IGUANAS, RÉPTEIS DOMÉSTICOS

IGUANAS, RÉPTEIS DOMÉSTICOS

RÉPTEIS

  Tupam Editores

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Iguana iguana, popularmente conhecida como iguana-verde, iguana-comum, iguana, camaleão ou papa-vento, é uma espécie réptil da ordem Squamata e da família Iguanidae, que possui mais de 700 espécies diferentes originárias de todo o continente americano, da Ilha de Madagascar em África, e das Ilhas Fiji na Ásia.

Em estado selvagem, as iguanas verdes, habitam as florestas tropicais e savanas. Podem encontrar-se junto a cursos de água, onde se refugiam dos predadores, saltando dos galhos de árvores para a água, muitas vezes de grande alturas, sobrevivendo incólumes.

São animais arborícolas, vivem em ramos de árvores onde se alimentam e apanham o tão desejado sol e, apesar de solitárias, podem ser encontradas várias na mesma árvore a diferentes alturas.

As iguanas dominantes geralmente concentram-se acima, enquanto as mais jovens tendem a ficar nos ramos mais próximos do chão. Em algumas ocasiões as iguanas verdes aceitam partilhar comida e locais quentes com outras da mesma espécie, e em caso de uma não aceitar a hierarquia, pode sempre afastar-se para outro território.

De grande semelhança com os ancestrais dinossauros e com o temperamento mais dócil entre os répteis, as iguanas conquistam muita gente. E, ainda que transpareça um certo ar de agressividade, a ideia não corresponde à realidade. Embora as iguanas verdes possam atacar quando se sentem ameaçadas, a sua popularidade deve-se exatamente à sua enorme docilidade entre os répteis e, facilidade de adaptação e interação com o Homem.

Porém, a sua relação com este diverge. A população local encara-a como fonte de alimento, chegando mesmo a apelidá-la de "galinha das árvores". Para as civilizações mais antigas, como os Moche do Perú, a Iguana era considerada um animal sagrado, tendo sido representado na sua arte; para os ocidentais, a iguana verde é vista como um dos melhores répteis de estimação, tendo a sua popularidade aumentado nos últimos anos. É, aliás, o réptil que mais facilmente se encontra à venda por um preço acessível, tornando mais fácil encontrar informação e veterinários experientes na espécie.

A iguana como animal de estimação

A iguana é talvez um dos répteis de maior expressão em cativeiro, a par das tartarugas. São já muitas as pessoas que optaram por ter como animal de estimação este animal exótico, em vez de um cão ou gato. É preciso, contudo, conhecer as características principais e as necessidades de uma iguana, até porque disso depende a sua saúde e longevidade.

Existem muitas espécies de iguanas – sendo as mais conhecidas a iguana-verde, iguana-das-caraíbas e a iguana-marinha –, que variam no comprimento e cor, entre outras caraterísticas. A iguana verde é o réptil mais popular no nosso país e o que mais facilmente se encontra à venda, razão porque a maioria das pessoas que gosta de animais exóticos a escolhe.

As iguanas verdes receberam o seu nome devido à coloração verde que ostentam. Enquanto jovens, estes animais apresentam cores mais vibrantes e intensas, mas com o passar dos anos vão aparecendo bandas escuras ao longo do corpo e da cauda, de tom acastanhado a acinzentado.

São répteis de grande porte, que podem atingir em cativeiro 1,5 a 1,8 metros, e na natureza os 2 metros de comprimento, e pesar até 10 kg. Embora possam durar até 20 anos vivem, em média, de 10 a 13 anos, acabando muitas delas por morrer nos primeiros 6 meses de vida. As razões para isso prendem-se com a falta de informação sobre a forma correta de tratar o animal – o que pode degenerar em animais agressivos capazes de infligir ferimentos graves ao seu dono, que não sabe interpretar os seus sinais de desconforto – e com a complexidade associada aos seus cuidados básicos.

Possuem corpo robusto, comprimido lateralmente, sendo 2/3 correspondentes ao comprimento da cauda, e quatro membros bem desenvolvidos e fortes, com dedos longos dotados de unhas duras e afiadas, como garras, que são utilizadas para atividades diversas como cavar, deslocar-se no solo ou trepar às árvores.

