TOSQUIA

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  Tupam Editores

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A primavera já se instalou e o verão está à porta! Para nós, homens e mulheres, é uma época de renovação e divertimento durante a qual aproveitamos o calor do sol, e nos refrescamos à beira mar, rios e piscinas. Podemos proteger-nos debaixo de um guarda-sol, tiramos e vestimos roupa quando queremos e ainda temos a sorte de poder viver no ar condicionado.

Mas, e os nossos companheiros de estimação, de que forma enfrentam as altas temperaturas que já se fazem anunciar? O verão pode não ser a melhor época do ano para eles, especialmente para os cães, pois o ar fica seco, quente, e a pelagem só agrava as condições.

Quem tem animais em casa sabe que quanto mais elevada a temperatura, maior o seu sofrimento, principalmente dos que possuem excessiva ou longa pelagem, mais adaptados aos climas frios. Não é incomum observá-los pelos cantos, à procura de um lugar fresco, e quando o encontram, lá ficam esticados, de preferência, num piso frio, para desfrutar de toda a frescura.

A solução para este problema, e outros, dos nossos amigos de quatro patas pode estar numa simples tosa, ou tosquia, como é mais conhecida – uma técnica que data já do século XIX. Os primeiros tosquiadores de animais de companhia surgiram em França, entre 1850 e 1870. Tornou-se tradição na alta burguesia francesa e na corte da época ter um pequeno cão de companhia, geralmente um Caniche ou um Poodle. É nessa altura que a tosquia artística dá os primeiros passos, com a tradicional tosquia tipo "leão", típica dos Poodles, com os quartos traseiros e as patas tosquiadas, com a parte da frente com bastante pelo, cuidadosamente aparado, e a cabeça e as patas com pelo em formato de bola.

Estes cortes de pelagem já eram vistos em antigas pinturas da época clássica. As características do pelo da raça permitiam devaneios artísticos a todos os verdadeiros artistas da tesoura animal.

Os "cabeleireiros" de caninos sentavam-se ao longo do rio Sena e nas ruas de Paris oferecendo os seus serviços de tosquia artística desenhando os mais variados temas, incluindo bigodes semelhantes aos nobres da corte, uma forma de sátira.

Em 1861 foi lançado um livro onde se mencionava que a pelagem dos Caniches também podia ser lavada, escovada e secada para que estes ficassem ainda com melhor aspeto. Atualmente, entre os vários artigos para tornar mais confortável o trabalho do "cabeleireiro" de caninos e, principalmente, mais leve e fresco o animal, além da tesoura, usam-se escovas, máquinas, pó para ouvidos, corta-unhas, secadores e outros sofisticados produtos.

Para o bem-estar do animal é importante ter um pelo bem tratado, o que significa estar limpo, escovado, e sem um manto demasiado espesso, principalmente na época quente.

A importância da tosa e do banho para os animais

A saúde dos nossos amiguinhos de quatro patas reflete-se no pelo e na pele, daí que seja fundamental mantê-los limpos e cuidados, adequado às estações do ano, ao seu modo de vida e consoante o tipo de ambiente com que tem maior contacto.

Os animais criados dentro, ou mesmo fora de casa, e com contacto próximo do dono, devem ter os mesmos cuidados de saúde que o homem, para juntos desfrutarem da boa e saudável companhia. Daí a importância do banho que, tanto em cães como em gatos, não só ajuda a manter a higiene como promove um crescimento saudável do pelo e impede doenças da pele. Permite, ainda, a verificação da existência de parasitas ou de problemas dermatológicos, levando a uma convivência sã e agradável entre si, a sua família e o seu animal.

Quanto à frequência dos banhos as opiniões variam bastante. Há quem refira que os gatos não precisam de banho pois cuidam da própria limpeza ao lamberem-se, mas não é bem assim. Até podem ter menos necessidade de banho do que os cães, no entanto, por vezes é necessário um banho para tratar ou controlar pulgas, limpar um felino aventureiro, tratar um problema dermatológico ou eliminar algo perigoso do pelo. O chamado "banho de língua", que os nossos amiguinhos tomam ao longo do dia, não lhes retira todas as impurezas do pelo, principalmente se forem pelos longos. Além disso, eles engolem muitos pelos mortos, o que não é nada saudável.

