DIABETES

Diabetes: tratamentos pouco estudados nas populações negras

Um novo estudo realizado no Centro de Investigação em Diabetes da Universidade de Leicester, na Inglaterra, que analisou os efeitos de dois medicamentos utilizados para tratar a diabetes tipo 2 (DT2) revelou uma falta consistente de benefícios cardiovasculares e renais nas populações negras.

Diabetes: tratamentos pouco estudados nas populações negras

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Os medicamentos, denominados inibidores do cotransportador de sódio-glicose 2 (SGLT2-Is) e agonistas do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glicogénio (GLP1-RAs), são alguns dos tratamentos mais recentes prescritos para reduzir os níveis de açúcar no sangue em pessoas com DT2.

Foi realizada uma revisão sistemática e meta-análise de 14 ensaios randomizados, controlados por placebo, sobre resultados de doenças cardiovasculares, com o objetivo de comparar padrões raciais/étnicos, assim como regionais, nos efeitos dos SGLT2-Is e dos GLP1-RAs sobre os resultados cardiovasculares e renais nestes pacientes.

Os resultados da investigação, publicados no Journal of the Royal Society of Medicine, mostram que para as populações brancas e asiáticas, os SGLT2-Is e os GLP1-RAs têm efeitos benéficos na pressão arterial, no controlo do peso e na função renal, e reduzem significativamente o risco de doenças graves, problemas cardíacos e doenças renais. No entanto, a investigação não mostra nenhuma evidência destes efeitos benéficos nas populações negras.

Dadas as evidências bem documentadas de que as populações negras e de outras minorias étnicas têm maior probabilidade de desenvolver DT2 numa idade mais jovem, a consistente falta de benefícios que se observa entre as populações negras é preocupante.

Os especialistas referem que há vários fatores que poderiam ter contribuído para a falta de evidências de efeitos benéficos para as populações negras e outras populações não brancas. O baixo poder estatístico, devido ao pequeno tamanho das amostras dessas populações, pode ser parcialmente responsável.

A partir dos dados atuais torna-se evidente que alguns grupos raciais/étnicos, como as populações negras, estavam sub-representados em todos os ensaios incluídos. A inscrição nos ensaios variou de 66,6% a 93,2% para populações brancas, 1,2% e 21,6% para populações asiáticas e 2,4% a 8,3% para as populações negras.
Os investigadores sugerem, contudo, que, dada a consistente falta significativa de efeitos benéficos na maioria dos resultados para as populações negras, outros fatores poderão ser responsáveis.

Minimizar as variações raciais e étnicas nas complicações cardiovasculares e renais da DT2 requer um acesso melhorado aos cuidados e ao tratamento para as pessoas em maior risco.

Segundo o Professor Samuel Seidu, investigador principal do estudo, para descobrir se as diferenças se devem a questões de sub-representação da população negra e baixo poder estatístico ou a variações raciais/étnicas na forma como o organismo e estas substâncias interagem entre si, é necessária uma investigação mais aprofundada.

Fonte: Tupam Editores

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