A pele é seca e coberta por uma fileira de puas – tipo crista – que percorre o corpo, começando na cabeça (onde são maiores) até à ponta da cauda. A zona dorsal e abdómen estão cobertos de pequenas escamas, sendo as da cabeça maiores e mais irregulares do que as do resto do corpo. Abaixo do tímpano apresentam uma enorme escama arredondada, uma prega de pele na região gular (pescoço), como uma papada que se desenvolve com a idade, e pálpebras formadas por grânulos, espessadas nas bordas e que se fecham completamente. A cor dos olhos é variável mas possui excelente visão capaz de identificar corpos, sombras, e movimentos a grandes distâncias.

A enorme popularidade da iguana deve-se ao seu temperamento. De fácil adaptação, interage com o homem e é a mais "dócil" de todas as espécies de répteis e aparenta ser o único a reconhecer o dono. Uma iguana, contudo, nunca irá atender pelo nome, pois não cria laços afetivos. No máximo, consegue-se a atenção do animal na hora da alimentação. E é impossível domesticá-lo, até porque não existe réptil emotivo ou domesticável, como o cão, por exemplo.

Importa lembrar que, na natureza, as iguanas são presas doutros animais, razão pela qual se deve manipular o réptil de modo a que não se sinta ameaçado, abordando-o por baixo e nunca por cima. Deve deixar-se que a iguana suba pelos braços, como se de uma árvore se tratasse. Um temperamento manso e dócil, facilita e minimiza o nível de stress a que o animal é exposto durante o manuseio.

O aspeto estranho e arcaico das iguanas, que lembra, em escala reduzida, os sáurios gigantes desaparecidos há milhões de anos, atraiu para estes répteis a curiosidade científica, tendo-se provado que o cérebro das iguanas possui uma estrutura extremamente primitiva, não tendo condições de sentir qualquer tipo de afeto.

O que ela percebe na verdade, e isso pode ser condicionado, é o que o somatório dos seus sentidos – visão, olfato, paladar e hábitos frequentes – pode distinguir. O que se nota é que o nível de condicionamento da iguana é ilimitado, e um convívio prolongado com o mesmo ser humano pode levar a manifestações de reconhecimento muito similares às dos mamíferos, mas nunca iguais.

Territoriais por natureza, as iguanas são muito sensíveis ao odor de outro indivíduo. Isso faz despertar o seu instinto selvagem, pondo em perigo a segurança do proprietário. É, portanto, completamente desaconselhado juntar duas iguanas, independentemente de serem do mesmo sexo ou de sexos opostos.

Em caso de ataque podem ferir seriamente um ser humano. No entanto, com muita paciência, tolerância e respeito pelo animal, podem ser habituadas à presença humana, tornando-se num animal de companhia fantástico, apesar dos momentos de má disposição comuns a qualquer ser vivo.

A maior parte das vezes estes animais são adquiridos de forma impulsiva nas lojas, não havendo por parte dos compradores os conhecimentos mínimos sobre as suas necessidades físicas, nutricionais ou ambientais, uma situação que acaba por ditar a longevidade do animal.

Cuidar da iguana: as necessidades básicas

Antes de se preocupar em prover as necessidades básicas da iguana que pretende adquirir, o comprador deve primeiro certificar-se de que forma o animal entrou no país.

A iguana está incluída no Apêndice II da CITES (Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora), um acordo multilateral agrupando um grande número de Estados, que regulamenta o comércio de espécies selvagens de forma a não por em causa a sua sobrevivência.

As espécies abrangidas pela Convenção agrupam-se em 3 Apêndices, consoante o grau de proteção de que necessitam. O Apêndice II diz respeito às espécies ameaçadas, mas ainda não em vias de extinção e o seu comércio necessita de ser controlado. Uma espécie listada no CITES pode ser comercializada desde que acompanhada de determinada documentação que terá de ser apresentada nos pontos de saída e entrada do animal nos países que atravessar.

Ao adquirir um animal listado no anexo II, como é o caso das iguanas, é obrigatória a posse da documentação CITES do animal. No ato de compra, o estabelecimento deverá mencionar na fatura emitida o número da licença de importação, e depois de concluído o negócio, deverá ser requerida a emissão de um documento CITES, à autoridade nacional que regulamenta a posse destes tipo de animais, neste caso, ao ICNB (Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade).

Sabendo que a captura intensiva para utilização humana e para comércio ilegal de animais de companhia são as principais ameaças às iguanas, deve começar por cada um de nós impedir que a espécie entre em extinção.

O candidato a proprietário deve certificar-se de que a sua futura iguana foi criada em cativeiro. Não só estará a contribuir para a sobrevivência destes animais no seu habitat natural, como o animal será mais sociável.

