GRAVIDEZ

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GRAVIDEZ E MATERNIDADE

  Tupam Editores

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Nos seres humanos, o período de cerca de nove meses de gestação que medeia entre o momento da fecundação e implantação de um óvulo no útero, até ao nascimento de um novo ser, é designado por gravidez.

A fecundação é o momento em que se dá a conjunção de um espermatozoide com um óvulo. A partir daí o gâmeta feminino fica pronto para ser fertilizado pelo masculino, dando início ao processo de formação do embrião. Por sua vez a fertilização do embrião gerado e a sua implantação na parede do útero, dão início ao processo de gravidez, evento conhecido por concepção.

O complexo processo de fertilização, atravessa várias etapas até que seja formado o zigoto (a célula resultante da fecundação do gâmeta feminino pelo gâmeta masculino). Assim, numa relação sexual, os espermatozoides, logo após serem lançados no interior do corpo da mulher, são atraídos por determinadas substâncias químicas libertadas pelo óvulo, iniciando uma verdadeira maratona até conseguirem atingi-lo. Além disso, os movimentos dos flagelos e as substâncias libertadas pelo sémen que estimulam as contrações do útero, levam os espermatozoides até ao interior da tuba uterina.

Milhares deles tentam atingir o óvulo em primeiro lugar, porém dada a acidez do ambiente vaginal e a existência de células de defesa, preparadas para eliminar os "invasores", somente um o consegue. Ainda assim, milhares de outros persistem em lutar contra as barreiras de defesa tentando igualmente entrar no óvulo.

A partir do momento em que o primeiro espermatozoide atinge a membrana mais interna do óvulo, a membrana vitelínica, vai impedir a entrada de outros competidores, dando-se assim início ao extraordinário fenómeno da fertilização, ou seja a fusão das membranas dos gâmetas, além de produzirem a secreção de grânulos corticais que formam uma barreira à entrada de outros espermatozoides, vão impedir a polispermia.

Uma vez no interior, as estruturas do espermatozoide fundem-se com as estruturas do óvulo, dando origem aos centríolos (organelas não envolvidas por membrana, que participam na divisão celular), ao resto do flagelo e as mitocôndrias degeneram.

A partir da formação do zigoto, inicia-se o processo de divisão celular que irá dar origem a múltiplas células, marcando o início do desenvolvimento do embrião, que ao atingir determinado estágio denominado blastocisto, poderá implantar-se na parede uterina. Nesta etapa, o embrião tem 5 a 7 dias de vida, é composto por aproximadamente 200 células e já apresenta uma estrutura diferenciada com um núcleo central (cavidade do blatocelo) e por dois tipos de células que mais tarde se irão desenvolver e dar origem à placenta e ao feto.

No caso de se verificar a implantação ou nidação do blastocisto nas paredes do endométrio uterino, que ocorre cerca de uma semana após a fecundação, tem início a gravidez, caso contrário, ele será eliminado quando ocorrer a menstruação.

Gémeos monozigóticos e dizigóticos

Além de outros fatores como a idade da mãe, a raça, história obstétrica e eventuais tratamento de infertilidade, é sobejamente sabido que os fatores genéticos são especialmente importantes, potenciando a possibilidade de engravidar de gémeos. Ainda em investigação, o papel da genética na formação de gémeos mantém-se como um dos fatores estatísticos mais relevantes, pois tudo indica que as mulheres que descendem de famílias com gémeos, parecem ter maior probabilidade de gerar gémeos, apesar de uma mulher gémea não ter qualquer garantia de que também venha a gerá-los. Acrescente-se que não há elementos que possam sugerir que idêntica influência ocorra pelo lado paterno.

Quando um casal não consegue chegar à gravidez desejada, após meses e quantas vezes anos de tentativas, os tratamentos de infertilidade, cada vez mais utilizados, são o fator que mais influencia o aumento das taxas de nascimento de gémeos.

Seja devido a qualquer um dos fatores isoladamente referidos, ou conjugados entre si, se a mulher eventualmente libertar dois ou mais ovócitos durante a ovulação, ocorrência que pode levar à formação de dois zigotos, estes vão dar origem a dois embriões com caraterísticas diferentes, caso sejam fecundados.

Assim, se estes embriões fizerem a nidação e se desenvolverem, irão nascer gémeos dizigóticos, também chamados fraternos ou popularmente conhecidos por gémeos falsos ou bivitelinos. Estas crianças podem ser do mesmo sexo ou de sexo diferente, não se assemelham muito entre si, podem ter ou não o mesmo fator sanguíneo, mas são irmãs, tal como se tivessem sido concebidas com anos de diferença, só que partilhando o mesmo útero.

