Mindfulness reduz uso excessivo de opioides e dores crónicas
Amplamente conhecido por quem pratica meditação e procura uma vida com atenção plena, o mindfulness pode ser um aliado no alívio das dores crónicas, podendo reduzir o uso indevido de opioides – é a conclusão de um estudo inédito levado a cabo por uma equipa de cientistas da Universidade do Utah, nos Estados Unidos.
A ansiedade e o stress tomam, diariamente, conta de cada um de nós. É, por isso, natural que procuremos cada vez mais formas de lidar com estas situações, como a meditação.
LER MAIS
O conceito deriva da antiga meditação budista. O mindfulness, também conhecido por atenção plena, é uma filosofia cujos princípios permitem recentrar o foco através de uma melhor gestão dos nossos recursos internos, permitindo viver de forma mais sã.
A investigação seguiu 250 adultos com dores crónicas e em terapia opioide de longa duração que utilizavam os opioides de forma abusiva. A maioria dos participantes tomava oxicodona ou hidrocodona – fármacos com efeitos analgésicos –, reportou duas ou mais condições dolorosas e cumpriu os critérios clínicos de depressão grave. Mais de metade dos participantes tinha um distúrbio de uso de opiáceos.
Os participantes foram colocados aleatoriamente num grupo que recebeu psicoterapia de apoio, ou num grupo que iria praticar mindfulness. Ambas as terapias envolveram oito sessões de grupo semanais de duas horas, assim como 15 minutos de trabalhos de casa diários.
Durante nove meses os cientistas mediram os comportamentos de abuso de opiáceos dos participantes, sintomas de dor, depressão, ansiedade e stress. O desejo pelo uso indevido de substâncias com efeito analgésico foi medido em três momentos aleatórios do dia e os participantes tinham que relatar os sintomas via mensagem de texto ou por meio de smartphones.
Os resultados do estudo, publicado na revista científica JAMA Internal Medicine, revelaram que nove meses apos o fim do período do tratamento 45% dos participantes no grupo mindfulness já não estavam a utilizar opioides de forma excessiva, e 36% tinham reduzido o uso da substância pela metade.
Verificou-se ainda que estes doentes tinham mais do dobro das probabilidades de deixarem de utilizar os opiáceos e relataram melhorias nos sintomas de dor crónica, diminuição do desejo por opioides e uma redução dos sintomas de depressão.
Segundo os cientistas, a terapia com mindfulness combina meditação, terapia cognitivo-comportamental e princípios desde a psicologia positiva até ao treino sequenciado de consciência, ensinando as pessoas a recuar e a observar os seus comportamentos a partir da perspetiva de uma testemunha objetiva.
Este é o primeiro ensaio clínico em larga escala a demonstrar que uma intervenção psicológica pode reduzir simultaneamente o uso indevido de opioides e a dor crónica entre pessoas que receberam a prescrição de analgésicos.
