FIBROMIALGIA

Fibromialgia associada a risco aumentado de morte prematura

A fibromialgia, uma condição que causa dor generalizada persistente e fadiga, pode estar ligada a um risco aumentado de morte como resultado da vulnerabilidade a acidentes, infeções e especialmente suicídio, sugere uma análise de dados, publicada no jornal RMD Open.

Fibromialgia associada a risco aumentado de morte prematura

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FIBROMIALGIA


As descobertas levam os investigadores a pedir uma monitorização regular da saúde física e mental dos pacientes para minimizar esses riscos.

Não está claro o que causa a fibromialgia, mas a sua prevalência tem vindo a aumentar, e com os números aumenta também o reconhecimento de que a condição coexiste geralmente com outros problemas de saúde como distúrbios reumáticos, intestinais, neurológicos e de saúde mental.

Devido à extensão da dor experimentada e à probabilidade de desenvolverem outras condições dolorosas e debilitantes, acredita-se que estes pacientes provavelmente corram maior risco de morrer antes do tempo.

Para fortalecer esta hipótese, a equipa de investigação reviu as descobertas de oito estudos relevantes, publicados entre 1999 e 2020, de um levantamento inicial de 33. Reuniram os resultados de seis deles, o que envolveu um total de 188.751 adultos, todos com outras condições coexistentes.

A análise revelou que a fibromialgia estava associada a um risco aumentado de 27% de morte por todas as causas ao longo do tempo, embora isso não fosse verdade para os pacientes diagnosticados pelos critérios de 1990. Mas os critérios diagnósticos para a fibromialgia evoluíram desde 1990, em conjunto com o aumento da compreensão da variedade de sintomas clínicos associados à doença, tendo sido revistos em 2010, 2011 e 2016.

Especificamente, a análise revelou que o risco de morte por cancro era 12% menor do que para a população geral da mesma idade e apenas marginalmente maior (5%) para os acidentes. No entanto, foi 44% maior para infeções, incluindo pneumonia e septicemia, e mais de três vezes maior para o suicídio.

Segundo os especialistas, não está claro se esse risco aumentado se deve à própria fibromialgia ou às condições concomitantes, mas a investigação também não foi desenvolvida com o intuito de o descobrir.

Devido à heterogeneidade significativa entre os estudos, que além de incluirem poucos participantes ainda eram pequenos em número, não se podem tirar conclusões claras dos dados disponíveis. Contudo, é possível que para o subgrupo de pacientes diagnosticados pelos critérios de 1990 não haja risco aumentado de mortalidade, e para aqueles diagnosticados pelas versões posteriores o risco seja maior.

Mas existem explicações plausíveis para as descobertas. A constatação de aumento da mortalidade associada a acidentes pode resultar de fadiga, sono não reparador e dificuldades de concentração que acompanham a fibromialgia e são um componente dos seus critérios diagnósticos desde 2010.

As evidências apoiam cada vez mais o envolvimento do sistema imunológico e da inflamação na fisiopatologia da fibromialgia, o que pode explicar a descoberta de aumento da mortalidade por infeções. A comorbidade física pode ser uma explicação adicional. Já o risco reduzido por cancro pode dever-ser ao facto de estes pacientes consultarem exaustivamente os serviços de saúde.

Devido à elevada prevalência da doença, os riscos identificados na análise podem representar um grave problema de saúde pública, que os médicos nem sempre levam a sério. A equipa médica continua relutante em aceitar a fibromialgia como uma condição médica e enfrenta dificuldades emocionais e psicológicas ao interagir com esses pacientes e lidar com o seu distúrbio.

A fibromialgia é frequentemente chamada de “doença imaginária”, mantendo-se os debates sobre a legitimidade e utilidade clínica do diagnóstico. Esta revisão é mais uma prova de que os pacientes com fibromialgia devem ser levados a sério, com foco particular na triagem de ideação suicida, prevenção de acidentes, e prevenção e tratamento de infeções.

Fonte: Tupam Editores

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