Jejum em dias alternados para perder peso prejudica a ação da hormona reguladora do açúcar, a insulina, o que pode aumentar o risco de diabetes, segundo dados apresentados em Barcelona, Espanha, na reunião anual da Sociedade Europeia de Endocrinologia.

Estas descobertas sugerem que dietas baseadas em jejum podem estar associadas a riscos de saúde a longo prazo e uma consideração cuidadosa deve ser feita antes de iniciar tais programas de perda de peso.

Recentemente, dietas de jejum intermitentes ganharam popularidade geral para perda de peso, no entanto, evidências sobre o seu sucesso têm sido contraditórias e há uma falta de conhecimento e algum debate sobre seus efeitos nocivos à saúde a longo prazo.

Pesquisas anteriores também mostraram que o jejum de curto prazo pode produzir moléculas chamadas radicais livres, que são substâncias químicas altamente reativas que podem causar danos ao organismo celular e podem estar associadas à função prejudicada do órgão, risco de cancro e envelhecimento acelerado.

A fim de investigar se uma dieta de jejum intermitente também poderia gerar radicais livres prejudiciais, investigadores da Universidade de São Paulo, no Brasil, examinaram os efeitos do jejum a cada dois dias sobre o peso corporal, os níveis de radicais livres e a função da insulina, em ratos adultos normais durante um período de três meses.

Embora o peso corporal e a ingestão de ração dos ratos tenham diminuído conforme o esperado durante o período do estudo, a quantidade de tecido adiposo no abdómen aumentou.

Além disso, as células do pâncreas que libertam insulina mostraram sofrer de danos; foi ainda detetada a presença de níveis aumentados de radicais livres e marcadores de resistência à insulina.

“Este é o primeiro estudo a mostrar que, apesar da perda de peso, as dietas intermitentes em jejum podem realmente danificar o pâncreas e afetar a função da insulina em indivíduos saudáveis normais, o que pode levar ao desenvolvimento da diabetes e sérios problemas de saúde”, disseram os cientistas.