As populações de javalis estão a aumentar todos os dias em várias zonas do país, aproximando-se de cidades, vilas e aldeias à procura de comida e água, o que representa uma séria ameaça para a saúde pública.

O alerta é dado pelo Sindicato dos Médicos Veterinários (SMV), que refere que o facto de estes animais serem portadores de tuberculose pode colocar em risco a vida humana.

De acordo com dados da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), sete por cento dos javalis abatidos nos últimos cinco anos de caça eram portadores da doença. Além disso, entre 2011 e 2016 foram notificados aos serviços da DGAV casos positivos de carcaças contagiadas com tuberculose em 28 por cento das jornadas de caça na região Centro e 12 por cento no Alentejo.

Segundo José Manuel Batista, dirigente do “Movimento Caçadores Mais Caça”, existem montarias e batidas que não têm médicos veterinários para fazer análises laboratoriais, o que significa que pode existir carne a chegar ao consumidor sem ser sujeita à despistagem da doença.
Já Eduardo Correia, do Sindicato dos Médicos Veterinários, refere que por se tratar de um problema de saúde pública, o assunto deveria a estar a ser tratado de outra forma.

A DGAV diz, no entanto, que não existe obrigatoriedade das montarias serem acompanhadas por um médico veterinário, uma vez que a legislação em vigor no espaço comunitário obriga apenas a que pelo menos uma pessoa de um grupo de caçadores, designada “pessoa devidamente formada”, tenha os conhecimentos de doenças de espécies cinegéticas e seja capaz de reconhecer os problemas de saúde dos animais caçados.

Não se pode deixar de referir o Plano de Controlo e Erradicação da Tuberculose que está em aplicação desde 2011. Consiste na programação das montarias, sendo designado um médico veterinário oficial (da DGAV ou das autarquias) para observar os órgãos e as carcaças dos animais abatidos, e proceder ao exame das peças capturadas e à colheita de amostras para diversas doenças, como tuberculose, brucelose ou peste suína.