Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Case Western Reserve, nos Estados Unidos, revelam num estudo que um fármaco já existente no mercado pode ser muito eficaz no tratamento do cancro da mama triplo negativo, um dos tipos de tumores mais agressivos e fatais, pois tem capacidade de metastização rápida e resiste a muitas quimioterapias.

O estudo mostrou que as células cancerígenas do cancro da mama triplo negativo são muito vulneráveis ao fármaco interferão beta, um potente antimicrobiano que também ativa o sistema imunitário.

Este medicamento mostrou ser capaz de travar a capacidade das células do cancro da mama de migrarem e formarem novos tumores.

“Demonstrámos que o interferão beta reverte algumas das características mais agressivas do cancro da mama triplo negativo, que são responsáveis pelas metástases e pelos tratamentos falharem”, afirmou Mary Doherty, principal autora do estudo.

“Descobrimos ainda evidência de que o interferão beta nos tumores de cancro da mama triplo negativo está correlacionado com uma maior sobrevivência dos pacientes após a quimioterapia”, destacou a investigadora.

O interferão beta revelou ser muito eficaz contra este tipo de tumor porque atua sobre as células estaminais cancerígenas. Em testes laboratoriais realizados com células de cancro da mama triplo negativo com interferão beta foi possível observar que o fármaco evitou que as células migrassem.

Adicionalmente, verificou-se que as células tratadas com interferão beta não tinham os marcadores característicos dos tumores na fase inicial e não se conseguiam agregar de forma a ficarem como um tumor.

Os achados foram validados através de uma base de dados com tecido do cancro da mama.

Os cientistas confirmaram que, efetivamente, níveis elevados de interferão beta em tecido mamário estavam correlacionados com uma maior sobrevivência do doente e uma menor recidiva (cerca de 25 por cento menos) do cancro, em comparação com os que apresentavam níveis reduzidos.