ADOÇÃO ANIMAL

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  Tupam Editores

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Não é novidade para ninguém que Portugal é um dos países com maior número de animais de estimação vadios.

Na tentativa de diminuir os números (preocupantes) do abandono, tem vindo a ser aprovada legislação que criminaliza e pune os crimes de maus tratos e abandono de animais, além da promoção de campanhas de sensibilização por parte das forças policiais que, ao que parece, têm surtido algum efeito.

Os últimos dados da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) mostram que em 2014 chegaram aos canis e gatis das câmaras municipais cerca de 32 mil animais. O número de cães e gatos que entraram nos centros municipais de recolha de animais atingiu um pico de cerca de 600 por semana no ano passado, mas parece estar a diminuir em 2015.

No ano corrente, os valores até agora apurados são consideravelmente mais baixos. Entre 1 de janeiro e 17 de agosto, os registos oficiais contabilizaram a entrada de 9581 animais nos centros oficiais de recolha (7937 cães e 1644 gatos). Em média, são 42 animais por dia, cerca da metade dos 86 por dia de 2014.

Ainda assim, o número de animais abandonados ou a viver nas ruas continua a ser excessivo e centenas de canis e instituições animais têm sido afetados com isso. A solução para o problema pode passar por cada um de nós, pela adoção desses animais, que necessitam desesperadamente de um lar, em vez de os comprar numa loja.

É verdade que no momento da adoção de um animal, as pessoas evidenciam clara preferência por filhotes, mas a adoção de um animal adulto também tem as suas vantagens.

Adotar ou comprar animais de estimação?

Não existe uma resposta certa para esta pergunta, pois ela é muito subjetiva e depende da personalidade e objetivos de cada pessoa.

O ideal é ponderar sempre as duas opções, comparar vantagens e inconvenientes e considerar as duas hipóteses, visitando quer as lojas de animais e criadores que os vendem, quer os abrigos, associações e canis que os doam. Importante, ao tomar a decisão, é fazer uma escolha consciente e considerar todos os prós e contras de cada alternativa.

Ao comprar na loja existe uma maior disponibilidade de raças, e a garantia da mesma, dada por um criador especializado, sendo possível escolher a que mais encaixa na preferência de cada um. Além disso, existem diversos animais novos e filhotes, que são os preferidos das crianças.

Importante também, principalmente com crianças em casa, é a garantia de saúde do animal. Sabendo que possui um animal saudável de raça pura, permitir-lhe-á, não só, prever os gastos necessários com essa raças e saber se estarão de acordo com o seu orçamento, mas também conhecer as características físicas do animal, ou seja, o tamanho com que ficará, as doenças que mais o afetam, e todos os demais cuidados necessários, sem ter surpresas no futuro.

Mas nada se compara à sensação de adotar, e saber que aquele animal que tinha sido abandonado, muitas vezes maltratado, a viver num canil em precárias condições, terá uma nova oportunidade de vida e um lar onde será estimado. Esta opção tem vindo a tornar-se uma prática cada vez mais comum entre pessoas que procuram um companheiro de quatro patas para ter em casa.

As vantagens da adoção animal são inúmeras. Para começar, pode estar a salvar uma vida – estima-se em mais de 100 mil o número de animais abatidos por ano em todos os canis do país.

Quando se leva um animal de algum abrigo para casa, além de ele ficar muito agradecido pela sua atitude, dando o máximo de carinho que puder, estará a fazer uma boa ação e a colaborar para que os animais sejam bem tratados. Além disso, o bom exemplo será visto por outras pessoas que poderão sentir-se estimuladas a fazer o mesmo. E promover uma boa ação é sempre gratificante.

Os bons abrigos permitem que o potencial adotante interaja com o animal antes de o levar consigo. Até porque é do interesse dos cuidadores que este tenha a certeza de que está a escolher o companheiro ideal para casa e que não abandonará novamente. Assim, é possível visitar o futuro amigo durante alguns dias ou semanas, até criar afinidade e conhecê-lo melhor, evitando arrependimentos.

Outra vantagem é que, para adotar um animal não é preciso ter dinheiro nem pagar nenhuma taxa: é tudo de graça! É necessário apenas preencher e assinar um "Termo de Responsabilidade de Adoção", e provar que possui condições financeiras e um local apropriado para cuidar do seu novo companheiro. O dinheiro que teria gasto na compra de um animal pode ser utilizado para mimar o seu novo amigo, com brinquedos, biscoitos, e uma casota confortável.