Em condições normais um animal de estimação poderá realizar até um banho por mês, tendo em atenção que o excesso de banhos pode tornar-se prejudicial, uma vez que a pele não tem tempo para repor a sua proteção natural. A frequência também poderá variar conforme a raça, o tamanho, o tipo de pelo, se é um animal de interior ou com acesso ao exterior, etc. Em alguns casos poderá até ser necessário recorrer a banhos com frequência quinzenal ou mesmo semanal, conforme indicação médica, como parte de tratamento de patologias, tais como alergias, pruridos, micoses, pulgas ou outros ectoparasitas.

O banho está sempre associado à tosa, que deve ser feita por profissionais especializados, pois o tosquiador além de cortar o pelo do animal também vai avaliar a saúde da sua pele. Tosquiar o animal de estimação, cão ou gato, vai mais além de apenas uma preocupação estética. Hoje em dia este tipo de cuidados deixou de ser encarado como um luxo unicamente direcionado para exposições e eventos, revelando-se indispensável no que respeita à higiene, ao bem-estar, ao crescimento de um pelo saudável, para evitar a proliferação de fungos e bactérias na pelagem, e na prevenção de doenças.

Há situações em que a tosquia é mesmo fundamental para devolver o bem-estar ao animal, como é o caso de pelagem em mau estado, emaranhada e com nós. Nos casos graves, chega a formar uma "camisola" espessa que nem sequer permite que a pele respire, podendo provocar dermatites e piodermatites cutâneas.

Nestas condições só se consegue resolver o problema com uma tosquia radical, que muitas vezes obriga ao corte de pelo muito rente. Assim, é aconselhável os donos terem atenção ao estado do pelo dos seus animais e procurarem o serviço de tosquia antes de a situação se agravar. Isto aplica-se a cães e a gatos de pelo longo ou muito espesso, como os gatos Persa, por exemplo.

De certa forma, o tosquiador acaba por estar sempre condicionado pelo estado do pelo de cada animal, e por vezes pode ter de cortar mais do que aquilo que o dono estaria à espera. Normalmente, a tosquia é discutida com o dono, a fim de que resulte consoante a sua vontade, sendo fundamental este referir se prefere o pelo mais comprido ou mais curto, se quer manter a tosquia indicada para a raça ou prefere um corte mais livre, apenas para deixar o animal mais leve e confortável.

Nas raças de pelagem longa, quer sejam gatos ou cães, há tendência para o pelo se embaraçar e formar nós. É por isso fundamental dispensar algum tempo a cuidar desses animais, escovando-os frequentemente, para manter a pelagem solta, ao mesmo tempo que se retira o pelo morto (aquele que normalmente fica espalhado pela casa, para infelicidade dos donos).

Por exemplo os gatos Persa, precisam de cuidados especiais com a pelagem, sob risco de terem de ser submetidos a tosquias profundas para remover o pelo que, muitas vezes, fica transformado em autênticas massas compactas. O corte do pelo do gato Persa não deve ser efetuado apenas quando exista um problema na pele ou no pelo até porque, no verão, o seu pelo torna-se quase insuportável e o corte vai permitir que o animal arrefeça o corpo mais facilmente.

O mesmo se aplica aos cães, como os caniches, por exemplo. Por isso, para evitar tosquias tipo "máquina zero", é conveniente visitar com regularidade o tosquiador.

Sabemos que o calor afeta os animais. No entanto, nem todas as raças com pelo denso, como o Husky Siberiano, devem ser tosquiadas no verão pois correm o risco de apresentar alopecia pós-tosquia – demora no crescimento do pelo em determinadas áreas tosquiadas. A condição, de causa desconhecida, é felizmente temporária, normalizando-se em 6 meses.

Os cães de pelo curto também não devem ser tosquiados, pois trocam de pelagem para melhor se adaptarem às estações do ano e, no verão, perdem pelo para sentir menos calor. Os cães das raças Poodle, Lhasa Apso, Shih Tzu, Schnauzer, Maltês, Cocker e Yorkshire, além dos gatos da raça Persa, são os que mais beneficiam com a tosa na época mais quente do ano.

