DISTÚRBIOS ALIMENTARES NA INFÂNCIA

DISTÚRBIOS ALIMENTARES NA INFÂNCIA

CRIANÇAS E ADOLESCENTES

  Tupam Editores

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Em termos biológicos, a infância é um dos estágios de vida mais vulneráveis, sendo por isso fundamental manter uma nutrição adequada para garantir o crescimento e desenvolvimento normais e a manutenção da sua saúde. É sabido que a ingestão de nutrientes inadequados à idade interfere no processo de desenvolvimento e crescimento da criança e constitui um fator determinante para o aparecimento de carências nutricionais, que nos nossos dias ainda acometem cerca de 40% da população humana.

Um distúrbio alimentar numa criança pode ser identificado quando esta não consegue ou se recusa a comer ou beber uma quantidade ou variedade de alimentos suficientes para manter uma nutrição adequada, sendo que as complicações de problemas alimentares podem variar de moderadas a severas, em função do número de refeições que deixa de fazer, ao ponto de poder provocar desnutrição e falhas do crescimento, isto é, falhas que levaram a uma redução do crescimento ao longo do tempo.

Contudo, assim como podem existir vários outros fatores que concorrem para influenciar as dificuldades que ocorrem nas refeições das crianças que apresentam deficiência de desenvolvimento, havendo por isso necessidade de alguma cautela na sua análise, também as suas causas são igualmente variadas.

Atualmente é consensual entre os investigadores de que os problemas alimentares são essencialmente causados pela interação de um conjunto de fatores biológicos e ambientais. Os fatores biológicos podem incluir más experiências com procedimentos médicos no início da vida, hospitalizações crónicas, ou problemas médicos não totalmente identificados que fazem com que a alimentação provoque desconforto ou dor na criança.

Além disso, as crianças podem ter défices motores orais, como por exemplo dificuldade para engolir, isto é, o ato de engolir pode estar associado a consequências anteriores desagradáveis, como vomitar devido a distúrbio de refluxo gastroesofágico, ou engasgar-se devido a dificuldades motoras orais, dificuldades que podem manifestar-se sob diferentes formas e comportamentos para evitar o alimento, como por exemplo chorar ou virar a cabeça.

Ainda que qualquer das condições médicas associadas à dor já tenham sido tratadas, as crianças podem continuar a recusar o alimento, uma vez que nunca ou raramente comem, não tendo tido por isso oportunidade de perceber que o ato de comer já não provoca dor ou desconforto. Mais especificamente, a recusa da criança em se alimentar tende a agravar ainda mais o seu insucesso no desenvolvimento de habilidades motoras orais.

Nessas circunstâncias, não tendo as crianças oportunidade de praticar a habilidade de comer, necessariamente acabam por perder a força motora para se alimentarem de forma efetiva. A recusa em se alimentarem pode naturalmente conduzir a falhas graves do crescimento, o que ironicamente poderá contribuir para que se desenvolvam habilidades alimentares precárias, dado que as crianças subnutridas não possuem a energia necessária sequer para se alimentarem adequadamente.

Deste modo, desenvolve-se um círculo vicioso no qual a criança recusa o alimento, não se apercebe de que o ato de comer já não provoca desconforto ou dor, perde a oportunidade de praticar e assim desenvolver as habilidades motoras orais, e não consegue ganhar peso. Mesmo nas situações em que a recusa do alimento é uma condição dolorosa real, as respostas dos cuidadores às crianças durante as refeições, podem exacerbar o problema.

Várias observações feitas por especialistas, durante as refeições, a cuidadores e crianças com dificuldades em se alimentarem, revelaram que mesmo quando os cuidadores utilizavam uma grande variedade de estratégias para encorajar a criança a comer, tais como através da distração, repreensão e persuasão periódicas, intervalos ou ofertas de brinquedos ou alimentos preferidos, todas as crianças apresentavam comportamentos de recusa e raramente ingeriam porções de alimento durante as refeições, ainda que pequenas.

Na realidade, analisados os efeitos das ações dos cuidadores sobre o comportamento da criança durante as refeições, conclui-se que todas as estratégias usadas pelos cuidadores para as encorajar a comer, resultaram num agravamento do comportamento na grande maioria das crianças, conclusões que sugerem que estas, ao se aperceberem de que os comportamentos de recusa são compensados com um resultado que lhes é agradável, tendem a repeti-los nas refeições subsequentes.

A ingestão de alimentos está diretamente ligada a fatores de ordem socioeconómica e cultural, podendo determinar situações cruciais na saúde de crianças e adolescentes, o que ainda hoje pode ser observado nos países em desenvolvimento, onde existem prevalências marcantes de problemas nutricionais, em particular entre as crianças em idade pré-escolar, e que irão influenciar o seu futuro crescimento, comportamento e saúde.

A Estratégia de Nutrição 2020-2030 da UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância, estabelece como objetivo para a década que “toda a criança tem direito à nutrição”. Segundo aquela Organização, desde o ano 2000, o mundo conseguiu reduzir em um terço a percentagem de crianças menores de cinco anos que sofrem de défice de crescimento e em 55 milhões o número de crianças com desenvolvimento comprometido. Essa notável conquista prova que uma mudança positiva na área da nutrição infantil não só é possível, como está a ocorrer em larga escala, mas há mais trabalho a ser feito.

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