PSICOLOGIA

Saúde mental: é urgente desmistificar estigmas

O Dia Mundial da Saúde Mental é assinalado anualmente a 10 de outubro com o intuito de destacar os desafios no combate às doenças do foro mental, lutar contra o preconceito e desmistificar algumas das crenças associadas às mesmas.

Saúde mental: é urgente desmistificar estigmas

MEDICINA E MEDICAMENTOS

INVISTA NA SUA SAÚDE


A pandemia de Covid-19 e o contexto de guerra atual levou a que a sociedade resgatasse o tema da saúde mental para a ordem do dia, levando a que os transtornos de saúde mental deixassem de ser encarados como um “problema dos outros”, para passarem a ser vistos como um problema que pode afetar qualquer um de nós.

Na verdade, de acordo com os resultados do primeiro estudo epidemiológico nacional sobre saúde mental, realizado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, Portugal é um caso único, no espaço europeu, no que diz respeito à prevalência de perturbações mentais, sendo o segundo país da Europa com a mais elevada prevalência de perturbações psiquiátricas – mais de um quinto dos portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica (22,9%). São números preocupantes que, provavelmente, estão hoje agravados.

O cenário tem um contexto ambivalente. Se, por um lado, vivemos numa sociedade com mais literacia, recursos, terapêuticas, que nos oferece melhores oportunidades de bem-estar, por outro, e sobretudo nos países mais desenvolvidos, também é a sociedade que nos confronta com fatores de stress que são mais significativos e que trazem muita incerteza e necessidade de adaptação constante, prejudiciais à preservação da saúde mental.

A saúde física e a saúde mental são duas vertentes fundamentais e indissociáveis da saúde. Mas em Portugal, sofrer de uma doença mental ainda está associado a um forte estigma social e discriminação. Atribui-se um rótulo negativo às pessoas que têm ou podem estar com uma perturbação mental e o mesmo não acontece com outras doenças.

O facto só agrava o problema, na medida em que contribui para que as pessoas não recorram aos tratamentos com psicólogos e/ou psiquiatras. O estigma surge associado a crenças erradas sobre a saúde e a doença mental, sendo esta última muitas vezes considerada uma fraqueza de carácter. Em algumas situações, o maior estigma é aquele que cada indivíduo impõe a si próprio através da autocrítica e da vergonha.

O estigma sobre a doença mental representa, ainda, uma dimensão do sofrimento envolvido nas perturbações. Por exemplo, um deprimido pode culpar-se pela sua falta de “caráter” ou de “energia” aumentando o seu sofrimento, que se torna ainda pior se as pessoas à sua volta forem acusatórias ou se afastarem.

Importa referir que a depressão é a segunda causa de morte por suicídio em jovens entre os 15 e os 30 anos, porém, ainda há mitos enraizados em relação aos medicamentos antidepressivos e à psicoterapia que dificultam o pedido de ajuda pelos jovens. Devemos confiar na Psicologia e na Psiquiatria enquanto ciência, quebrando mitos infundados.

Num ou noutro momento da vida, todas as pessoas sentem ansiedade, raiva, tristeza, desespero, medo, dificuldades em dormir, entre outros. Ninguém está livre de ter um problema psicológico e de precisar da ajuda de um profissional.

Para acabar com o estigma à volta da doença mental, é essencial que as pessoas compreendam a importância dos cuidados de saúde mental, começando pelos mais novos, nas instituições de ensino, até aos adultos, nos locais de trabalho.

Uma boa saúde mental representa um fator de proteção e de resiliência para o indivíduo, que contribui para um funcionamento adequado na sua vida pessoal, familiar, social e laboral. Uma pessoa deve procurar ajuda de um profissional especializado, sem sentir vergonha.

Todos nós, enquanto cidadãos, familiares, amigos, vizinhos, devemos estar mais sensíveis às questões de saúde mental e atentos ao que se passa com as pessoas que estão ao nosso redor.
Ainda que seja extremamente importante, a resposta para estes problemas não deve ser apenas a ajuda profissional dentro de um gabinete. Ela tem de estar antes, por isso, todos, enquanto pessoas e organizações, temos um papel fundamental nesta matéria. Não o ignoremos!

Fonte: Tupam Editores

OUTRAS NOTÍCIAS RELACIONADAS


ÚLTIMAS NOTÍCIAS