TATUAGENS

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BELEZA E BEM-ESTAR

  Tupam Editores

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Exuberantes ou mais discretas, a preto ou coloridas, grandes ou pequenas, as tatuagens nunca estiveram tão na moda!

Mas adornar o corpo com tatuagens já é “moda” há mais tempo do que imagina. Tudo indica que esta expressão corporal é tão antiga quanto a própria humanidade, sendo uma das formas de modificação do corpo mais conhecidas e cultivadas no mundo.

Diversos documentos históricos revelam que as tatuagens já eram usadas no antigo Egipto, entre 4000 e 2000 a.C., assim como na China e no Japão há cerca de 7000 anos. Pólos de descobrimento e de comércio, estas civilizações contribuíram para a sua disseminação, o que justifica o facto de, bem mais tarde, por volta de 1100 d.C. terem sido encontradas por toda a Ásia, Polinésia e Nova Zelândia.

Existem igualmente registos de que os celtas, os vikings, os dinamarqueses, os normandos e os saxões também se tatuavam. No continente americano, o primeiro tatuador estabeleceu-se em Boston apenas em 1846, mas os nativos do continente já usavam uma forma de tatuagem muito antes dessa data.

Ao longo dos tempos, as diferentes culturas e civilizações deram variados usos às tatuagens.

Nas menos avançadas as tatuagens serviam para exprimir o caráter dos indivíduos e para estabelecer a hierarquia entre os elementos duma mesma tribo, quer religiosa quer socialmente. Essas tatuagens referiam-se, habitualmente, a marcos da sua vida, desde o nascimento à morte, representando, por vezes, características da sua vida social.

No início da Era Cristã, a tatuagem era utilizada como forma de identificação dos fiéis. Uma série de símbolos, como cruzes, o peixe e as letras gregas que simbolizam Jesus, eram tatuados pelos cristãos primitivos. Com o reconhecimento da religião cristã pelo Império Romano, a tatuagem é proibida por ser considerada uma profanação do corpo, e retorna apenas no século XVIII através do contacto do navegador britânico Capitão James Cook com os povos da Polinésia no Taiti.

As tatuagens também serviram como amuleto para dar sorte; para marcar na pele a passagem da infância à idade adulta; para identificar criminosos; mostrar que alguém pertencia a um determinado grupo; ou simplesmente para embelezar o corpo humano.

No mundo ocidental a tatuagem surge entre comunidades de baixa condição financeira e pouca influência social. Torna-se popular no interior dos guetos, prostíbulos e tavernas frequentadas pelas pessoas marginalizadas pela sociedade. Por essa razão, será vista com maus olhos pela sociedade, tornando-se algo considerado de “mau gosto”, até ao fim do século XX.

Atualmente, as pessoas tatuam imagens de que gostam para recordarem pessoas, animais de companhia, momentos importantes, desejos que querem um dia cumprir, para atraírem a boa sorte, para ter na pele palavras inspiradoras que as acompanhem todos os dias, por questões de personalidade ou por razões puramente estéticas.

São aplicadas usando uma enorme variedade de motivos e tamanhos e utilizando várias cores. Os grandes apreciadores, ou mais “fanáticos”, têm-nas, muitas vezes, em todo o corpo.

Mas será que a pele – o mais extenso órgão do corpo humano, responsável pela termorregulação, pela defesa, pela perceção e pela proteção –, não se ressente ao ser repetidamente picada por uma agulha e usada como tela? Serão as tatuagens inócuas?

Como se processam as tatuagens e como reage a pele

De realçar que em Portugal a atividade de aplicação de tatuagens, assim como os produtos utilizados na mesma, não se encontram regulamentados, mas existem boas práticas que devem ser cumpridas pelos profissionais e exigidas pelos consumidores, de forma a diminuir o risco de infeções.

A limpeza, a higiene, e o material usado são uma prioridade em qualquer estúdio de tatuagens, de forma a minimizar o perigo. Devem ser usadas agulhas, luvas e máscaras descartáveis (apenas para um cliente, e que após utilização vão para o lixo) e todo o outro material desinfetado.

Fumar num estúdio de tatuagem viola as diretivas de higiene, por isso é proibido. Quanto à presença de animais também não é permitida, e a razão é simples, primeiro porque podem representar uma distração no trabalho do tatuador, e também porque podem originar infeções devido ao pelo.

Quando se faz uma tatuagem, a zona do corpo a tatuar é repetidamente picada por uma agulha que injeta tinta para o interior da pele – estima-se que a pele seja perfurada entre 50 e 3000 vezes por minuto. É esta ação repetida que faz com que os pigmentos (as cores) se fixem na pele. Quanto maior for a tatuagem, maior o número de picadas e de tinta que entra no corpo.

A maioria das tintas é produzida a partir de corantes derivados de metais e sais em transição, e o tipo de substância química na sua composição vai depender do tipo de tinta.

Cada organismo reage de uma maneira diferente, e uma tinta considerada alérgica pode não causar efeitos colaterais em algumas pessoas. Pigmentos menos comuns, como rosa, lilás e coral, apresentam maior potencial alérgico, mas vai depender dos componentes de cada tinta. As tintas verde e azul metálicos contêm níquel, que também podem causar alergias. O preto é a cor que apresenta menos risco. Mas não risco zero.

Para evitar possíveis transtornos, o ideal seria o tatuador fazer um teste de alergia 24 horas antes de executar a tatuagem. Assim, após a aplicação de uma pequena quantidade do pigmento na pele, a pessoa deveria ficar atenta a qualquer sinal de inchaço, vermelhidão ou comichão.

