A palavra fármaco deriva do grego pharmakon e significa remédio ou, na terminologia actual, medicamento. Segundo os historiadores, a sua utilização é tão antiga como o próprio Homem, tornando-se, assim, difícil de a localizar temporalmente.
Há registos de que os mesopotâmios, os egipcíos e os chineses já recorriam, no apogeu daquelas civilizações, a elaborados processos químicos para fabricar os seus medicamentos.
Na Antiguidade, os fármacos eram elaborados, na sua maioria, por sacerdotes. Apesar destes tratamentos terem uma base mística, existia, igualmente, um fundamento matemático e alquimista na elaboração dos medicamentos utilizados.
O centro médico-científico por excelência era, no entanto, a Grécia, nomeadamente, a escola de Hipócrates, uma vez que os gregos conheciam as propriedades curativas de uma vasta variedade de substâncias. A História reconheceu-os como os grandes propaladores da farmácia.
Também na Idade Média o conhecimento farmacológico que existia estava nas mãos de homens religiosos, mormente de monges, conhecidos por monges boticários, que por serem os responsáveis pela preparação dos remédios – quer para os irmãos do mosteiro, quer para a população em geral – usufruiam de mais regalias do que os outros.
Durante muitos séculos, as mezinhas e as crendices caminharam lado a lado do conhecimento científico da época, nomeadamente da alquimia. Aliás, os alquimistas eram, na maioria das vezes, médicos.
Mestres como Albertus Magnum, Santo Agostinho e Paracelsus (século XVI), entre outros, foram muito importantes para o desenvolvimento da medicina moderna.
Paracelsus foi o primeiro a constatar que a observação directa da natureza era fundamental para o estudo da medicina e que através de processos químicos se podia encontrar a cura para as doenças.
De realçar que decorridos mais de 500 anos, os investigadores do séculos XXI voltam a estudar a natureza – como por exemplo os anfíbios, para identificar os genes que possibilitam a regeneração dos membros, para desenvolver tratamentos para a cicatrização dos humanos – para poderem obter algumas respostas às suas muitas questões.
No século XVII, baseado na observação dos fenómenos da Natureza, destaca-se o cientista Edward Jenner com o desenvolvimento da vacina contra a varíola.
Até ao século XIX, os remédios – xaropes, unguentos, comprimidos, entre outros – vendidos pelos boticários, alquimistas e outros demais, eram elaborados artesanalmente em almofarizes, com produtos oriundos do Oriente, como o ópio, e com plantas dos seus próprios países.
Porém, é exactamente neste século que serão dados os primeiros passos que irão relegar os almofarizes e os medicamentos de fabrico artesanal para a prateleira, mais precisamente em 1884, data da fundação dos primeiros laboratórios farmacêuticos, a Bayer e a Ciba. Logo imediatamente a seguir, em 1886, são descobertas as primeiras substâncias sintéticas e, dois anos mais tarde, a Bayer sintetiza a aspirina.
A maioria dos medicamentos produzidos na primeira metade do séculos XX são antibióticos, uma vez que as infecções bacterianas, como a sépsis, febre puerperal, pneumonias, meningites, febre tifóide, tuberculose e sífilis, estavam a matar a população em grande número e os investigadores concentravam os seus esforços no combate a essas doenças.
Foi nos continentes europeu e americano que se registaram os mais elevados índices de descobertas científicas. A Europa dominava no campo da bacteriologia e da serologia devido ao trabalho de grandes cientistas, como Koch – o pai da epidemiologia –, Pasteur – técnica de pasteurização –, Ehrilch – início da quimioterapia moderna, descoberta do tratamento da síflis e das sulfamidas –, Lister – introdução de métodos antisépticos e de esterlização nos "blocos" operatórios –, de Flemming, Florey e Chain – descoberta da penicilina e sua posterior transformação em vacina. Do continente Americano vinha, por outro lado, o isolamento, sintetização e comercialização de vitaminas – a vitamina B1 foi a primeira ser isolada, em 1912, por C. Funk – e de hormonas, nomeadamente a insulina, isolada por F. Banting em 1922.
