A amamentação é o primeiro contacto do ser humano com o leite – neste caso, o materno – e aí ninguém vê problemas. Porém, as opiniões dividem-se quanto à ingestão de leite pelos adultos. Uns consideram-no um alimento essencial e aplaudem o seu consumo desde o início até ao fim das nossas vidas, mas outros dizem que é nocivo para a saúde.

O leite é um alimento natural, sem aditivos e sem químicos. Pelas suas características e pela riqueza em proteínas, hidratos de carbono, lípidos, vitaminas e minerais, reveste-se de uma importância fundamental ao longo de todo o ciclo de vida.

Hoje em dia, é um dos alimentos mais consumidos em todas as faixas etárias, proporcionando uma série de benefícios nutricionais.

Ainda assim, a ingestão de leite de vaca pelos adultos é uma questão bastante polémica. O primeiro argumento daqueles que defendem que os humanos não deveriam consumir leite é o de que somos o único mamífero que bebe leite na idade adulta. Mas esse nem chega a ser um argumento, pois os humanos também são os únicos mamíferos a comer batatas fritas, carne grelhada ou peixe cozido, por exemplo. O facto de sermos os únicos não significa que não nos seja vantajoso.

Invocam ainda que o leite de vaca se destina a alimentar bezerros – o que é verdade. O leite de vaca está preparado para transformar um vitelo em adulto, fornecendo-lhe os nutrientes que ele necessita para crescer, sendo o seu conteúdo nutricional diferente daquele do leite humano, no entanto, essas diferenças nutricionais não são prejudiciais para o ser humano, e não devem ser motivo de preocupação.

 

O principal alvo dos ataques ao leite é mesmo a presença de lactose, mas a lactose tanto existe no leite de vaca como no leite humano. Aliás, a sua presença no leite tem significado nutricional para os humanos, pois promove a absorção de cálcio e de fósforo no intestino e atua como agente anti-raquítico.

Para ser capaz de beber leite, digeri-lo e sentir-se bem com esse consumo, a pessoa tem de fabricar a enzima lactase, capaz de quebrar as ligações da lactose – e apenas 35% da população mundial é capaz de o fazer.

Em caso de intolerância, o leite de vaca pode ser substituído por leite sem lactose (ao qual é adicionada a enzima lactase, responsável pela degradação da lactose presente no leite) ou por alternativas de bebidas vegetais.

As bebidas vegetais de amêndoa, soja, coco, arroz, entre outras, podem ser substitutos, embora tenham teores nutricionais diferentes do leite de vaca.

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Há que ter em conta que muitas destas bebidas têm adição de açúcar e óleo de girassol, ao contrário do leite de vaca.

Outro argumento utilizado para justificar a não ingestão do leite é a presença de antibióticos e todo o tipo de contaminantes. É verdade que alguns contaminantes são lipossolúveis (solúveis nos lípidos) e, portanto, quando ingeridos pelas vacas podem ficar acumulados na gordura que, posteriormente, é mobilizada para o fabrico de leite. Sendo assim, talvez possa ser melhor ingerir leite biológico – se bem que se ainda não estão demonstrados os efeitos do leite convencional, também o não estão para o leite biológico.

Importa referir que, além de confirmar que não tem hormonas, antibióticos ou contaminantes que possam causar danos ao homem, os produtores de leite também têm de confirmar que o leite não tem bactérias. É por isso que existe a pasteurização, um processo de aquecimento e arrefecimento que permite matar ou incapacitar a maior parte das bactérias patogénicas que o mesmo pode conter.

Apesar de haver muita controvérsia associada ao consumo do leite de vaca, não há fundamentação científica. O leite não é um alimento nocivo à saúde mas também não é indispensável. Apesar de ser um dos alimentos mais completos, nem o leite nem nenhum outro alimento chega perto de ser completo.

O leite é uma fonte de nutrientes essenciais, como a caseína e proteínas do soro, vitaminas A, D, B2 e B12 e minerais como cálcio, fósforo, magnésio e potássio. Devido ao seu elevado teor de cálcio e vitamina D, o seu consumo é importante no desenvolvimento e manutenção da saúde óssea, pois auxilia na prevenção da osteoporose.

As proteínas presentes no leite ajudam na recuperação e crescimento muscular, sendo igualmente importantes no crescimento infantil.

No entanto, é necessário considerar as necessidades individuais, possíveis intolerâncias ou alergias, sintomas associados ao consumo de leite e o impacto ambiental. Existindo necessidade clínica da eliminação total de todas as fontes de leite de vaca e dos seus derivados, ou se houver essa vontade, é crucial introduzir alternativas igualmente ricas em proteína, cálcio e vitamina D.

Esse processo deve ser realizado de modo criterioso, sempre com o acompanhamento de um médico ou nutricionista.