As descobertas, publicadas no European Spine Journal, sugerem que esta poderá ser uma forma de diminuir a dependência de opioides para reduzir a dor pós-operatória e ajudar os pacientes a recuperar a autonomia mais cedo.

Pacientes que realizaram uma cirurgia aberta à coluna lombar que receberam um bloqueio bilateral do plano do músculo eretor da espinha (ESPB) como parte de um tratamento analgésico multimodal experimentaram uma redução significativa na pontuação da dor e na toma de opioides nas primeiras 24 a 48 horas após a cirurgia, em comparação com pacientes que foram tratados apenas com a abordagem analgésica multimodal.
Verificou-se ainda que esses pacientes também necessitaram de menos medicação para controlar náuseas ou vómitos e que permaneceram menos tempo na sala de recobro.

De acordo com Girish Joshi, líder do estudo, os pacientes submetidos a cirurgia de coluna normalmente experimentam um nível moderado a alto de dor pós-operatória o que requer esforços significativos para a controlar. Tradicionalmente, isto significa grandes doses de opioides, no entanto, devido aos problemas da sua toma muitos médicos estão à procura de abordagens alternativas para o tratamento da dor pós-operatória.

O estudo retrospetivo comparou medidas pós-operatórias em 50 pacientes submetidos a uma laminectomia lombar aberta por estenose espinhal. Metade dos pacientes recebeu ESPB em conjunto com analgesia multimodal padronizada e a outra metade recebeu apenas analgesia multimodal. Os ESPB são administrados imediatamente antes da cirurgia através de uma injeção guiada por ultrassom.

Os investigadores verificaram que 24 horas após a cirurgia, as necessidades de opioides entre os pacientes com ESPB foram reduzidas em cerca de metade em comparação com os pacientes sem ESPB e permaneceram mais baixas no período das 48 horas. As pontuações de dor na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA), e até ao segundo dia após a cirurgia, também foram significativamente mais baixas, e o tempo na SRPA também foi reduzido em cerca de 30 minutos.

Este estudo demonstra que o bloqueio do plano do músculo eretor da espinha é uma ferramenta eficaz para reduzir a necessidade de opioides quando combinado com uma abordagem multimodal de controle da dor que inclui paracetamol e anti-inflamatórios não-esteroides.

A dor pós-operatória é um dos principais fatores de atraso na recuperação após a cirurgia, assim como na redução da satisfação do paciente, além disso, a toma de opioides no tratamento da dor também apresenta desafios, incluindo o risco de dependência.

Segundo os especialistas, os ESPBs podem desempenhar um papel importante num plano de recuperação sem opioides que utilize uma abordagem multimodal de controle da dor, não apenas em cirurgias de coluna, mas potencialmente também noutros tipos de cirurgia.