Porém, apesar do desenvolvimento destes novos medicamentos terem sido fundamentais para a humanidade, o mercado farmacêutico é ainda relativamente pequeno. A grande inovação farmacológica terá lugar após a segunda guerra mundial e concentrar-se-á nos Estados Unidos, dado que foi neste país que se refugiou a nata dos cientistas europeus que escapavam a Hitler.
Começam, assim, a ser criados cada vez mais laboratórios farmacêuticos e a serem descobertas cada vez mais moléculas.
Com o aparecimento de novas doenças, e a permanência das antigas, a pesquisa de novos fármacos é incessante. Os laboratórios vão duplicando as suas produções e aumentando as suas instalações. Todos os dias saem notícias sobre novas investigações, numa tentativa de se chegar mais perto de pedra filosofal, da panaceia para todas as doenças.
Porém, na maioria dos casos, o caminho entre a descoberta de uma molécula e a sua transformação em fármaco eficaz, passa por enormes investimentos financeiros. Assim, protegido aquele investimento, através de patentes, durante um período de tempo que permita o seu retorno, é possível estender à população em geral, os benefícios da sua aquisição, através dos designados genéricos.
Um genérico é aquele que possui "a mesma substância activa, forma farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação terapêutica que o medicamento original, de marca, que serviu de referência". Os pré-requisitos deste tipo de fármaco é "ser essencialmente similar (todos os medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias activas, sob a mesma forma farmacêutica e para os quais, sempre que necessário, foi demonstrada bioequivalência com o medicamento de referência em estudos de biodisponibilidade apropriados) de um medicamento de referência (medicamento cuja substância activa foi autorizada e comercializada pela primeira vez no mercado com base em documentação completa, incluindo resultados de ensaios químicos, biológicos, farmacêuticos, farmacológicos, toxicológicos e clínicos), os direitos de propriedade industrial relativos às respectivas substâncias activas ou processo de fabrico" tenham caducado e não pode evocar a "seu favor indicações terapêuticas diferentes relativamente ao medicamento de referência".
O Futuro
O exponencial desenvolvimento da biotecnologia e a consequente sequenciação do genoma humano veio dar outra dimensão à área farmacológica. Se por um lado, este fenómeno está a permitir o desenvolvimento de conceitos como o de medicamento feito à medida (das doenças dos pacientes) – recentemente, foi decifrado o genoma de um só indivíduo, que custou milhões, mas que daqui a alguns anos poderá ser acessível a todos –, por outro está a estimular crescimento acelerado de novas terapias, alternativas aos fármacos, como por exemplo a criação de órgãos híbridos que substituam ou reparem as lesões em órgãos humanos.
Recentemente, uma equipa da Universidade de Harvard desenvolveu um novo material que poderá ser o primeiro passo para o fabrico de tecidos ou mesmo órgãos passíveis de serem transplantados e de próteses ou motores que simulem as funções de músculos vivos. Nas experiências laboratorais, os investigadores desenvolveram uma "fina lâmina muscular" que consegue contrair-se por si própria ou por meio de estimulação a partir das células do músculo cardíaco de ratos.
Será que o desenvolvimento de novos tratamentos, como as terapias genéticas e criação de órgãos híbricos relegarão os medicamentos para o museu? A essa questão talvez os nossos trinetos possam responder, por agora contamos com os medicamentos para podermos viver mais e melhor, porque apesar de lhes terem sido atribuídos vários significados, ao longo dos tempos, a sua função permaceu inalterada, Sarar o Homem!
Actualmente, segundo a lei portuguesa, é considerado medicamento "toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma acção farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas".
A doença celíaca é um distúrbio digestivo e imunológico crónico que danifica o intestino delgado, desencadeada pela ingestão de alimentos contendo glúten.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.
A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica grave, crónica e incapacitante, que afeta de forma profunda a forma de pensar da pessoa, a sua vida emocional e o seu comportamento em geral.
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