REINVENTAR O CASAMENTO

REINVENTAR O CASAMENTO

SEXUALIDADE E FERTILIDADE

  Tupam Editores

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Ser feliz é muito provavelmente o objetivo primeiro de todo o ser humano. O problema é que a vida é feita de momentos bons e de momentos maus e se não queremos perder os bons, também não podemos evitar os maus, daí que a felicidade não fique ao alcance de todos pois em muito depende da capacidade de aceitação de cada um de nós e do nível de expectativas que criamos.

Casal primeira casa

A regra, segundo os estudiosos da matéria, é aproveitar ao máximo as coisas boas e ter a inteligência e a paciência suficientes para ultrapassar as más, já que em pouco tempo farão parte do passado.

Será que atualmente ainda há quem acredite poder viver “feliz para todo o sempre” como nos é contado nas clássicas histórias para crianças e romanceado em livros e telenovelas? Com o passar dos anos, o tradicional paradigma dos relacionamentos entre homem e mulher tem vindo a alterar-se, mas há algumas realidades que permanecem imutáveis.

Estudos recentes vieram demostrar que as pessoas que optam por escolher parceiros semelhantes a si próprios, têm mais hipóteses de manter um casamento duradouro, ficando assim demonstrado que afinal os opostos não se atraem; pelo contrário, a maioria dos casais felizes são os que geralmente mais pontos em comum têm com os parceiros, muito embora isso não seja condição suficiente para superar os desafios de uma relação a dois.

Muitos outros fatores contribuem para o sucesso de uma relação no casamento, sendo primordial o amor, respeito pelo outro, tolerância, partilha de interesses e comunicação jovial e franca, sentimentos e práticas que deverão ter início ainda na fase do conhecimento mútuo e durante o namoro, para além da manutenção de uma vida sexual ativa.

A idade das paixões e namoro

O desejo instintivo e por vezes avassalador que sentimos pelo sexo oposto, dizem os cientistas em estudo recentemente publicado na revista científica Nature, que se deve ao facto do nosso corpo selecionar o parceiro sexual ideal de forma instintiva, sem nos apercebermos disso, e está relacionado com um termo médico conhecido por Antígeno Leucocitário Humano (HLA). Isto é, a explicação para a atração sexual entre pessoas de sexo diferente, particularmente quando se é jovem, está no nosso sistema imunitário e relacionado com a sexualidade e o desejo de procriar, primeiro instinto de sobrevivência da espécie humana.

Este antígeno, também conhecido por Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC), é um sistema que permite ao nosso organismo identificar células perigosas, vírus e bactérias, que sejam, opostas ao nosso, ou seja, é a base sobre a qual sobre a qual o organismo humano desenvolve o seu sistema de defesa.

A verdade é que o desejo sexual não precisa ser testado em laboratório para ser detetado. O nosso corpo decifra antecipadamente, através dos neurónios olfativos, muito antes de qualquer suspeita consciente, o que temos à frente do nosso nariz. Não menosprezando a capacidade humana de domar o próprio instinto sexual, o nosso sistema imunológico revela-se um importante fator a ter em conta no comportamento sexual e reforça a ideia de que os opostos na realidade se atraem.

Na fase do namoro, a paixão, misto de irracionalidade e beleza, fascinante do ponto de vista humano, no início assemelha-se ao desabrochar de uma flor, mas não dura mais que uma estação.

Casal apaixonado

Algumas das caraterísticas da paixão são a atração física e desejo inexplicáveis, que ocorrem geralmente nos primeiros meses de namoro, a conhecida fase das “borboletas no estômago” em que os apaixonados vivem um mundo perfeito, mas ainda se mantêm inseguros sobre as suas futuras vontades e objetivos. É um sentimento devastador diretamente relacionado com sexo, mas a partir do momento em que evolui, torna-se mais sereno e estável e nasce o amor, um sentimento de mais segurança e confiabilidade.

Durante o namoro é feita a idealização do companheiro, processo em que ressaltam as qualidades e até os defeitos têm alguma graça. As expectativas também se tornam mais consistentes com a aproximação do noivado e a perspectiva de casamento.

Passada a fase das paixões ardentes, degrau a degrau, vai-se construindo uma base de confiança baseada no amor, nos interesses comuns e nas confidências mais íntimas, sedimentando-se desse modo a relação a dois que eventualmente irá culminar num projeto de constituição de família.

