INTOXICAÇÃO INFANTIL: SAIBA COMO AGIR E PREVENIR
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Tupam Editores
A exploração do espaço é uma atividade importante para o desenvolvimento infantil. As crianças são naturalmente curiosas e colocar objetos na boca ou tentar agarrar frascos com líquidos coloridos são comportamentos característicos dessa fase, mas que podem colocar os pequenos em grande risco de intoxicação ou envenenamento.
O ambiente domiciliar é, na maioria das vezes, o de maior risco. Embora a negligência e o desconhecimento por parte dos cuidadores sejam dos fatores mais determinantes para a ocorrência de uma intoxicação acidental, fatores sociais e demográficos, como o número do agregado familiar, as condições socioeconómicas e o local de arrumação das várias substâncias, são igualmente fatores de risco importantes que influenciam, de forma significativa, os casos de intoxicação pediátrica no domicílio.
A intoxicação pediátrica é uma emergência comum a nível mundial. Ocorre quando há ingestão, inalação, injeção ou absorção através da pele de uma substância em quantidades consideradas nocivas para o corpo humano.

É considerada um desafio para os médicos de urgência e representa um problema de saúde pública e social importante.
Alguns produtos estão frequentemente associados à ocorrência desse tipo de lesão, como os produtos de utilização doméstica (limpeza, inseticidas, ambientadores), bebidas alcoólicas, medicamentos, vitaminas, produtos de arte, tintas, cosméticos e outros produtos de beleza, plantas, corpos estranhos e até brinquedos.
Quando expostas a algum veneno, as crianças sofrem consequências mais sérias do que os adultos pois possuem uma estrutura corporal menor, o seu metabolismo é mais rápido e os seus órgãos internos mais vulneráveis a danos quando atacados por toxinas.
Os sintomas de envenenamento ou intoxicação variam muito de acordo com o perfil de cada criança e com a gravidade do quadro, o que inclui a quantidade de substância ingerida. Dores, vómitos, convulsões, diarreia, dificuldades em respirar, confusão mental, mudança na cor dos lábios, ardor na garganta, no estômago e na boca são alguns deles, que podem aparecer imediatamente, a médio ou a longo prazo.
Perante qualquer um destes sintomas, deve procurar ajuda médica com rapidez. Se a criança não apresentar risco iminente de vida, pode primeiro ligar para o Centro de Informação Antivenenos (CIAV), ao pediatra ou à Saúde 24 para saber o que fazer, no entanto, se notar alguma alteração como febre elevada, alucinações ou perda de consciência deve recorrer imediatamente aos serviços de urgência hospitalares mais próximos.
Em caso de intoxicação por ingestão, deve verificar se a criança ainda tem a substância na boca e fazê-la cuspir imediatamente.
Não a force a vomitar pois poderia causar engasgamento e a quantidade que vomitaria seria irrelevante. Se a criança tiver deixado de respirar, faça manobras de ressuscitação, só parando quando os paramédicos chegarem.
Se a intoxicação tiver ocorrido por inalação, deve retirar imediatamente a criança do local onde inalou o fumo ou gás e levá-la para o ar livre. Mais uma vez, se esta tiver deixado de respirar deve praticar manobras de ressuscitação cardiopulmonar, parando apenas se ela voltar a respirar ou se, entretanto, chegarem os paramédicos.
Numa intoxicação por contacto com a pele deve ser retirada imediatamente toda a roupa da criança. Seguidamente deve passar-lhe o corpo inteiro por água morna corrente durante pelo menos 15 minutos, devendo ter especial atenção aos locais que possam conter vestígios do produto tóxico.
Quando a intoxicação acontece por contacto com os olhos – uma parte particularmente sensível do corpo –, estes devem ser tratados com especial cuidado. Assim, os olhos deverão ser enxaguados, abertos, com água corrente e à temperatura ambiente durante 15 minutos.
Na verdade, a maioria das intoxicações pediátricas são preveníveis, pelo que é importante educar e sensibilizar a população para esta temática.

Entre as medidas a adotar para minimizar os riscos deste tipo de acidentes, os pais devem, antes de mais, informar-se sobre quais os produtos domésticos que podem ser tóxicos.
Depois, devem guardar todos os produtos de higiene e limpeza, venenos e medicamentos trancados em local alto e fora do alcance das crianças; manter os produtos tóxicos nas suas embalagens originais para não as confundir e preferir os produtos cujas embalagens possuam tampas de segurança à prova de abertura.
Na compra de um brinquedo ou qualquer outro produto, os educadores devem certificar-se de que é atóxico, ou seja, que não contém componentes tóxicos. Há que ter também em mente que as tintas da cama e das paredes de casa podem conter substâncias tóxicas, como chumbo e monóxido de carbono, que fazem mal à saúde da criança. Assim, devem ter atenção à composição das tintas aí utilizadas.
Devem ser entregues na farmácia todos os medicamentos fora de prazo e outros venenos potenciais. Os pais devem evitar tomar medicamentos na frente das crianças, pois elas tendem a imitar os adultos.
Também como medida de prevenção, os educadores devem manter uma lista de contactos de urgência junto do telefone e/ou no telemóvel. Importa referir que criar condições de segurança para uma criança não passa por limitar as suas experiências, mas sim promovê-las através de um ambiente seguro, permitindo que ela se desenvolva da melhor forma.