Acima de dois milhões de pessoas nos EUA usam cocaína regularmente, mais de três vezes o número das que usam metanfetaminas. Aproximadamente uma em cada cinco mortes por overdose no país envolve cocaína, e o seu uso contínuo contribui para uma série de problemas graves de saúde, incluindo ataque cardíaco e derrame. No entanto, não há nenhum tratamento aprovado pela FDA para transtornos relacionados com esta adição.

Décadas de investigações descobriram que os medicamentos existentes, como antidepressivos ou estimulantes, não têm efeito significativo, ao passo que outros estudos envolvem amostras tão pequenas de pacientes que estão a anos de distância de alcançar conclusões.

Ao combinar na perfeição inteligência artificial (IA), inteligência humana, testes clínicos e análise computacional, os especialistas da Universidade Case Western Reserve, em Cleveland, descobriram uma opção que parece promissora.

A cetamina, uma pequena molécula orgânica sintética usada clinicamente como anestésico e no tratamento da depressão, foi associada a uma melhora significativa na remissão de pessoas com transtornos por uso de cocaína.
Os especialistas descobriram que esses pacientes que receberam a cetamina para o tratamento da dor ou da depressão apresentavam taxas de remissão duas a quatro vezes maiores.

Embora alguns estudos anteriores tenham verificado uma maior eficácia da cetamina no tratamento do transtorno do uso de cocaína, os grupos envolvidos eram bastante homogéneos. Este estudo, publicado na revista Addiction, não só incluiu uma maior diversidade de participantes por raça e género, mas também indivíduos que sofriam de condições médicas e psiquiátricas adicionais.

E embora corrobore substancialmente a utilização da cetamina no tratamento do transtorno do uso de cocaína, os cientistas realçam a necessidade de se realizarem ensaios clínicos adicionais para avaliar o impacto potencial deste anestésico de forma mais completa.

Para Pamela Davis, co-autora do estudo, este é um bom exemplo de como abordar um problema intratável através do uso criativo de IA, usando diferentes fontes de dados. A esperança é que esta abordagem sugira abordagens terapêuticas para outros problemas difíceis.