AUTISMO

Cientistas desenvolvem nova terapia para subtipo de autismo

Uma equipa de cientistas da Universidade Northwestern, liderada por Peter Penzes, desenvolveu uma nova terapia que pode tratar a Síndrome de Phelan-McDermid, um subtipo de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Cientistas desenvolvem nova terapia para subtipo de autismo

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A Síndrome de Phelan-McDermid é uma doença rara que não tem cura nem tratamento específico, o que faz com que poucos adultos consigam viver de forma independente. Os sintomas costumam causar uma ampla gama de desafios médicos, intelectuais e comportamentais. As características mais comuns são atraso cognitivo, ausência de fala, epilepsia, baixo tónus muscular, transtorno do espectro do autismo e alta tolerância à dor, chegando algumas crianças a ser acompanhadas em mais de 10 especialidades.

Sabe-se que a síndrome de Phelan-McDermid é causada por uma mutação genética específica do gene SHANK3, envolvido diretamente nas sinapses e nos processos de aprendizagem e memória e fortemente implicado no autismo. Devido à heterogeneidade do TEA, o desenvolvimento de terapias direcionadas eficazes tem sido extremamente desafiador, deixando os pacientes com opções de tratamento que melhoram a gestão da doença.

Tendo em conta a necessidade urgente de novas terapias, os cientistas
desenvolveram um derivado de uma proteína de ligação ao fator de crescimento semelhante à insulina, IGFBP2, presente em estruturas do cérebro afetadas no TEA e demonstrou melhorar a neuroplasticidade e as funções cognitivas.

Administraram, então, o peptídeo derivado do IGFBP2, denominado JB2, a ratinhos com mutações no SHANK3. Por meio de imagens cerebrais avançadas, os especialistas descobriram que a droga melhorou a neuroplasticidade, deficiências de comportamento e processos celulares no cérebro dos animais.

De acordo com Penzes, essas mudanças foram diretamente correlacionadas com melhorias nas habilidades de aprendizagem e memória dos ratinhos, função motora e comunicação por meio de vocalizações ultrassónicas, descobertas que podem ser traduzidas para comportamentos sociais em humanos.

Nos pacientes com autismo a fala não se desenvolve, ou desenvolve-se muito tarde, ou é muito simplificada, logo, acredita-se que essas vocalizações ultrassónicas nos ratinhos de alguma forma modelam isso nos animais.

Os cientistas recorreram à eletroencefalografia para medir a atividade cerebral dos ratinhos e descobriram que o JB2 normalizou a excitabilidade neuronal, ou a forma como os neurónios respondem a estímulos com carga elétrica e a suscetibilidade a convulsões.

Embora o medicamento ainda esteja nos seus estágios iniciais, o professor Penzes refere que, teoricamente, a sua administração rotineira na corrente sanguínea dos pacientes enquanto ainda são jovens, seja por meio de injeções regulares ou na forma de comprimido, seria o ideal.

Por se tratar de uma condição do neurodesenvolvimento, o cérebro ainda muda após o nascimento, mesmo na idade adulta. Quanto mais cedo se intervir melhor, logo, o ideal seria iniciá-lo como um medicamento pediátrico, mas para esses medicamentos é mais difícil obter aprovação.

Segundo o especialista, os ensaios clínicos iniciais envolveriam participantes com a síndrome de Phelan-McDermid e, se bem-sucedidos, poderiam eventualmente expandir-se para incluir pacientes com outros tipos de TEA.
Supõe-se que acontecem mudanças semelhantes no cérebro de pacientes com outros tipos de autismo e na síndrome de Phelan-McDermid, mas esses pacientes teriam uma resposta melhor.

Fonte: Tupam Editores

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