Insuficiência cardíaca vai afetar 500 mil portugueses em 40 anos
Em Portugal, há 380 mil doentes com insuficiência cardíaca (IC) e estima-se que, em 2060, este número ascenda aos 500 mil. O Grupo de Estudos de Insuficiência Cardíaca (GEIC) da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) manifesta a sua preocupação com a falta de organização efetiva no acompanhamento e tratamento destes doentes e com o desconhecimento geral sobre esta doença, que é responsável pela morte de metade dos doentes cinco anos após o diagnóstico.
SOCIEDADE E SAÚDE
ONEOMANIA, O VÍCIO DAS COMPRAS - Uma doença de tratamento demorado
Etimologicamente, o substantivo oneomania deriva do grego (one + mania), que significa “mania das compras” sendo considerada uma patologia do foro psicológico que se carateriza pelo desejo anormal, compulsivo de fazer compras. LER MAIS
Silva Cardoso, coordenador do GEIC explica que, “sendo o Serviço Nacional de Saúde um dos melhores a nível mundial, não faz sentido que o acompanhamento e tratamento dos doentes com IC seja tão incompleto e tão pouco eficiente, como se revela atualmente, e sem uma estratégia eficaz de abordagem aos doentes. Temos diversas áreas da Cardiologia em que prestamos cuidados de saúde de elevada qualidade, como é o caso concreto da Via Verde Coronária ou a Via Verde para o AVC, e é necessário fazer também da insuficiência cardíaca uma prioridade nacional”.
“Acreditamos que esta desorganização nos cuidados e falta de eficiência se deve a um profundo desconhecimento em relação à doença, quer por parte da população em geral como até, possivelmente, de alguns setores da comunidade médica. E basta olharmos para os factos para percebermos a dimensão do problema: a taxa de mortalidade da insuficiência cardíaca é superior à dos cancros mais comuns, como mama, próstata, colón e leucemia”, conclui.
Com o objetivo de contribuir para reverter esta situação, o GEIC organiza esta sexta-feira, 24 de janeiro, o colóquio “Tempo de Agir – Portugal, 400 mil doentes com IC: organizar, AGORA!”, entre as 11h30 e as 12h30, no VIP Executive Art’s Hotel, em Lisboa. Neste debate estarão presentes médicos doentes e entidades governamentais, que serão desafiados a apresentar soluções e estratégias capazes de impulsionar a mudança.
A insuficiência cardíaca tem ainda um forte impacto ao nível dos gastos na saúde, representando 2,6 por cento da despesa pública.
De acordo com dados recentes, foi a segunda maior causa de dias de utilização de camas hospitalares em Portugal (182 512 dias de internamento), cerca do dobro dos números identificados para o enfarte agudo do miocárdio. O número de internamentos por IC cresceu em 33 por cento entre 2004-2012.