, é uma necessidade elementar do organismo, que permite aos seres humanos relaxar e recuperar as energias físicas e anímicas que consomem enquanto despertos. Os estádios do bocejo, sono profundo e sonho, caraterísticas igualmente observadas em outros vertebrados, cada qual com suas caraterísticas neuronais, duração e funções, em geral, repetem-se sucessivamente entre quatro e seis ciclos numa noite normal.
Já durante o sono, existem duas fases distintas que seguem um ciclo de sono lento, designado por NREM (Non Rapid Eye Movement) e REM (Rapid Eye Movement), que se repetem a cada 90 minutos aproximadamente. Embora o conhecimento sobre o processo ainda seja reduzido, sabe-se que durante o sono ocorrem principalmente dois eventos de enorme importância, o restauro e processamento da memória.
Enquanto o restauro afeta todos os órgãos do nosso corpo, o processamento da memória é o elemento fulcral de uma complexa rede de neurónios que contribuem para a formação da memória e que passa por três fases distintas, a memorização ou construção, o armazenamento e a lembrança, que afetam o nosso cérebro e nos torna naquilo que somos. São as memórias que nos ajudam a compreender o mundo e a moldar a nossa visão, não só naquilo que lembramos, mas também no que queremos esquecer.
No processo de restauro da memória, as células do nosso corpo, estruturas musculares e até o tecido ósseo, estão constantemente a reconstruir-se, motivo pelo qual esta regeneração é associada ao sono, durante o qual a o nosso organismo desacelera consideravelmente, a temperatura corporal baixa e a nossa capacidade para gerar oxigénio reativo fica reduzida, o que ajuda organismo a regenerar-se mais rapidamente e a recuperar a saúde.
Esta é a razão por que ao sermos privados de um sono repousante, rápida e inesperadamente ficamos com os músculos e a estrutura óssea enfraquecidos além de vermos afetadas outras estruturas físicas e sensoriais do organismo. Daí que o repouso proporcionado por uma noite bem dormida é uma necessidade imperiosa e não uma opção, sendo por isso essencial que consigamos parar as atividades normais do dia-a-dia para relaxar.
Assim como a prática regular de exercício físico e uma alimentação saudável, também dormir bem é fundamental para uma boa qualidade de vida. A privação de sono causa stresse, mau-humor e ansiedade, aumentam a possibilidade de engordar e acelera o envelhecimento. Os investigadores dizem-nos que bastam três noites consecutivas mal dormidas para que surjam os primeiros sinais de resistência à insulina, condição que pode evoluir para a diabetes.
Ao mesmo tempo, o corpo aumenta a produção de grelina, uma hormona estimulante do apetite que pode conduzir à obesidade, além de também aumentar a produção de radicais livres, as moléculas que degradam as células, provocando o envelhecimento precoce.
As pessoas atreitas a insónias têm dificuldade em proporcionar a si mesmas, períodos de relaxamento adequado, colocando assim em risco de forma preocupante todo o seu equilíbrio químico e emocional, causando elevados níveis de stresse no indivíduo, dado que elas impossibilitam que este refaça o seu equilíbrio.
Na maior parte dos casos, o stress deriva de longos ou extenuantes períodos de esforço físico ou intelectual, não compensados com o necessário descanso, que reponha o equilíbrio do organismo, sabendo-se que um dos sintomas é a insónia e percebendo-se um efeito em cadeia, isto é, a insónia produz o stress que por sua vez produz a insónia.
Trata-se de uma situação que pode gerar consequências muito graves para a saúde física e mental das pessoas, sendo por isso necessário que aprendamos a respeitar os períodos de descanso de que o nosso corpo necessita para a sua regeneração e equilíbrio.
A fim de ajudar a encontrar algumas técnicas para melhorar o descanso, deixamos aqui algumas dicas. Se habitualmente tem dificuldade em adormecer à noite, evite dormir durante o dia; adie as suas preocupações e planos para mais tarde; desenvolva rotinas horárias regulares para se deitar; não se deite sem ter comido algo leve ou após excessos; não fume, beba com moderação e evite estimulantes; procure qualidade e não quantidade. Além disso, pratique relaxamento muscular, evite ler ou trabalhar na cama e tente criar um ambiente agradável para descansar.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.
Segundo a OMS, a obesidade consiste numa acumulação excessiva de gordura que surge quando há um desequilíbrio entre o volume de calorias consumidas e as calorias gastas.
A perda muscular nos seres humanos, mais conhecida entre os profissionais de saúde por sarcopenia, é considerada uma condição associada ao envelhecimento e à inatividade.
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