Ultrapassado este importante pormenor, a preocupação seguinte deverá centrar-se em conhecer as condições fundamentais para a boa saúde da iguana. Alojar o réptil em casa requer um certo esforço e gasto inicial para conseguir proporcionar-lhe tudo o que necessita, a começar pelo terrário.

O terrário de uma iguana deve variar de dimensão em função do seu crescimento. Como animais arborícolas que são, o proprietário deve apostar sempre mais na altura do terrário do que no seu comprimento. Enquanto pequenas, sobrevivem bastante bem num espaço não superior a 1,50m de altura, com 80x80cm de base e de topo – a área mais aconselhada para os dois primeiros anos da iguana. A partir dessa idade, deverá começar a pensar em disponibilizar um espaço maior ao animal. Para uma iguana adulta, um terrário com 2 metros de altura e com 1,50x1,50 metros de base e topo, será o mínimo aconselhável.

O terrário deve incluir esconderijos onde a iguana se possa refugiar quando não quer ser incomodada e alguns troncos para trepar, como faria na floresta tropical.

Por serem animais de sangue frio, o seu organismo não consegue produzir grandes quantidades de energia. Assim, o terrário deve conter dois tipos de fontes de calor: uma fonte direta (o chamado hot spot), fornecido por um foco de luz que deve estar apontado diretamente para o animal, e ligado apenas nas primeiras horas do dia, quando ele acorda ou em dias mais frios; e uma fonte de aquecimento indireta, que serve apenas para aumentar a temperatura do ar no seu todo.

As temperaturas deverão rondar os 30˚-32˚ durante o dia e os 26˚-27˚ durante a noite. A temperatura do ponto spot não deverá ser superior a 35˚. Relativamente à humidade, deverá rondar os 75 a 85 por cento durante o dia, devendo ser menor apenas à noite. É importante que exista uma grande cuba de água no interior do terrário para auxiliar nos níveis de humidade, para beber e até para o banho, se o animal o desejar.

Outro aspeto vital para um réptil de atividade diurna, como é o caso das iguanas, é a exposição diária a radiação ultravioleta (UV), sem a qual estes animais não conseguem produzir vitamina D.

Para melhor controlar as condições ambientais no interior do terrário, deve colocar-se (à altura do réptil) um termómetro e um higrómetro em cada extremidade do recinto. Também é importante que o terrário disponha de um bom sistema de ventilação, para que não haja acumulação de gases nocivos no seu interior.

Se o terrário é importante para a saúde de uma iguana, a alimentação não o é menos. Os erros alimentares na sua dieta são imensos existindo ainda quem pense que as iguanas são omnívoras, ou seja, que se alimentam de animais e plantas, o que não é verdade.

As iguanas são exclusivamente herbívoras. Na natureza alimentam-se de folhas, flores e frutos. Em cativeiro pode-se, e deve-se, fornecer a maior diversidade de vegetais que se conseguir: couve de bruxelas, nabo, nabiças, rama de cenoura, dentes-de-leão, trevos e folhas de videira e de amoreira, são boas opções.

O feijão verde, espargos, alfalfa, cebola, cogumelos, batata doce, cenouras, arroz cozido e pão integral humedecido em sumo de fruta, entre outros, também devem ser incluídos na sua dieta diária.

A fruta tem igualmente um papel importante no equilíbrio da dieta: figos, amoras, morangos, manga, meloa, papaia, maçã, banana com a casca incluída, entre outros, fornecem grande parte das vitaminas necessárias à espécie. A dieta diária deve ainda ser complementada com óleo de fígado de bacalhau (2 gotas, duas vezes por semana) e casco de choco em pó, ou com suplementos vitamínicos e minerais destinados a esta espécie.

Para os exemplares jovens, de pequenas dimensões, os alimentos devem ser cortados em pequenos fragmentos. Comparativamente com um mamífero das mesmas dimensões, um réptil come pouco, sendo suficiente uma única refeição diária.

Os alimentos devem ser lavados, escorridos, cortados, misturados e fornecidos à temperatura ambiente (ou ligeiramente mais quentes). Nunca de deve dar alimentos frios a uma iguana.

A boa digestão dos vegetais é assegurada por uma população bacteriana residente no aparelho digestivo da iguana. Se ingerir alimentos frios, a iguana terá graves problemas associados à morte da flora bacteriana.

