A resistência aos antibióticos em animais de produção continua a aumentar em países com rendimentos médios e baixos, revelou um estudo recentemente publicado na revista científica Science.

Os cientistas que fizeram parte da investigação estimam que a resistência aos antibióticos tenha duplicado nos últimos 20 anos, com as bactérias cada vez mais adaptáveis e resistentes à ação dos antibióticos.

Para chegar a esta conclusão, a equipa analisou 901 estudos epidemiológicos que avaliaram a evolução de várias bactérias – Salmonella, Campylobacter, Staphylococcus e Escherichia coli –, ao longo do tempo.

Segundo Van Boeckel, do Swiss Federal Institute of Technology, em Zurique, pela primeira vez, houve evidências de que a resistência aos antibióticos [em animais de produção] está a aumentar, e muito rapidamente, nestes países.

O problema é que o aumento das resistências antimicrobianas nos animais de produção terá um consequente impacto no bem-estar e na saúde dos consumidores, por essa razão, os cientistas acentuam a necessidade de desenvolvimento de melhores políticas para o setor pecuário a nível global.

Acima de tudo, os cientistas temem que este problema se estenda aos humanos, e que as bactérias a que somos vulneráveis deixem de responder aos tratamentos atualmente usados para as combater.

Já no mês de maio, um grupo de trabalho constituído pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e Organização Mundial de Saúde (OMS) havia publicado um relatório que pedia ação imediata para evitar uma crise mundial de resistência aos antimicrobianos.

Também o Grupo Especial de Coordenação Interinstitucional sobre a Resistência aos Antimicrobianos das Nações Unidas (IACG) defendia que a saúde humana, animal, ambiental e a segurança dos alimentos estão estreitamente relacionados e pedia esforços conjuntos numa lógica “One Health” (saúde única) para fazer frente a uma crise mundial de resistência aos antibióticos.