Romance e realidade

Os filmes e romances baseiam-se quase todos no fenómeno da paixão: no bater acelerado do coração, na perda de apetite e nos pensamentos dominados pela pessoa amada, mas embora sendo um sentimento muito agradável e intenso, não dura eternamente! Sucede-se uma fase de acalmia emocional, em que a química estabiliza, não significando isso que as pessoas deixaram de se amar. Pelo contrário, com o passar do tempo, a relação estabiliza e solidifica-se, alterando-se dessa forma o sentimento de paixão para o amor.

Não obstante as juras e promessas de fidelidade e amor eterno, terminadas as festas e os rituais do casamento, começa a vida a sério com as rotinas do dia a dia, que entram na vida do casal sem aviso prévio e constituem o seu primeiro desafio a ultrapassar. Nesta fase crítica de adaptação, aprofunda-se o conhecimento mútuo e começam a perceber-se as diferenças entre as expectativas criadas e a realidade, muito provavelmente com alguma primeiras surpresas.

Estão publicadas muitas estatísticas e estudos internacionais que apontam para o facto de o risco de infidelidade e separação ser consideravelmente mais elevado nos dois primeiros anos de casamento. Na verdade, extinta a chama da paixão, a maioria dos casais, que até aí mantinham uma ideia romântica da relação, desconhecem que é um fenómeno natural a diminuição da sua intensidade, começando a interiorizar que provavelmente o casamento foi um erro.

A estratégia para atenuar o choque inicial, quase sempre inevitável, passa por ambos manterem o foco nos aspetos positivos, designadamente no amor que sentem e que os levou até ali, procurando acima de tudo manter as portas do diálogo sempre abertas e acima de tudo, aprenderem a aceitar o outro tal como é, com suas virtudes e defeitos.

Casal na cozinha

Nem sempre fácil, é igualmente importante que ambos aprendam a contornar armadilhas como o stress diário e a intromissão da família ou amigos íntimos em decisões que deverão caber exclusivamente ao casal, ainda que seus conselhos sejam por vezes úteis e integradores para quem está a iniciar uma “nova vida”.

Os filhos

Se os primeiros meses do casamento são essenciais à adaptação do casal à nova fase de suas vidas, dado existirem hábitos, gostos, estilos de vida e idiossincrasias que têm de ser ajustados para que seja possível a vivência a dois através do aperfeiçoamento constante da sintonia na relação, quando chega o primeiro filho, mesmo que a relação já esteja razoavelmente consolidada, é como se o casal tivesse de começar tudo de novo.

Novas prioridades e novos papéis a desempenhar, são mais um duro teste à solidez da relação pois compreensivelmente, como seria de esperar, a atenção de ambos passa a centrar-se no bebé, perdendo-se aos poucos a atenção ao parceiro, o que leva a partir daí a uma transformação na intimidade do casal.

Primeiro filho

A criação de filhos é um importante empreendimento conjunto que exige responsabilidade, comunicação, compreensão, amor e predisposição para assumir de forma séria um compromisso. É essencial que os casais desenvolvam essas atitudes e habilidades antes do nascimento dos filhos que planeiam vir a ter pois não é verosímil que as venham a adquirir de um momento para outro após o nascimento.

Uma das maiores dificuldades na maioria dos casais é a falta de comunicação. A fim de evitar que se instale o silêncio entre os membros de uma família, é necessário reinventar o casamento, para que todos desfrutem da alegria de se sentirem seus membros.

Após anos de dedicação a criar os filhos, chegado o momento de eles próprios seguirem rumo à sua independência, surge um novo desafio para o casal que muitas vezes só nessa altura se apercebe do vazio que se criou entre eles ao longo dos anos de vida em comum. É um momento de reflexão, sendo necessário reinvestir nas coisas de que foram abdicando ao longo da vida em favor dos filhos.

Reinventar é preciso

A felicidade começa em nós e é algo que se constrói. Sabemos que cada ser humano é único e por isso usa uma linguagem e forma próprias, que nem sempre surtem o efeito pretendido. É preciso estar atento e observar com atenção os que nos cercam, a sua forma de agir e se expressar a fim de com eles melhor estabelecermos uma comunicação eficiente e assertiva, que possa produzir resultados positivos para ambas as partes.

Casal feliz

Na prática todos nós conhecemos bem, e usamos, gestos e linguagens que nos ajudam no nosso dia-a-dia a estabelecer empatia com o nosso semelhante. Um apertar de mão, um abraço, um beijo, um olhar, uma mão no ombro, pequenas ofertas, palavras de afirmação e disponibilidade, ajuda em pequenas tarefas, são contributos muito positivos para um feliz relacionamento, especialmente com a nossa cara metade. Comecem por aí, pois ambos vão adorar e sentir-se cada vez mais próximos!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
24 de Setembro de 2024

Referências Externas:

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