Quando um óvulo é produzido e fecundado por um só espermatozoide e se divide em duas culturas de células completas, dá origem a gémeos monozigóticos ou univitelinos, popularmente conhecidos por gémeos verdadeiros, por possuírem o mesmo genoma. Neste caso, os irmãos partilham a mesma placenta, embora cada um tenha o seu próprio saco amniótico. Como a placenta é partilhada por ambos, um deles poderá ter acesso a mais alimento, podendo por isso nascer com mais peso que o seu irmão, além de ambos poderem nascer mais pequenos devido ao limitado espaço de que dispõem no útero.

Apenas um terço das gestações são de gémeos univitelinos. Não obstante serem considerados clones e serem portadores do mesmo ADN, os gémeos verdadeiros não possuem as mesmas impressões digitais, isto porque num reduzido espaço no interior do útero materno, eles se mantêm em contacto com partes distintas do ambiente materno, levando a caraterísticas diferenciadas.

Independentemente da formação do zigoto, a ligação entre gémeos é muito forte e estabelecem padrões de comportamento e uma relação emocional entre si, desde que partilham o mesmo espaço no ventre da mãe, laços e identidade comuns que se manterão durante toda a vida.

A gestação

Devido à irregularidade dos ciclos menstruais da mulher e a possibilidade de fatores externos os afetarem, conjuntamente com o facto de ser muito difícil definir com exatidão o momento em que o espermatozoide fecunda o óvulo, fez com que se convencionasse que a datação da gravidez se inicie no primeiro dia da última menstruação, razão porque os profissionais de saúde fazem a contagem em semanas e não em meses. Dado que a ovulação ocorre por volta do 14º dia, a meio do ciclo menstrual, a idade real do bebé é de menos duas semanas em relação à data da gravidez.

Durante a gravidez, o organismo materno passa por diversas e complexas alterações fisiológicas que sustentam o bebé em crescimento e preparam o parto.

Assim, ao longo das 40 semanas normais de gravidez, o corpo da mulher vai sofrendo transformações, por forma a proteger e nutrir o bebé em formação e crescimento, preparando-se para o parto e para a amamentação nos primeiros meses de vida.

A nova vida, em formação, é uma acontecimento extraordinário, para o qual o corpo feminino se vai transformando e preparando, a cada ciclo menstrual que ocorre mensalmente, quando amadurece um óvulo que fica a aguardar durante algumas horas para ser fertilizado por um espermatozoide e, assim, dar início à formação de um novo ser.

Uma das transformações mais surpreendentes na mulher, quando descobre que está grávida dá-se a nível psicológico, tornando-se mais otimista, parecendo-lhe que de repente na sua vida tudo fica mais fácil e o seu foco fica centrado no bebé em desenvolvimento. Pode também sentir um impulso para permanecer mais tempo junto da família e descortinar interesses novos como o mundo dos bebés.

A preparação do quarto para o seu bebé, a escolha do nome e outras atividades correlacionadas vão proporcionar-lhe um prazer acrescido a que se dedicará de corpo e alma.

A nível físico, a preocupação maior de uma grávida passa para o bebé em crescimento no seu útero, que se torna o centro de toda a sua atenção, e nos cuidados que é necessário ter com o seu corpo, fundamentais para a sua boa saúde e bem estar, com particular enfoque na sua pele e na alimentação em particular.

Os cuidados com a saúde da pele durante a gestação são decisivos para que fique mais elástica e flexível, mantendo-se confortável à medida que o bebé cresce, mas igualmente para o pós-parto, evitando as tão indesejadas estrias. A prevenção é por isso o melhor remédio, já que as estrias, uma vez instaladas, dificilmente desaparecem.

Quanto à alimentação, o ideal é seguir as recomendações do médico assistente ou de um nutricionista, pois ela é fundamental para a saúde do feto durante a gestação, dado haver uma forte associação entre esta e as mudanças fisiológicas e psicossociais que influenciam o normal desenvolvimento fetal, sendo por isso crucial a necessária adaptação materna a estas mudanças.

Alimentação

Naturalmente que as necessidades alimentares e nutricionais variam de mulher para mulher. Fatores como o estado nutricional antes e durante a gravidez, o peso, a idade e o nível de atividade física praticada, entre outros, terão de ser tidos em conta, a fim de assegurar que as necessidades nutricionais, aumentadas durante este período, assegurem o crescimento e desenvolvimento do feto bem como as alterações fisiológicas da mãe.

Uma alimentação saudável na gravidez, não só aumenta do bem-estar da grávida como contribui decisivamente para o normal crescimento do seu bebé. Por isso, uma gravidez deve ser planeada antecipadamente por forma a permitir eventuais correções ao estilo de vida, como a eliminação do álcool, tabaco e outras substâncias tóxicas e o seguimento de uma alimentação adequada que proporcione um saudável desenvolvimento do feto e um bom nível de saúde para a mãe, com vista a prevenir doenças e eventuais complicações para ambos.

