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Medicamento para cancro da próstata promissor contra Covid

No início da pandemia de Covid, os homens pareciam sofrer taxas mais elevadas de doenças graves e morte, levando os cientistas a suspeitar de uma ligação entre os receptores de andrógenos – que se ligam a hormonas como a testosterona – e a infeção viral por SARS-CoV-2.

Medicamento para cancro da próstata promissor contra Covid

DOENÇAS E TRATAMENTOS

CANCRO DA PRÓSTATA


Esta observação estimulou os especialistas da Escola de Medicina da Universidade de Michigan a investigar um medicamento em desenvolvimento para tratar o cancro da próstata, denominado proxalutamida, que funciona bloqueando uma enzima chamada protease serina transmembranar 2 (TMPRSS2) que é regulada por receptores de andrógenos, como um potencial terapêutico para a Covid.

No estudo, publicado na revista PNAS, a equipa adicionou proxalutamida às células infetadas com SARS-Co-V2 para monitorizar a sua capacidade de bloquear a entrada viral. O composto atua ligando-se aos receptores de andrógenos, inibindo os níveis da TMPRSS2 e ACE2 e bloqueando a infeção.

Foi possível verificar que a proxalutamida funcionou melhor do que outras substâncias para o tratamento do cancro da próstata contra múltiplas variantes do SARS-CoV2 devido à sua capacidade de quebrar o receptor de andrógeno. Além disso, a proxalutamida, quando combinada com o medicamento remdesivir, aprovado pela FDA para a Covid, bloqueou a infeção em 100%.

Para o cientista Jonathan Sexton esta descoberta realça a utilidade de testar substâncias existentes para novas aplicações que podem ser rapidamente avaliadas em humanos para encurtar o cronograma desde a descoberta até à avaliação clínica.

Entusiasmada pelo resultados obtidos in vitro, a equipa tentou descobrir se o composto poderia interromper a chamada tempestade de citocinas, ou resposta inflamatória grave, causada pela infeção por SARS-CoV-2.
Usando um modelo de ratinho, conseguiram demonstrar que a substância reduziu a inflamação e a morte celular nos pulmões dos animais e reduziu a mortalidade.

Assim, crê-se que a proxalutamida pode funcionar como uma terapia combinada com o remdesivir, atingindo o vírus de vários ângulos, tal como a terapia combinada funciona tão bem para a infeção pelo HIV.
O medicamento está atualmente em ensaios clínicos de fase 3 para o cancro da próstata e em ensaios clínicos iniciais para a Covid.

Fonte: Tupam Editores

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