Um dos maiores erros alimentares que podem provocar a morte dos répteis é uma alimentação com carnes ou qualquer outro tipo de alimentos que contenham açúcares (excluindo a fruta). Tendo em conta que o estômago da iguana não digere a carne, poderá provocar um bloqueio intestinal, o que pode conduzir a uma agonizante morte. Relativamente aos açúcares, quando estes entram em contacto com o processo digestivo da iguana, provocam paragens de digestão e consequentemente leva a uma excessiva produção de gazes. A sua acumulação poderá ter como consequência uma morte dolorosa.

As iguanas têm preferências alimentares, no entanto, não se pode confiar na sua escolha quando é hora da refeição, pois ao escolher determinado tipo de vegetal, acabarão por desenvolver carências nutricionais, pondo em risco a sua saúde.

Reprodução e saúde do réptil

A maturidade sexual das iguanas depende mais do tamanho que atingem do que propriamente da idade. Os machos podem tornar-se sexualmente maduros quando atingem os 16 cm, mas as fêmeas costumam demorar um pouco mais, não atingindo a maturidade até atingirem cerca de 25 cm. O tempo que demoram até alcançarem o tamanho certo pode variar muito, mas costuma situar-se entre 1 ano e meio a 2 anos.

Na natureza o período de gestação das iguanas surge de outubro a abril, mas em cativeiro o período é diferente, situando-se mais entre novembro e janeiro.

O acasalamento ocorre uma vez por ano, podendo a fêmea ser fecundada várias vezes.

Esta dispõe os ovos – entre 25 a 40 ovos, com um diâmetro de 35 a 40 mm – numa cova que escava na areia, sendo o período de incubação de 10 a 12 semanas, dependendo da temperatura, que deverá situar-se à volta dos 30˚C. O nascimento das crias ocorre entre 50 e 100 dias depois e são independentes desde esse momento.

Apesar de a reprodução de iguanas em cativeiro não ser difícil, é desaconselhável uma vez que há dificuldade em encontrar posteriormente quem, com disponibilidade e conhecimentos, possa levar a cabo a tarefa de diariamente cuidar destes animais tão exigentes quanto fascinantes.

Manter a boa saúde da iguana deve ser um objetivo diário. As condições do terrário, o seu ambiente e a dieta, são fatores importantes e que devem ser constantemente verificados. Ainda assim, são várias as lesões e doenças que podem afligi-las.

A descalcificação é a lesão mais comum que surge na iguana verde a viver em cativeiro. Esta lesão normalmente é o resultado de desnutrição ou de uma alimentação desequilibrada.

A paralisação das patas traseiras e da cauda é resultado de uma deficiência em vitamina B1, mas a descalcificação também pode ser uma causa possível.

As tentativas repetidas de se escapar podem provocar-lhe abrasões no nariz e na face. A iguana tem tendência a forçar e esfregar o nariz ao longo da sua gaiola à procura de uma eventual saída.

Os dedos das iguanas são muito vulneráveis aos danos. É fácil os dedos e as unhas ficarem presos nas grades, tendo como resultado muitas das vezes, roturas ou unhas partidas.

As infeções bacterianas são resultado de uma exposição constante à humidade ou a um meio ambiente sujo, podendo algumas delas ter consequências fatais. E as queimaduras podem surgir por contacto com uma fonte intensa de calor dentro do terrário.

Para além das lesões referidas existem outras doenças que podem acometer uma iguana durante a sua existência, como por exemplo, osteopatias metabólicas, anorexia, estomatite, parasitas, fraturas, abcessos provocados por feridas, quistos sebáceos, retenção de ovos, doença renal (glomerulonefrite), cálculos urinários, e necrose da ponta dos dedos por retenção de anéis de pele durante a muda.

Estas e outras doenças apenas poderão ser tratadas por especialistas que as conheçam sendo, por isso obrigatórias as visitas regulares a um veterinário de répteis, ainda que seja apenas para check-up ou desparasitação.

Atualmente já existem várias clínicas veterinárias especializadas em animais exóticos, e particularmente em iguanas.

Para pequenas dúvidas, ou mesmo para aprender mais sobre este réptil, pode sempre consultar a internet e os fóruns cujas informações pertinentes e a troca de comentários podem contribuir para fomentar um relacionamento especial entre ambos.

A Iguana verde é um animal muito interessante e quando domesticado pode tornar-se um bom animal de companhia, mas no entanto é bastante exigente e requer cuidados muito específicos e atenção.

Quem não tiver a certeza de que este é o animal certo para sua companhia, opte por outro. Ao tomar essa decisão já estará a cuidar de uma iguana!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

Referências Externas:

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