CIRURGIA

Cirurgia bariátrica associada a diminuição do risco de cancro

Um estudo recentemente publicado na revista Obesity apurou que a cirurgia bariátrica está associada a um risco significativamente menor de cancro e à redução de mortalidade por esta doença, especialmente nas mulheres.

Cirurgia bariátrica associada a diminuição do risco de cancro

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Investigações anteriores haviam identificado uma forte ligação entre a obesidade e o cancro. O Instituto Nacional do Cancro lista a obesidade como fator de risco para o cancro, referindo que aumenta o risco de morte em 62% nas mulheres e em 52% nos homens. Não está claro, contudo, como a perda voluntária de peso afeta o risco de cancro.

As novas descobertas sugerem que as cirurgias para perda de peso podem desempenhar um papel importante na prevenção do cancro. De acordo com Anton Bilchik, oncologista cirúrgico, a cirurgia bariátrica é o tipo de perda de peso mais durável, especialmente em pessoas com obesidade grave.

O estudo sugere que pode reduzir vários tipos de cancro relacionados com hormonas, como o cancro da mama, mas também tem um efeito anti-inflamatório, que se demonstrou ser importante no desenvolvimento de vários cancros.

Para compreender melhor a associação entre a perda de peso e o cancro, os investigadores compararam 38 anos de dados de saúde de 21.827 pessoas que fizeram cirurgia bariátrica – incluindo bypass gástrico, banda gástrica, gastrectomia vertical e troca duodenal –, com pessoas que não fizeram esta cirurgia.

A equipa descobriu que os pacientes que se submeteram à cirurgia bariátrica tinham um risco 25% menor de desenvolver qualquer tipo de cancro em comparação com o grupo que não realizou a cirurgia, e um risco 37% menor de cancros relacionados à obesidade.

A redução do risco foi maior nas mulheres. Aquelas que se submeteram à cirurgia bariátrica tiveram um risco 41% menor de cancro de origem hormonal, incluindo cancro da mama, ovários, útero e cólon.
Nos homens que fizeram a cirurgia bariátrica o risco de cancro não era mais baixo do que o grupo que não fez a cirurgia.

O cancro parecia ainda menos mortal naqueles que fizeram a cirurgia. Entre as pacientes do sexo feminino submetidas à cirurgia bariátrica, a taxa de mortalidade por cancro foi 47% menor em comparação com o grupo de mulheres que não realizaram a cirurgia.

Os resultados revelaram que não só o cancro está a ser prevenido (menor incidência), mas também está a ser retardado, pois está a ser detetado em fases iniciais.

A obesidade afeta todos os sistemas orgânicos do corpo. Embora o mecanismo não esteja certo, a doença causa inflamação crónica, superprodução de insulina e outras hormonas que podem estimular o crescimento celular anormal.

Segundo os especialistas, a cirurgia bariátrica parece trazer muitos benefícios à saúde a longo prazo, incluindo redução do desenvolvimento de tumores, menos inflamação e melhora da função hormonal.
O facto de as taxas de cancros de origem hormonal, como o cancro da mama, dos ovários e do útero, terem diminuído em mulheres submetidas a este tipo de cirurgia sugere que as hormonas podem desempenhar um papel importante na redução do risco de cancro.

Mais investigações são necessárias para entender melhor a razão de a cirurgia bariátrica ter um impacto tão significativo no risco de desenvolver e morrer de cancro. Idealmente, esta descoberta mecanicista levaria a um tratamento melhorado e talvez à deteção de cancros.

Fonte: Tupam Editores

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