ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

SOCIEDADE E SAÚDE

  Tupam Editores

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O último Relatório de Desenvolvimento Humano, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), refere que seguir o caminho de sempre não resolverá as novas formas emergentes de desigualdade, questionando as suas principais formas e os fatores que as impulsionam, reconhecendo que as desigualdades perniciosas são geralmente consideradas como um sintoma de problemas mais amplos na sociedade e na economia, sugerindo políticas que ajudem as nações a fazer crescer as suas economias com vista a reduzir as desigualdades no desenvolvimento humano.

O atual surto pandémico de coronavírus está a alterar dramaticamente a forma de viver de milhões de pessoas em todo o mundo e embora muitas delas possam ser temporárias, é inevitável que algumas outras irão permanecer nos nossos hábitos por largos períodos de tempo.

Há relatos históricos que revelam os enormes impactos que algumas pandemias provocaram ao longo do tempo, desde alterações do clima à queda de dinastias, incremento do colonialismo, fome e desespero, mas também desenvolvimento das sociedades.

Alguns investigadores são de opinião de que, por exemplo a devastadora peste bubónica que atingiu a Europa em meados do século XIV matando mais de um terço da população, pode ter contribuído decisivamente para o desenvolvimento e ascensão que veio a verificar-se neste continente nos séculos posteriores.

De facto, a enorme mortalidade contribuiu para o início do desmoronamento do regime feudal, em uso na época, pela escassez de mão de obra para os proprietários de terras, tendo levado a Europa a desenvolver uma economia mais moderna, baseada nos pagamentos em dinheiro e no comércio.

Além disso, como ficava cada vez mais cara a contratação de mão-de-obra, os latifundiários e os empresários começaram também a investir em novas tecnologias, havendo igualmente quem sugira que o surto epidémico encorajou o imperialismo e a expansão europeia que se seguiu.

Outros eventos marcantes do passado como o efeito devastador da varíola no continente americano, a queda da dinastia Ming na China em meados do século XVII devido aos efeitos de um surto combinado de peste bubónica e malária, que provocou mais de 20% de mortes em vastas regiões do país, situação agravada por uma grave seca e uma praga de gafanhotos, são apenas alguns exemplos das mudanças drásticas que uma doença pode provocar.

Na atualidade, os especialistas falam já dos efeitos benéficos que a covid-19 está a provocar na melhoria do clima, no avanço da ciência e da tecnologia, nas muito prováveis alterações que se irão verificar nas relações e métodos de trabalho, mas sobretudo no inevitável agravamento das condições de vida da grande maioria das pessoas em todo o mundo, devido à quebra de rendimentos, deterioração das condições de vida e de saúde global, acentuando ainda mais as já existentes desigualdades no desenvolvimento humano.

O que é e para que serve o IDH

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), é uma unidade de medida comparativa utilizada para aferir o grau de desenvolvimento de determinada sociedade nas áreas da saúde, educação, rendimentos, expectativa de vida e natalidade, bem como outros fatores de conforto social.

Baseado naqueles fatores, serve para estabelecer um sistema padrão para avaliar o bem-estar de uma determinada população, especialmente no que concerne ao bem-estar infantil. O IDH foi idealizado pelos economistas Mahbub ul Haqm, paquistanês e pelo indiano Amartva Sen em 1990, sendo hoje usado a nível global para classificar países ou regiões segundo o seu grau de desenvolvimento, em desenvolvidos, subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, bem como para medir o impacto de políticas económicas na qualidade de vida.

A utilização criteriosa daquelas variáveis permite uma comparação com praticamente todos os países do mundo, além de servir de referência para quantificar a resposta de determinado país ou região face a essas importantes expectativas populacionais.

O IDH é uma referência numérica variável entre 0 e 1. Quanto mais próximo estiver do zero para os quesitos fundamentais de saúde, edução e rendimentos, menor é o indicador, quanto mais próximo estiver do 1, melhores são as condições para esses quesitos, sendo que nenhum país possui IDH zero ou um.

Subordinado ao tema “Para além do rendimento, para além das médias, para além de hoje: as desigualdades no desenvolvimento humano no séc. XXI”, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), publicou em dezembro último o Relatório de Desenvolvimento Humano relativo à última avaliação efetuada por aquele organismo das Nações Unidas em 2019.

O relatório salienta que, apesar dos progressos globais alcançados, em questões ligadas à saúde, educação e padrões de vida, as necessidades básicas de uma parte importante da população, continuam a não ser minimamente satisfeitas e uma próxima geração de desigualdades está a emergir.

De facto, segundo os últimos relatórios do Banco Mundial, apesar dos significativos avanços económicos verificados um pouco por todo o mundo no último quinquénio, e por isso o número de pessoas em situação de pobreza extrema tenha diminuído, cerca de 3,4 biliões de pessoas, quase metade da população mundial, ainda luta quotidianamente para satisfazer as suas necessidades básicas.

Devido ao alastramento da nova pandemia covid-19, a situação tem vindo a agravar-se diariamente não sendo ainda possível medir todos os seus efeitos, mas previsões de especialistas e organizações como o FMI e o BCE já apontam para quebras no PIB da ordem dos 8% e mais de 380 mil desempregados em Portugal no decurso deste ano, com o BCE a admitir uma quebra de 15% do PIB da zona euro entre abril e junho.

Indicadores globais do IDH

Face à situação, a ONU veio recentemente afirmar que o Desenvolvimento Humano deverá sofrer uma queda abrupta pela primeira vez em 30 anos, estimando que o impacto económico seja mais grave do que o que ocorreu durante a crise financeira de má memória do subprime em 2008.

No topo do ranking dos países com o IDH mais elevado do mundo, publicada pela ONU e abrangendo 189 dos seus Estados-membros, de entre os 193 que fazem parte da Organização, além da região administrativa de Hong Kong e da Palestina, estão a Noruega (0,954); Suíça (0,946); Irlanda (0,942); Alemanha (0,939) e Hong Kong (0,939).

De entre os que têm os menores IDH, estão por ordem decrescente o Níger (0,377); Rep. Centro-Africana (0,381); Chade (0,401) e Sudão do Sul (0,413).
Portugal, situa-se numa honrosa 40ª posição do ranking com um IDH (0,850) e tem vindo a melhorar nos últimos anos, situação que muito provavelmente agora tenderá a inverter-se face aos primeiros sinais de degradação económica das famílias que caíram no desemprego devido à pandemia covid-19.

O IDH que mede os níveis básicos de saúde, educação e qualidade de vida dos países desde 1990, deverá pela primeira vez apresentar uma quebra este ano. Apesar das várias crises económicas, financeiras e até naturais que atingiram a humanidade nas últimas décadas, globalmente os ganhos de desenvolvimento acumulados aumentaram de ano para ano, sendo por isso 2020 o primeiro ano de exceção.

Perante as dificuldades decorrentes de situações de emergência nacional, as políticas de Estado deverão ser dirigidas com sabedoria, sentido de equidade e de responsabilidade, com vista a salvaguardar a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida das suas populações, pois é em função dos melhores resultados obtidos para todos, que vai depender a avaliação que cabe fazer aos cidadãos no futuro, individual e coletivamente.

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

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