Além disso, adotar um animal adulto tem outros benefícios, como por exemplo o facto de este já ter ultrapassado a fase de crescimento que é sempre muito trabalhosa e requer uma reserva de paciência que nem todas as pessoas possuem. Na adoção de um animal adulto o trabalho é sempre muito menor, pois ele passará apenas por um período de adaptação à nova casa. Este período é quase sempre muito curto, pois o animal adulto que vem de um abrigo ou é retirado das ruas sente muita gratidão pelas pessoas que o recebem no seu lar e demonstrará essa gratidão claramente, tornando-se, em muito pouco tempo, um companheiro fidelíssimo, obediente e muito carinhoso.

E será um guarda como poucos, capaz de defender com a própria vida o seu novo lar e as pessoas que o acolheram. O cão adulto, quando adotado, aceita muito facilmente a mudança na sua vida (que é sempre para melhor), tornando-se um animal muito alegre que, certamente, será o maior amigo do seu benfeitor.

A adoção, contudo, é um processo que exige alguns cuidados. Não são raros os casos de dificuldades de adaptação a um novo companheiro e as devoluções de animais repetem-se, pois as pessoas não entendem a responsabilidade de uma adoção, quanto mais o processo completo de escolher o animal certo para elas. Não basta ir a uma associação e escolher um animal; há muitas variáveis a considerar.

Estará realmente preparado para adotar um animal?

São vários os locais onde pode procurar um animal para adotar. As associações e abrigos são um bom ponto de partida, assim como os canis municipais (com identificação eletrónica, profilaxia médica, desparasitação e esterilização já efetuadas).

A internet é outra opção. A divulgação de fotos e mensagens sobre animais disponíveis para adoção nas redes sociais, principalmente no Facebook, tem-se revelado eficaz. Além disso são divulgadas feiras de adoção, ações de organizações não governamentais, ações individuais, e ações de grupos solidários cujo objetivo é chamar a atenção de uma forma peculiar para um único apelo: encontrar um lar para os animais abandonados.

Contudo, antes de adotar, existem algumas condições que devem ser tidas em consideração, pois se não houver possibilidade de as cumprir integralmente, o melhor será mesmo não ter nenhum animal. Não devemos tirar um animal de uma associação, se não conseguirmos dar-lhe condições suficientes para o manter feliz.

Tomar conta de um animal de estimação envolve grande responsabilidade e dedicação. Estará preparado para esse desafio? E a família concorda? É importante falar com a família e perceber se eles aceitam e desejam a presença do animal em casa até porque se sabe que esse é um dos grandes motivos que levam ao abandono. Alguém na família tem alergias que tornariam impossível a adoção de um animal?

Sabendo que os cães vivem, em média 12 a 15 anos, e que os gatos podem viver até aos 18 anos, o candidato à adoção, deve avaliar se tem condições para cuidar deles durante todo esse tempo. Além de pensar no seu futuro, deve pensar também no futuro do seu novo amigo, e nos custos adicionais que a sua presença acarreta – para uma alimentação de qualidade, consultas periódicas no veterinário, vacinação e desparasitação, tosquia, esterilização/castração, acessórios (escovas, coleiras), entre outros.

E tem disponibilidade de tempo e de espaço para o seu novo amigo? O seu animal vai precisar de ter o seu próprio espaço em sua casa. Verifique se a casa está adequada para receber o tipo de animal que está a pensar adotar.

Por mais pequenos que sejam, os animais não podem passar o dia fechados numa varanda para não estragarem os móveis, o sofá ou os cortinados. A sua mascote vai precisar de um local para se exercitar e brincar, para as necessidades fisiológicas, um espaço que reconheça como seu local de refeição e de dormir.

Rever com especial cuidado a situação das férias (altura em que um maior número de animais é abandonado) e ponderar todas as possibilidades de que dispõe. Será possível levá-lo consigo, deixá-lo com parentes ou amigos, ou terá de recorrer ao Pet Sitting ou a um hotel para animais?

