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Estudo revela porque se sente mais fome com temperaturas baixas

Todos os mamíferos, incluindo os seres humanos, gastam mais energia para manter a temperatura corporal normal em climas frios. Este acréscimo automático no gasto de energia, causado pelo frio, desencadeia um aumento na fome, embora até agora, os mecanismos específicos por trás do fenómeno ainda se desconheçam.

Estudo revela porque se sente mais fome com temperaturas baixas

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Mas um estudo realizado por uma equipa de investigadores do Scripps Research Institute, nos Estados Unidos, permitiu identificar os circuitos cerebrais que estimulam o desejo dos mamíferos de comer mais quando expostos a temperaturas frias, lançando luz sobre uma reação biológica fundamental para a compreensão da relação entre a temperatura e o metabolismo.

A investigação, publicada recentemente na revista científica Nature, identificou um aglomerado de neurónios que atua como um “interruptor” para esse comportamento de procura de alimento em situação de frio em ratinhos. A descoberta poderá abrir caminho para terapias potenciais voltadas para a saúde metabólica e a perda de peso.

A ideia de usar a exposição ao frio como método para perder peso e melhorar a saúde metabólica não é nova. Contudo, a resposta evolutiva dos humanos ao frio não foi concebida com a perda de peso em mente, mas para garantir a sobrevivência em alturas de escassez de alimentos. É por isso que, assim como as dietas e o exercício, o frio aumenta o apetite para neutralizar qualquer efeito de perda de peso.

No estudo, a equipa constatou que os animais só começavam a procurar mais alimentos cerca de seis horas após serem expostos ao frio, o que sugere que essa resposta não é uma consequência direta da perceção imediata do frio.

A utilização de técnicas avançadas de neuroimagem para analisar a atividade dos neurónios sob condições frias e quentes permitiu observar uma atividade neuronal intensa no núcleo xifoide do tálamo médio, precisamente antes de os ratinhos iniciarem a sua procura por alimento.

Quando os investigadores ativaram artificialmente esses neurónios, os ratinhos aumentaram a procura por comida, mas não outras atividades. Da mesma forma, quando a equipa inibiu a atividade dos neurónios, os animais diminuíram a procura por comida. Esses efeitos apareceram apenas sob a condição de frio, o que implica que as temperaturas frias fornecem um sinal separado que também deve estar presente para que ocorram mudanças no apetite.

Foi possível descobrir ainda que esses neurónios do núcleo xifoide projetam-se para uma região cerebral conhecida como núcleo accumbens, amplamente reconhecida pelo seu papel na integração de sinais de recompensa e aversão que direcionam comportamentos, incluindo o comportamento alimentar.

Segundo o Dr. Li Ye, autor sénior do estudo, este trabalho, além de aumentar o entendimento sobre a neurobiologia do apetite e o consumo de energia, pode ter implicações clínicas significativas, apontando para novas estratégias terapêuticas no combate à obesidade e melhora da saúde metabólica.

Atualmente, o objetivo dos especialistas é descobrir como dissociar o aumento do apetite do aumento do gasto de energia, e explorar se esse mecanismo está ligado a outras formas de gasto energético, como o exercício.

Fonte: Tupam Editores

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