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Oxidantes podem retardar envelhecimento celular

Em altas concentrações, as espécies reativas de oxigénio - conhecidas como oxidantes - são prejudiciais às células de todos os organismos e têm sido associadas ao envelhecimento. É por isso que a ingestão de antioxidantes tem sido defendida por vários especialistas para proteger contra esses efeitos.

Oxidantes podem retardar envelhecimento celular

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Contudo, uma equipa da Universidade Chalmers de Tecnologia, na Suécia, acaba de comprovar que baixos níveis de oxidante podem estimular uma enzima que ajuda a desacelerar o envelhecimento das células.

Esta conclusão vem reforçar alertas feitos por vários investigadores em todo o mundo, de que é preciso ter cuidado com os antioxidantes porque, como em inúmeros outros casos, a diferença entre o veneno e o remédio pode estar na dose.

Um benefício dos antioxidantes, como as vitaminas C e E, é que eles neutralizam os oxidantes - ou espécies reativas de oxigénio -, que podem reagir com moléculas importantes no corpo e destruir as suas funções biológicas.

Grandes quantidades de oxidantes podem de facto causar danos ao ADN, às membranas celulares e às proteínas, por exemplo. Por causa disso, as nossas células desenvolveram mecanismos de defesa poderosos para se livrar desses oxidantes, que são formados no contexto do nosso metabolismo normal.

Por algum tempo, os cientistas acreditaram que os oxidantes eram apenas prejudiciais, mas, recentemente, descobriram que eles também têm funções positivas e que o próprio corpo assegura um equilíbrio entre oxidantes e antioxidantes, para que cada um cumpra o seu papel.

Agora, o novo estudo mostra que o conhecido peróxido de hidrogénio - um forte oxidante - pode, na verdade, retardar o envelhecimento das células de levedura. O peróxido de hidrogénio é um produto químico usado para clarear cabelos e dentes, entre outras aplicações. E é também um dos oxidantes formados no nosso metabolismo que é prejudicial em concentrações mais altas.

“Estudos anteriores dessas enzimas mostraram que elas participam na defesa das células de levedura contra oxidantes prejudiciais”, explica o professor Mikael Molin.

“Mas as peroxirredoxinas também ajudam a estender a vida das células quando elas são submetidas à restrição calórica. Os mecanismos por trás dessas funções ainda não foram totalmente compreendidos”, acrescenta.

Outra coisa que já se sabia é que a ingestão reduzida de calorias pode estender significativamente o tempo de vida de uma variedade de organismos, desde leveduras até primatas.

Vários grupos de investigadores, incluindo o do professor Molin, também mostraram que a estimulação da atividade da peroxirredoxina em particular é a responsável pelo retardamento do envelhecimento das células em organismos como leveduras, moscas-da-fruta e vermes, quando eles recebem menos calorias do que o normal.

“Nós agora descobrimos uma nova função da Tsa1”, explica a investigadora Cecilia Picazo, referindo-se a uma enzima que é parte do grupo das peroxirredoxinas.

“Anteriormente, pensávamos que essa enzima simplesmente neutralizava as espécies reativas de oxigénio. Mas agora mostrámos que a Tsa1 realmente requer que uma certa quantidade de peróxido de hidrogénio seja ‘disparada’ para participar do processo de desaceleração do envelhecimento das células de levedura”.

Surpreendentemente, o nosso estudo mostrou que a Tsa1 não afeta os níveis de peróxido de hidrogénio em células de levedura envelhecidas. Ao contrário, a enzima usa pequenas quantidades do peróxido de hidrogénio para reduzir a atividade de uma via de sinalização central quando as células estão a obter menos calorias.

Isso acaba por levar a uma desaceleração na divisão celular e nos processos ligados à formação dos blocos de construção das células. As defesas das células contra o stress também são estimuladas - o que faz com que envelheçam mais lentamente.


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