
CÃIBRAS MUSCULARES, CONHEÇA O FENÓMENO
DOENÇAS E TRATAMENTOS
Tupam Editores
Extremamente comuns e na maioria das vezes inofensivas, as cãibras podem acontecer quando menos se espera e atingir pés, panturrilhas, pernas (mais comuns), barriga, mãos, braços e costas. São contrações involuntárias súbitas, prolongadas e dolorosas de um músculo ou grupo muscular, que ocorrem em espasmos, tornando visíveis os músculos e tendões rígidos, contraídos.
Mesmo sendo inofensivas, podem impossibilitar a utilização dos músculos afetados. Quanto às causas, a principal é, sem dúvida, o esforço intenso, geralmente relacionado com a prática desportiva ou a atividades profissionais. Mas o uso excessivo de um determinado músculo, a desidratação, as baixas temperaturas, a má circulação, a carência de sais minerais na dieta (por exemplo, potássio, cálcio ou magnésio), a tensão muscular ou simplesmente manter a mesma posição por um período prolongado de tempo também podem resultar numa cãibra muscular.
A condição pode estar ainda associada a doenças sistémicas, pelo que merece atenção. Em muitos casos, certas condições médicas que envolvem diabetes, anemia, insuficiência renal, doenças da tiroide, degenerações neurológicas, desequilíbrios hormonais e gravidez podem ajudar a desenvolver episódios dolorosos de cãibras.

Os medicamentos que utilizamos são passíveis de efeitos colaterais, e também podem contribuir significativamente para o surgimento de cãibras, podendo-as precipitar por vários mecanismos. São, com frequência, medicamentos que expõem a transtornos hidroeletrolíticos ou com toxicidade a nível muscular.
Medicamentos como albuterol/ipratrópio, clonazepam, gabapentina, naproxeno, pregabalina, zolpidem, estrogénios conjugados, diuréticos e estatinas podem favorecer o surgimento de cãibras nas pernas. Além destes medicamentos a amoxicilina, bromocriptina, bupropiona, celecoxib, cetirizina, cinacalcet, ciprofloxacina, citalopram, donepezil, fluoxetina, lansoprazol, levotiroxina, metformina, nifedipina, rivastigmina, sertralina, telmisartan, entre outros, também podem ser responsáveis por uma cãibra.
Os sintomas de uma cãibra muscular não deixam margem para dúvidas: dor aguda e súbita e rigidez muscular.
Na maioria dos casos os episódios de dor são ocasionais e desaparecem espontaneamente. Assim, nem sempre é necessária uma intervenção. Já hiperreflexia, fraqueza muscular, fasciculações, hipovolemia, dor ou perda de sensibilidade num nervo periférico, plexo ou distribuição de raiz nervosa são considerados sintomas preocupantes, e exigem auxílio médico.
O diagnóstico de cãibras musculares envolve observar distúrbios mecânicos, se há contraturas musculares, diferenças de tamanho nos membros, alterações de marcha (caminhada), entre outros. Também é importante avaliar problemas no funcionamento de alguns órgãos, como os rins, e excluir distúrbios metabólicos e hormonais.

Só serão realizados exames se se identificarem resultados clínicos anormais. Exames, como glicose no sangue, testes de função renal e níveis de eletrólitos, incluindo cálcio e magnésio, devem ser medidos se os pacientes tiverem cãibras difusas de causa desconhecida.
Como a cãibra praticamente desaparece após alguns minutos, na maioria das vezes não há necessidade de um tratamento específico. Durante uma crise não é aconselhável alongar o músculo com força, pois há risco de provocar lesões mais graves. O mais seguro é alongar levemente e massajar com cuidado o local estirado com movimentos circulares. A aplicação de calor no local também pode ajudar, pois promove o relaxamento muscular.
Mas também é possível prevenir as cãibras. Uma das estratégias para evitar este fenómeno é aprender a respeitar o próprio corpo. É importante lembrar que o excesso nunca é saudável. Além de gerar a desidratação do corpo, também pode ser uma das causas para ter cãibras.
Para evitar o encurtamento muscular, deve-se investir nos alongamentos. É possível ganhar amplitude muscular sem sobrecarregar determinado músculo.
A preparação é essencial para o bom desempenho de qualquer atleta. Nela, a hidratação e alimentação são alguns dos requisitos.
Consumir alimentos ricos em minerais, potássio, magnésio e cálcio são estratégias utilizadas para promover a reposição dos nutrientes perdidos durante a atividade física – banana, castanha do Pará, aveia e brócolos são algumas das opções.

Importa referir que as pessoas sedentárias costumam ter mais crises que as pessoas ativas, por isso, uma boa solução para prevenir as cãibras é manter-se fisicamente ativo.
A cãibra é uma condição que não oferece perigo, porém, pode causar um grande desconforto e interferir na qualidade de vida dos atingidos. Reconhecer as principais causas, entender os sintomas e apostar em medidas preventivas, são passos essenciais para minimizar a frequência e a intensidade das contrações.
A saúde muscular é fundamental para o nosso bem-estar e qualidade de vida. Caso os tratamentos conservadores não tenham efeito, é de extrema importância procurar um médico especialista para encontrar o melhor tratamento para o seu caso. Não adie!