TARTARUGAS E CÁGADOS

TARTARUGAS E CÁGADOS

RÉPTEIS

  Tupam Editores

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A grande diversidade de répteis existentes no nosso planeta é capaz de fascinar e ao mesmo tempo assustar muitos de nós. A beleza e as diferentes formas com que se apresentam são responsáveis pelo fascínio; o receio fica a dever-se a alguns animais com aparência mais exótica e às serpentes venenosas.

Habitam a terra há mais de 300 milhões de anos e apesar de todas as mudanças geográficas e climáticas ocorridas desde então, praticamente não sofreram mudanças, sendo exemplos vivos de animais de grande resistência e longevidade.

As espécies de répteis mais conhecidas estão divididas entre tartarugas, serpentes, lagartos e crocodilos. À exceção das zonas geladas, estão presentes em vários locais da terra, desde os desertos às florestas, rios, lagos e pântanos, onde muitas vezes exercem importante papel no controle biológico de espécies indesejadas. Alguns, particularmente as tartarugas, até dividem o lar connosco, sendo os répteis mais comummente mantidos em cativeiro em todo o mundo.

As atuais tartarugas são os répteis mais antigos do planeta. Foram os primeiros exemplares do grupo a apresentar carapaças ósseas e um bico cortante (em substituição de dentes). As primeiras tartarugas apareceram há mais de 200 milhões de anos. Nessa altura eram comuns as tartarugas terrestres com mais de dois metros de comprimento e as tartarugas marinhas com quase quatro metros.

São mais de 300 as espécies de tartarugas. Podem ser marinhas ou de água doce e as segundas são, de modo geral, conhecidas como cágados em Portugal.

Geralmente, as tartarugas são maiores que os cágados, sendo a maior de todas a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), uma tartaruga marinha que pode atingir mais de 2,30 metros.

A sua característica mais curiosa, e talvez a mais importante, na medida em que é essa estrutura que as protege contra eventuais inimigos, é a carapaça. A maioria das espécies, em caso de emergência, pode recolher as patas, a cabeça e a cauda, escondendo-se completamente no seu interior.

Enquanto jovens, as crias das tartarugas e dos cágados são muito pequenas e possuem carapaças muito macias, o que as torna vulneráveis, sendo facilmente vítimas de várias doenças, intempéries e inúmeros predadores (aves, outras tartarugas, peixes, lagartos e serpentes, entre muitos outros). Só um número muito reduzido de tartarugas conseguem sobreviver ao primeiro ano de vida.

Ciclo de vida e alimentação

As tartarugas estão entre os animais com maior longevidade, e embora algumas possam atingir a impressionante idade de 120 anos, calcula-se que a maioria não ultrapasse, por motivos vários, os 20 anos.

O ciclo de vida deste grupo, assim como a sua morfologia e comportamento, varia muito entre as espécies. A título exemplificativo, as tartarugas marinhas fêmeas apenas vão a terra durante algumas horas por ano para efetuar as posturas, enquanto as tartarugas de água doce podem permanecer dias seguidos fora de água. Outras espécies de cágados raramente têm acesso a lagos ou poças de água, podendo mesmo viver em desertos.

A maior parte destes répteis pode reproduzir-se a partir dos três anos de idade, altura a partir da qual os machos começam a tentar acasalar. Uma vez fertilizadas, as fêmeas podem transportar os ovos durante dois a três meses, e só depois fazem a postura.

Logo após a postura dos ovos – que pode variar entre as dezenas e as centenas de unidades – a progenitora abandona o ninho escavado no solo, voltando apenas na época de reprodução seguinte. Umas semanas depois da postura eclodem, e as crias cavam até à superfície iniciando uma vida totalmente independente.

No que diz respeito à alimentação, as tartarugas podem ser carnívoras, herbívoras ou omnívoras. Normalmente têm dificuldade em capturar presas rápidas, por isso, a grande maioria alimenta-se de vegetais.

As espécies omnívoras modificam o seu regime alimentar com a idade – enquanto jovens alimentam-se de insetos e depois de adultas podem passar a ser herbívoras. O tipo de alimentação pode ainda variar de macho para fêmea da mesma espécie.

A manutenção em cativeiro de uma tartaruga saudável durante muitos anos é exigente e dispendiosa. Um pequeno aquário com uma palmeira de plástico e uma dieta constituída exclusivamente por camarões não bastam para lhe providenciar uma vida longa e desprovida de problemas.

A tartaruga como animal de companhia

A tartaruga é, provavelmente, o réptil mais difundido como animal de companhia e, devido à sua longevidade, um compromisso a longo prazo.

A conhecida tartaruga de ouvido vermelho (ou Tartaruga da Florida), de nome científico Trachemys scripta elegans, pode crescer até aos 35 cm de comprimento de carapaça e viver durante cerca de 30 a 45 anos.