O problema é que, em alguns casos, a reação alérgica pode acontecer meses após o procedimento, sendo importante continuar atento a qualquer anomalia na pele para procurar um dermatologista caso os sintomas persistam.

Todas as peles são diferentes e reagem de forma distinta às tatuagens – há quem nunca apresente efeitos secundários e há quem possa ficar com relevos ou com a pele inflamada e com comichões quando apanha sol. Naturalmente, a sensação de dor também difere de pessoa para pessoa, e há zonas do corpo onde é mais doloroso fazer tatuagens como, por exemplo, a região íntima, costelas, peito, joelho, mãos e pés. Assim, pessoas sensíveis à dor devem optar inicialmente por zonas como braço superior/inferior ou coxa.

Quanto aos efeitos que as tatuagens podem ter no organismo, embora ainda haja muito por descobrir, já existem algumas certezas. E o cenário não é dos melhores.

Os riscos das tatuagens e o processo de remoção

Para além das reações alérgicas (ao corante vermelho em especial), que podem resultar numa erupção pruriginosa, as tatuagens também podem levar a infeções bacterianas locais, que se caracterizam por vermelhidão, inchaço, dor e pus.

Por vezes formam-se ainda em torno das tatuagens de tinta vermelha os granulomas, e outros problemas de pele como os queloides – um supercrescimento de tecido cicatricial na tatuagem.

As condições de higiene e o material usado são fundamentais para evitar contrair doenças transmitidas pelo sangue que as imensas picadas fazem emergir, como o tétano, hepatite B, hepatite C, HIV ou Staphylococcus aureus.

Cobrir a pele com tatuagens também pode disfarçar problemas de saúde, impedindo-os de serem diagnosticados precocemente. Existem relatos de tatuagens que cobriram cancros de pele, incluindo melanomas, carcinomas basocelulares e carcinomas de células escamosas.

Se houver necessidade de realizar uma Ressonância Magnética (RM), as pessoas com tatuagens podem ter problemas. Embora raramente, as tatuagens ou mesmo maquilhagem permanente, podem causar inchaço ou ardor nas áreas afetadas durante este exame de diagnóstico.

Recentemente, um estudo científico revelou que a tinta utilizada nas tatuagens não fica apenas na pele, mas que algumas partículas microscópicas chegam aos gânglios linfáticos – órgãos que desempenham um papel fundamental na defesa do organismo contra vírus e bactérias. Esta descoberta gerou grande preocupação, não obstante ainda não se ter provado que as tintas possam provocar linfomas.

Muitas pessoas, conhecendo os riscos das tatuagens e o facto destas serem “permanentes”, optam por uma não permanente – as tatuagens de henna –, que são aplicadas com recurso a um pincel e tinta natural castanha, e possuem uma duração de 3-4-semanas. Estas, contudo, também não estão isentas de riscos para a saúde.

Independentemente do tipo de tatuagem, ao observar qualquer alteração na epiderme no local tatuado deve consultar-se um médico, para realizar exames e iniciar o tratamento adequado, que pode incluir o uso de medicamentos para controlar os sintomas ou a doença que possa ter surgido, e até proceder à remoção da tatuagem. Sim, porque atualmente as tatuagens não são para a vida!

Com o crescente boom de tatuagens, surgem cada vez mais casos de pessoas insatisfeitas com as suas. Quem já tatuou o nome de um ex-namorado na pele ou fez algum desenho que deixou de fazer sentido algum tempo depois, compreende melhor que ninguém o desejo de apagar definitivamente as marcas do passado, o que levanta uma questão muito frequente entre os arrependidos: como remover uma tatuagem do corpo?

Há alguns anos atrás, as técnicas mais usadas para remoção de tatuagens eram a excisão cirúrgica ou a dermoabrasão, que tinham resultados insatisfatórios, eram dolorosas, e deixavam marcas ou cicatrizes evidentes. Atualmente, a remoção de tatuagens é feita com recurso a tecnologias laser e é um processo eficaz e muito seguro.

Cada paciente e cada tatuagem apresentam características únicas e individuais, pelo que o número de sessões – com intervalos de entre 4-6 semanas, para permitir a correta regeneração da pele –, é variável.

Durante a sessão o laser é aplicado na zona da tatuagem atingindo apenas o seu pigmento, sendo o processo de remoção seletivo não dando origem a marcas ou cicatrizes. A sensação experimentada durante o tratamento é equivalente à sensação quando fez a tatuagem inicialmente.

Alguns resultados são visíveis logo após a primeira sessão, contudo, os mais evidentes são progressivos com o tempo, uma vez que é necessário dar tempo ao organismo para que se liberte das partículas de tinta.

Se é amante das pinturas corporais, e está a considerar fazer uma tatuagem, pense bem antes de se aventurar. Até porque, acredite ou não, vai haver alturas na vida em que vai olhar para ela e pensar: mas onde é que eu estava com a cabeça?

Seja como uma forma de criatividade corporal, de eternizar uma memória, de imprimir arte na pele ou até de expressão da personalidade, fazer uma tatuagem não pode ser interpretado como uma brincadeira do momento.

E nem pense em economizar dinheiro, desconfie de preços baixos e de estúdios desconhecidos, a regra de ouro aqui é: uma boa tatuagem não é barata e uma tatuagem barata não é boa. A sua saúde deve vir sempre em primeiro lugar, não se descuide!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

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