Não restam dúvidas da importância da tosquia. Esta não só ajuda a enfrentar as alterações do clima em animais que não se encontram no seu habitat original, mas também previne o coçar e lamber constante, aquando da existência de nós, e ajuda na higiene e saúde do animal, uma vez que as fezes, urina, comida, parasitas, praganas e outras ervas perigosas não ficam agarradas ao pelo.

Deve ter-se sempre em mente que tanto a tosquia como a higiene em geral, devem ser realizadas durante todo o ano por uma questão de saúde e não só no verão para manter os animais frescos, ou por questões de estética, para uma ocasião mais especial.

O pelo dos animais e os diferentes tipos de tosa

Longo ou curto, com cores e texturas variadas, o pelo dos animais é um dos principais fatores que diferencia as diversas raças de cães e gatos. Têm uma importante função na vida e saúde dos animais, pois além de protegerem a pele, ajudam a regular a temperatura corporal.

É por isso que quando se tosquia radicalmente um animal, ele tende a passar alguns dias escondido debaixo do sofá. Para alguns donos, esconde-se porque está "com vergonha" do seu novo visual, mas na verdade o que o perturba é a diferença de temperatura causada no organismo. Procurar lugares abrigados e mais quentes é a forma que encontra para compensar o "frio" que está a sentir.

A tosquia é, acima de tudo, uma questão de higiene e saúde, tanto para o animal como para o dono, uma vez que o excesso de pelo pode gerar o acúmulo de fungos, bactérias e parasitas, nocivos à saúde de ambos.

Pode ser executada com tesoura ou à máquina.

Com tesoura pode ser feita em qualquer raça com pelo médio a longo, e é recomendada para animais que tenham alergia às lâminas das máquinas (o que pode acontecer), e também para os que ficam muito stressados e agitados com o ruído. Apesar de uma tosa com tesoura ser mais demorada que à máquina, pois o animal deve ser mantido em segurança, o acabamento da pelagem fica mais suave e natural.

Na tosquia com máquina, esta deve ser passada pelo corpo do animal seguindo o alinhamento do pelo. Fabricada especialmente para o efeito (difere da máquina de cabelo), a máquina possui lâminas de tamanhos diversos, que serão usadas de acordo com a raça e o tipo de tosquia pretendido. Quanto mais entrelaçado o pelo, mais curta deverá ser a tosquia com a máquina, sendo os acabamentos executados com o auxílio da tesoura.

Também conhecida por grooming, a tosquia pode ser dividida em dois tipos, a de exposição e a de manutenção. No grooming de exposição realizam-se especialmente os cortes da raça, também importantes ao bem-estar do animal mas sobretudo uma mais-valia para os concursos e exposições de beleza, imperando a estética e a criatividade. No grooming de manutenção, ou tosa higiénica, mais do que a estética, a preocupação é a saúde, o conforto e o bem-estar do animal.

Assim, além dos tipos específicos de tosa para cada raça, passando pelo gosto pessoal do dono, a tosa higiénica pode ser aplicada a todos os animais. Esse tipo de tosa visa principalmente a limpeza de algumas partes específicas do animal, sendo aparados os pelos da região genital e peri-anal, das patas, focinho, orelhas, da barriga nos machos, e do abdómen nas fêmeas com filhotes, com o intuito de facilitar a amamentação e higiene das tetas.

Uma vez que a tosa é feita em regiões delicadas e sensíveis do corpo dos animais, é de estrema importância a escolha de um local com profissionais qualificados e com boa higiene no uso de material esterilizado. A melhor opção é levar o animal de estimação a um local que lhe inspire confiança e onde exista um médico veterinário.

Um bom profissional de tosa, para além de possuir conhecimentos técnicos sobre os vários tipos de tosquia de acordo com o padrão de cada raça, também deve saber dar banho, secar, desembaraçar, escovar os pelos de maneira adequada, cortar as unhas, limpar os ouvidos e reconhecer quando o pelo e a pele, ou os ouvidos do animal, não estão saudáveis, e encaminhá-lo para o veterinário responsável.

É importante salientar que para cada tipo de pelagem, existe um tipo de tosa recomendada. As necessidades dos animais são diferentes, daí a importância de escolher bem o local e o profissional ao qual irá entregar o seu animal.

E fique atento se este aparecer ferido ou demonstrar medo numa próxima visita para os cuidados de higiene!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
15 de Março de 2024

Referências Externas:

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