As recomendações alimentares, não são muito diferentes das que são feitas para a população em geral, muito embora a grávida tenha uma necessidade energética e de nutrientes acrescida, principalmente a partir do segundo e terceiro trimestres.

Durante a gravidez, uma dieta equilibrada deve proporcionar quantidades adequadas de proteínas, através da ingestão de carne, peixe, queijo e ovos, além de legumes, frutos secos e soja; hidratos de carbono essencialmente contidos no pão integral, batata, massa, arroz e leguminosas; sais minerais, fornecidos com o consumo de ovos, peixe, carne, cenouras e feijão verde; fibras vegetais presentes nos cereais e legumes; todo o leque de vitaminas contidos na fruta, bem como gorduras, de preferência azeite puro e deve ser complementada com a ingestão abundante de água.

Sintomas e diagnóstico

A ausência do período menstrual, náuseas com ou sem vómito durante o dia ou principalmente pela manhã, dor ou sensibilidade nas mamas principalmente em mulheres jovens, são os primeiros sinais e sintomas de gravidez. Esta poderá ser confirmada através de testes biológicos que hoje oferecem uma grande precisão, através de deteção na urina ou no sangue da presença de gonadotrofina coriónica humana, uma hormona produzida pela placenta durante a gravidez.

Além destes, particularmente no início da gravidez, outros sintomas mais comuns como o cansaço e fadiga em excesso, aumento da frequência urinária, principalmente durante a noite, obstipação fora do normal aumento do corrimento vaginal ou ligeira hemorragia 10 a 14 dias após a fecundação, alteração do palato para um sabor metálico na boca, desejo intenso por determinados alimentos que não consome regularmente e rejeição de outros, aumento da sensibilidade olfativa capaz de provocar náuseas, tonturas, cólicas uterinas ligeiras e alteração de humor, podem igualmente indiciar gravidez, embora nem sempre se manifestem. Contudo, todos estes sintomas não são exclusivos da gravidez, sendo mesmo possível uma mulher estar grávida sem que nenhum daqueles sinais se manifeste ou o inverso.

Através de um estetoscópio é possível ouvir o batimento cardíaco fetal e confirmar em definitivo a gravidez, a partir das 16-20 semanas, e através de exames ecográficos é possível observar o feto em crescimento e começar a sentir os seus movimentos no interior da barriga da mãe, por volta das 18-20 semanas de gestação.

Os vários testes de gravidez disponíveis nas farmácias para utilização na privacidade de casa, são testes à urina e permitem hoje em dia detetar a condição, de forma precisa, a partir do 12º dia posterior à nidação. Nestes testes aplica-se uma pequena quantidade de urina numa tira química que, em caso de resultado positivo, muda de cor ou surge um símbolo, consoante o fabricante, e oferecem uma precisão de 95 por cento.

A presença de gonadotrofina coriónica no sangue apenas mostra que a mulher alberga tecido placentário vivo, mas não permite determinar a condição do feto. Por outro lado, os testes quantitativos ao sangue possibilitam um maior nível de sensibilidade do que os da urina, sendo capazes de detectar quantidades de hCG a partir de 1 mlU/ml, enquanto que as tiras reagentes de urina, menos precisas, somente detectam a partir de 10 mIU/mL a 100 mIU/ml.

Termo da gravidez

O tempo médio de uma gravidez é de 268 dias desde o momento da conceção ou 280 dias contados a partir do dia da última menstruação, sendo que a maioria dos partos tem início dentro do intervalo de duas semanas antes ou depois da data prevista. Idealmente, o trabalho de parto ocorre de forma espontânea quando a mulher atinge a data de termo da gravidez, isto é, quando a gestação durou entre 37 a 42 semanas.

Estatisticamente, os bebés nascidos entre as 39 a 41 semanas de gestação são os que apresentam melhor prognóstico de saúde possível, quando se compara com os que nascem antes ou depois deste intervalo. A não ser que exista recomendação médica em contrário, o parto planeado não deve ocorrer antes das 39 semanas e apenas nos casos em que haja indicação médica de que as condições do colo do útero o permitem.

O parto ou nascimento, é o termo de uma gravidez, em que os bebés deixam naturalmente o útero da mãe. Embora a grande maioria dos nascimentos ocorra por parto vaginal, podem ocasionalmente surgir complicações que obriguem à realização de uma cesariana, para retirar o feto, com a finalidade de proteger a vida de ambos.

No decurso do processo, a mulher começa a sentir contrações uterinas a intervalos regulares e progressivos que fazem descer o feto progressivamente, pelo colo do útero e vagina, até à sua expulsão para o exterior, momento a partir do qual passa a ser considerado um recém-nascido!

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