AFRODISÍACOS, A PROCURA DO ELIXIR DO AMOR

AFRODISÍACOS, A PROCURA DO ELIXIR DO AMOR

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  Tupam Editores

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A procura incessante por fórmulas, mágicas ou não, para incremento da vida sexual não só pelos homens, mas principalmente por eles, pode ser observada ao longo de toda a história da humanidade, com particular destaque para a literatura erótica do oriente de que o célebre Kama Sutra indiano escrito por volta do século III e o “Livro das Almofadas” chinês, com mais de 2500 anos, são testemunho.

O étimo da palavra “afrodisíaco” deriva do grego “aphrodisios”, ou seja, “pertencente a Afrodite”, que na mitologia grega encarnava Afrodite filha de Zeus e Dione, a divindade grega do amor e da beleza em todos os seus mais variados aspetos e esplendor, intensamente atraente aos olhos dos mortais.

Na mitologia romana a deusa do amor e da beleza corresponde a Vénus, uma das figuras mais veneradas da antiguidade, constituindo um legado que evoluiu a partir da cultura e das tradições gregas. Por sua vez, também Afrodite, vista como responsável pela perpetuação da vida e personificando os poderes generativos da natureza, é um legado de culturas que se perdem no tempo, fazendo parte de uma linhagem de deusas que na antiguidade representavam a fertilidade e cujo culto foi provavelmente baseado na deusa Astarte da Fenícia, venerada por todo o médio oriente e considerada a soberana do mundo, também ela responsável pela perpetuação da vida.

Baseados no nome da deusa, os afrodisíacos desde sempre estiveram associados à reprodução e fertilidade, sendo procurados pelos casais como remédio para incrementar a sua performance sexual, tornar o ato sexual mais acessível e agradável ou alcançar a desejada fertilidade, quer através de alimentos, práticas mágicas, amuletos ou outros meios ainda mais bizarros.

Se comummente hoje tendemos a pensar em afrodisíacos como elementos de prazer sensual ou sexual, romance e líbido, no século XVII praticamente tudo o que era usado como alimento, desde as amêndoas aos pombos, foram considerados como afrodisíacos.

Historicamente, os alimentos que mais se destacavam como possuindo propriedades afrodisíacas, como como trufas, foie gras e caviar, ou em forma de órgão sexual, como os aspargos ou alcachofras, e até mesmo testículos de animais, eram raros, difíceis de encontrar ou muito caros.

Por tudo isto, será que alguns alimentos específicos, atividades ou conduta podem realmente afetar o desejo e o desempenho sexual? E por que será essa ideia tão persistente?

O amor entre um casal é um sentimento de carinho e demonstração de afetos que se desenvolve entre os seus elementos, em que o toque físico desempenha um papel fundamental para manter um relacionamento harmonioso. Numa relação a dois, o melhor e mais eficaz afrodisíaco a utilizar é o respeito, a atenção com o parceiro e a delicadeza no trato, seja a nível sexual ou na rotina diária. Com a aplicação deste conceito elementar provavelmente não irão ser necessários suplementos para manter viva uma relação.

Contudo, se ainda assim, por qualquer razão física ou psicológica, se entender adicionar uma pitada de suplementos a fim de melhorar alguns aspetos da relação, designadamente no desempenho sexual, algumas substâncias contidas em alimentos, bem como o uso de certas práticas poderão contribuir para esse efeito.

– Alimentos que contenham o aminoácido arginina, que pode ser encontrado nas abóboras, nozes e carne bovina, provocam o aumento do fluxo sanguíneo, em particular nas pessoas com problemas de circulação, por se transformar em óxido nítrico no organismo. Os alimentos ricos em ácidos gordos ómega 3, como salmão e abacate, produzem idêntico efeito.

– A quercetina, uma substância flavonoide com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que pode ser encontrada em boa parte das frutas e vegetais, como nos frutos vermelhos, maçãs, uvas, vinho tinto, alho e alcaparras, podem igualmente melhorar o fluxo do sangue, produzindo efeito idêntico.

Todavia, quando a maioria de nós pensa em afrodisíacos, não o faz a pensar em desempenho sexual, mas antes em desejo. Quem ainda não ouviu dizer que chocolate, morangos e ostras podem ter um efeito afrodisíaco poderoso? Quem não ouviu falar das cantáridas (mosca tóxica espanhola), chifres de rinoceronte moídos, ou de extratos de plantas raras como pó de Cabinda?

No caso das ostras, há evidências limitadas do seu efeito sobre o desejo sexual, mas falta ainda uma avaliação rigorosa que as comprove, em boa parte porque o efeito placebo é grande, facto que favorece os afrodisíacos quando se fala de desejo sexual.

No entanto, do ponto de vista histórico e científico, os alegados resultados obtidos podem não ter passado de meras crenças na eficácia, por parte dos seus utilizadores, do chamado efeito placebo. De facto, vários estudos confirmam que os alimentos referidos aumentam o fluxo sanguíneo embora nenhum aponte para o aumento da excitação ou desejo sexual. Todavia, vários estudos demonstraram que o consumo de álcool é uma exceção, tendo ficado provado estar ligado à excitação, embora também possa prejudicar o desempenho sexual em função da dose.

– A dieta e um estilo de vida saudável podem funcionar como um afrodisíaco através de benefícios como um melhor fluxo sanguíneo, aumento de hormonas ou melhoria de humor, fatores que é possível identificar na dieta mediterrânica à base de frutos do mar, carnes magras, nozes, frutas, legumes e cereais integrais, que ajudam na função nervosa, no fluxo sanguíneo e na produção de hormonas e por isso ligada a níveis mais baixos de disfunção sexual.

– O poder da mente é decisivo. As nossas experiências individuais podem ser determinantes para selecionar mentalmente os tipos de alimento que aliamos ao aumento do desejo sexual em cada um de nós.

O desejo é físico, psicossocial e relacional, envolvendo muitas variáveis e por isso, quando a pessoa acredita que determinado alimento aumenta o desejo, o efeito placebo passa a afetar a capacidade de ficar ou não excitado. Acresce ainda, que o ser humano é muito influenciável e o cérebro mantém memórias muito fortes e por vezes permanentes de sucessos sexuais, que irão desencadear novo desejo no futuro.

– Em termos evolutivos, os seres humanos têm o desejo natural de manter relações sexuais para se reproduzir e para isso precisam de ter um peso saudável e uma dieta que forneça os nutrientes necessários para tal, estabelecendo-se assim uma relação entre a alimentação e sexo. Os estudiosos dizem-nos haver evidências de que comemos certos alimentos para ficarmos mais atraentes para o sexo oposto e que pode também haver uma qualidade afrodisíaca inerente à prática de dar comida a um parceiro sexual - o que talvez explique a verdadeira razão pela qual uma caixa de chocolates ou uma simples refeição caseira a dois, possam induzir ao desejo.

A ideia generalizada de que os afrodisíacos são ótimos aliados para ajudar na nossa vida sexual persiste há tanto tempo, porque as pessoas sempre se sentiram atraídas pelos conceitos que prometem juventude, fertilidade e longevidade. Por isso, é muito provável que continuemos a acreditar neles nos próximos séculos.

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

Mais Sobre:
SEXUALIDADE HOMEM MULHER

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