GASTROENTEROLOGIA

Impacto de fármacos na flora intestinal é maior do que se pensava

Somos, sem dúvida, uma das gerações mais medicadas que já viveu no planeta. São muitos os que tomam vários medicamentos diariamente, durante meses, ou mesmo anos. É verdade que vivemos mais, mas a nossa maneira de aumentar a longevidade tem um preço.

Impacto de fármacos na flora intestinal é maior do que se pensava

BELEZA E BEM-ESTAR

MICROBIOTA INTESTINAL - Fundamental para a boa saúde do organismo


Muitos medicamentos normalmente usados têm efeitos poderosos sobre as nossas bactérias intestinais. Até pode achar que o facto nem é assim tão importante mas, acredite, é mesmo!
As investigações mais recentes mostram que a nossa imunidade inata depende de um microbioma intestinal saudável.

As doenças responsáveis por algumas das principais causas de mortalidade em todo o mundo – incluindo obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e cancro – estão ligadas a mudanças observáveis na microbiota intestinal humana. E outras patologias crónicas, como a doença inflamatória intestinal, asma, alergias e até artrite reumatoide, também têm sido associadas à disbiose (desequilíbrio da microbiota intestinal). Logo, a microbiota intestinal com as suas estreitas ligações com o metabolismo e o sistema imunológico, pode estar no centro de uma boa saúde.

O microbioma intestinal consiste em bilhões de microrganismos essenciais para o funcionamento normal do corpo e ainda se desconhece como a maioria dos medicamentos interage com eles, e o que isso nos causa, seja para o bem ou para o mal.
Para colmatar esta lacuna do nosso conhecimento, uma equipa de várias instituições da Alemanha realizou um estudo para analisar os efeitos de 28 medicamentos diferentes e várias combinações de medicamentos.

Os cientistas descobriram que muitos medicamentos afetam de forma negativa a composição e o estado das bactérias intestinais, mas outros, como a aspirina, podem ter uma influência positiva no microbioma intestinal.
Segundo o Professor Peer Bork, do Laboratório Europeu de Biologia Molecular de Heidelberg, na Alemanha, ficou provado que os medicamentos podem ter um efeito mais pronunciado no microbioma do hospedeiro do que as doenças, a dieta e o tabagismo combinados.

Embora o impacto negativo e duradouro dos antibióticos nas bactérias intestinais já seja do conhecimento geral, este estudo mostrou que esses efeitos provavelmente se acumulam com o tempo.
Sofia Forslund, co-autora do estudo, refere que se chegou a conclusão que o microbioma intestinal de pacientes que tomam várias séries de antibióticos ao longo de cinco anos se tornou menos saudável. Isso incluiu sinais que indicam resistência antimicrobiana.

Rima Chakaroun, da Universidade de Gotemburgo, relembra que o microbioma pode refletir o estado de saúde de um paciente e fornecer uma gama de biomarcadores para avaliar a gravidade das doenças. O que muitas vezes se esquece é que um medicamento usado para tratar uma determinada doença também afeta o estado do microbioma.

Ao desenvolverem uma abordagem estatística que considera os efeitos de vários fatores de confusão, os cientistas podem descobrir os efeitos dos medicamentos e doenças separadamente. Passou-se a ter uma estrutura metodológica robusta que torna possível eliminar muitos dos erros padrão. Isto permitiu mostrar que a medicação pode mascarar as assinaturas da doença e ocultar potenciais biomarcadores ou alvos terapêuticos.

Os cientistas esperam que estes resultados possam ajudar potencialmente no reaproveitamento de medicamentos, assim como no planeamento do tratamento individualizado e em estratégias de prevenção.

Fonte: Tupam Editores

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