Contudo, devido a questões relacionadas com a introdução de espécies exóticas na natureza, a comercialização desta tartaruga está proibida em Portugal.

Podem, no entanto, ser encontradas no comércio de animais de companhia espécies semelhantes a esta em termos de maneio, como a tartaruga corcunda do Mississipi (Graptemys pseudogeographica) e a tartaruga chinesa de pescoço estriado (Ocadia sinensis), entre muitas outras.

As tartarugas aquáticas devem ser alojadas num terrário em que cerca de dois terços da área disponível está imersa e o restante terço é área seca. A profundidade da água deve ser, pelo menos, uma vez e meia a duas vezes o comprimento da carapaça da tartaruga, sendo importante deixar uma altura de parede acima do nível de água suficiente para evitar fugas.

O controlo da qualidade da água é fundamental. É necessário proceder a mudanças de toda ou parte da água do terrário com uma frequência semanal. Para manter a água limpa deve possuir um filtro; contudo, apenas com recurso ao filtro essa tarefa é difícil pois as tartarugas alimentam-se e fazem as necessidades dentro de água.

A zona seca deve ser de acesso fácil e corresponde à parte mais quente do terrário. A temperatura deve ser de 27 a 32˚C e o calor pode ser fornecido por uma lâmpada de aquecimento (idealmente, uma lâmpada de vapor de mercúrio). Também é recomendável dispor duma lâmpada de radiação ultravioleta (essencial para os répteis produzirem a vitamina D).

Estas lâmpadas devem ser ligadas e desligadas de forma a estabelecer um ciclo de iluminação de 12 horas diárias e devem ser adaptadas com segurança, para não haver risco de caírem acidentalmente dentro de água.

Quanto à alimentação, peixes de água doce aos pedacinhos, caracóis, gafanhotos e outros insetos podem constituir um verdadeiro pitéu para estas tartarugas. Pode também dar-se ração para carnívoros e alguma fruta, ou então recorrer à alimentação enlatada que se encontra à vendas nas lojas de animais de estimação.

Logo desde o início deve estabelecer-se um padrão alimentar regular, uma vez que a tartaruga não aceita muito bem mudanças radicais na alimentação. Deve dar-se de comer enquanto está dentro de água pois de outro modo não irá alimentar-se.

Paralelamente à dieta diária será necessário fornecer alguns suplementos como o cálcio, vitaminas e sais minerais que podem ser facilmente misturados na dose de comida. Relativamente às quantidades e frequência de administração deste suplementos, depende essencialmente da idade da tartaruga, sendo aconselhável uma visita preliminar a um veterinário e a leitura atenta dos folhetos informativos dos produtos.

As espécies autóctones e as ameaças à sua sobrevivência

Na nossa fauna existem duas espécies de tartarugas de água doce, conhecidas pela designação comum de cágados: o Cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa), e o Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis).

Apesar de também pertencerem à família Emydidae e poderem ser mantidos em condições semelhantes às demais tartarugas aquáticas, é proibida a detenção em cativeiro de todas e quaisquer espécies da fauna autóctone portuguesa.

As duas espécies partilham muitas vezes o mesmo habitat, sendo que o cágado-de-carapaça-estriada é o mais raro e menos abundante, encontrando-se em risco de extinção no nosso país. Aliás, praticamente todas as espécies de tartaruga estão, hoje, ameaçadas de extinção.

No que diz respeito às espécies autóctones em Portugal as capturas intencionais e acidentais e a introdução de espécies exóticas, particularmente a Tartaruga da Flórida, são as grandes ameaças.

A Tartaruga da Flórida ainda é a ameaça mais problemática por apresentar uma baixa idade de maturação sexual, uma elevada fecundidade, maior agressividade e maiores dimensões do que as espécies autóctones, o que lhe confere uma elevada capacidade competitiva na obtenção de alimento e de locais de termorregulação e de nidificação.

Mas a introdução de espécies vegetais exóticas também pode representar uma ameaça para as populações de cágados. Um exemplo disso foi a introdução do jacinto de água que, ao aumentar os níveis de eutrofização, deteriorou a qualidade da água, acarretando um impacto negativo para as comunidades vegetal e animal da área.

Apesar de todas as ameaças naturais, hoje em dia, o maior predador dos cágados e das tartarugas é o Homem. Por nossa causa milhares de indivíduos morrem anualmente emalhados em redes de pesca, vítimas de poluição ou por os seus habitats naturais terem sido destruídos. Outro fenómeno recente é o comércio relacionado com a gastronomia e com as lojas de animais de estimação.

São muitos os aspetos da vida humana relacionados com a destruição das populações de tartarugas e cágados selvagens. Aprender mais sobre este fascinante grupo, sobre o seu comportamento e sua conservação, é o primeiro passo para contrariar esta tendência.

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

Referências Externas:

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