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Doença falciforme: cientistas investigam diferenças entre sexos

Um estudo realizado por cientistas do King's College de Londres em colaboração com a Universidade Muhimbili, na Tanzânia, forneceu uma análise aprofundada sobre a razão por que o sexo feminino pode ter sintomas mais leves de doença falciforme, observando especificamente as diferenças na hemoglobina.

Doença falciforme: cientistas investigam diferenças entre sexos

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A doença falciforme diz respeito a um grupo de doenças em que os glóbulos vermelhos são rígidos e de forma anormal. Isto deve-se ao facto de as células terem uma versão anormal da hemoglobina – a proteína que permite que os glóbulos vermelhos transportem oxigénio. Devido à sua forma e rigidez, têm uma vida útil mais curta e mais propensão para bloquear os vasos sanguíneos, causando danos vasculares e inflamação.

Sabe-se que as pessoas com doença falciforme apresentam sintomas mais leves quando têm mais células F – um tipo específico de glóbulo vermelho com hemoglobina fetal. Durante o estágio fetal, é comum que os glóbulos vermelhos tenham essa versão da hemoglobina, mas isso perde-se na maioria das células na idade adulta.

Existem, no entanto, algumas pessoas com anemia falciforme que exibem níveis acima da média de células F, o que os cientistas acreditam se deva à sua capacidade de sobreviver durante mais tempo na corrente sanguínea do que as versões falciformes dos glóbulos vermelhos.
Ser do sexo feminino foi identificado como um fator que geralmente promove um maior nível de circulação de células F.

No estudo, publicado no American Journal of Hematology, a equipa de cientistas do King's, que incluia o Dr. Stephan Menzel e a Dra. Sara El Hoss, comparou a produção de células F e as mudanças na sua abundância entre homens e mulheres com doença falciforme.

Os resultados permitiram apurar que havia níveis significativamente mais elevados de células F em pacientes do sexo feminino. Isso criou uma percentagem maior de hemoglobina fetal, sem diferença significativa na quantidade total de hemoglobina na corrente sanguínea.

Outra observação interessante ocorreu ao analisar os retículos F – uma versão jovem dos glóbulos vermelhos (com hemoglobina fetal) que ainda não estão totalmente desenvolvidos. Os resultados mostraram uma percentagem maior de retículos F (quando comparados aos glóbulos vermelhos maduros) no sexo feminino.

Isto sugere que a razão para o nível mais elevado de células F entre os sexos é dupla: a maior parte delas é produzida na medula óssea feminina e essas células também têm uma taxa de sobrevivência melhor ao circular na corrente sanguínea.

As novas terapias para a doença falciforme que estão em curso pretendem estimular o desenvolvimento de hemoglobina fetal nos pacientes. Os cientistas esperam que entender as causas dessa diferença entre os sexos ajude no seu desenvolvimento.

Fonte: Tupam Editores

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