Neste ultimo caso, certifique-se de que cumpre os requisitos necessários para o seu bem-estar e saúde. A responsabilidade que assumiu aquando da adoção não deixa de existir nas férias e um novo abandono não é opção!

Uma vez feita uma avaliação honesta do estilo de vida, do nível de energia e da dinâmica da sua família, pode começar a considerar o tipo de animal que deve levar para casa.

A idade do animal é mais que apenas um número. Avaliar se a energia e disposição da família combinam com um animal filhote, adulto ou idoso. Questionar tudo sobre o animal que se deseja adotar e considerar as informações que os voluntários e funcionários do abrigo forneçam.

Procurar saber tudo sobre a sua saúde, necessidade de cuidados especiais, idas ao veterinário, atualização de vacinas, desparasitação, esterilização/castração, etc.

Durante o processo de avaliação do seu futuro companheiro, permaneça o mais objetivo possível. Terá tempo de sobra para se apaixonar por ele mais tarde, o que será muito mais fácil se encontrar o animal certo.

A adoção consciente e a correta avaliação da família e do animal são processos longos e complexos, porém é muito melhor descartar opções que não servirão e encontrar o animal que tenha o temperamento e o nível de energia certos para si, do que adotar o errado e depois ter de tomar a difícil decisão de desistir dele ou devolvê-lo. Um animal não é um brinquedo ou uma peça de decoração, e sim um compromisso para toda a vida.

Aposte numa posse responsável: os 10 Mandamentos

Uma posse responsável é ter a guarda de um animal e não lhe deixar faltar nada. É zelar pela sua saúde, sua alimentação, dar-lhe amor e segurança. É respeitá-lo, respeitar as suas características, o seu temperamento, os seus hábitos, e ser um verdadeiro guardião. E principalmente Jamais Abandonar!

Afinal, normalmente não se abandona um filho porque ele não tem olhos azuis, ou porque não cresceu com o temperamento que consideramos "adequado".

Antes de receber um cão, gato ou outro animal em casa, refletir sobre os deveres de um dono responsável. São 10 os "Mandamentos" a seguir para garantir uma vida feliz ao nosso novo amigo:

1º – Perguntar à família se todos estão de acordo com a adoção, se há recursos necessários para o manter e verificar quem cuidará dele nas férias ou em feriados prolongados;

2º – Evitar comprar. Optar sempre pela adoção de animais que foram abandonados e esperam ansiosamente por uma nova família;

3º – Informar-se sobre as características e necessidades da espécie escolhida. Comparar com o que tem para oferecer e fazer a melhor escolha de acordo com as possibilidades;

4º – Manter o animal sempre dentro de casa e, uma vez na rua, nunca o soltar. Desta forma evita-se que sofra algum tipo de acidente, fique doente, ou que se perca e não volte para casa;

5º – Cuidar da saúde física do animal. Fornecer abrigo, alimento, vacinas e levá-lo regularmente ao veterinário;

6º – Zelar também pela sua saúde psicológica. Dar-lhe atenção, carinho e um ambiente tranquilo;

7º – Educar o animal, se necessário recorrendo a um treinador, mas respeitando as suas caraterísticas. Devemos ter presente que o adotante é sempre responsável pelo comportamento do animal;

8º – Recolher e eliminar os seus dejetos em local apropriado;

9º – Identificar o animal com uma placa ou com identificação permanente (microchip);

10º – Evitar as crias indesejadas de cães e gatos castrando os machos e as fêmeas. A castração é a única medida definitiva no controle da procriação, diminui o abandono e evita algumas doenças, além de facilitar o convívio com outros animais e até com as pessoas. Muitos animais nascem, mas poucos conseguem um lar.

Acima de tudo não esquecer que um animal, por mais inteligente que seja, não é uma pessoa e está dependente do seu dono, seja para o que for.

Agora que já está por dentro do processo de adoção, reflita bem no passo que vai dar e se tiver a certeza de que é capaz de cumprir com tudo o que atrás foi descrito, adote um animal!

Os animais adotados são extremamente leais, afetuosos e apegam-se muito aos seus donos, entrando em profunda depressão ao serem rejeitados. Honrar a nossa relação com eles e amá-los, pois esta é uma das melhores formas de aprendizagem do humanismo.

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
30 de Abril de 2024

Referências Externas:

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