PESTE BOVINA

PESTE BOVINA

DOENÇAS

  Tupam Editores

5

Após a eliminação da varíola há mais de trinta anos, a FAO e a OIE preparam-se para anunciar a morte da mais mortífera das doenças que afetam o gado: a peste bovina. O desenvolvimento de uma nova vacina e uma mais apertada vigilância veterinária foram os fatores que tornaram possível dizer que aquela doença tem os dias contados

A peste bovina, a doença de gado mais devastadora a nível mundial, vai ser declarada como extinta dentro de 18 meses. É o que afirmam as entidades mundiais da saúde como a Organização da Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO), sediada em Roma, ou a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), com sede em Paris que, após juntarem esforços em 1980, para erradicar a varíola ovina, agora se propõem a cumprir o mesmo objetivo com a peste bovina.

Na opinião de Juan Lubroth, chefe-veterinário da FAO, a peste bovina está no topo da lista de doenças mais mortíferas em animais e que "mata não apenas o gado e outros animais selvagens, como também provoca a fome entre as pessoas dos países subdesenvolvidos que perdem os animais necessários para cultivar os campos".

Por isso, Chris Oura do Grupo do Laboratório de Referência da Doença Não Vesicular no Instituto de Saúde Animal de Pirbright, no Reino Unido, considera a erradicação da doença como um "grande triunfo" para a comunidade veterinária.

Trata-se de uma doença causada por um vírus denominado morbillivirus, no qual também está incluído o sarampo, e cujos sintomas vão desde febre, secreções do nariz e olhos até diarreias e desidratação, causando a morte dos bovinos infetados em cerca de dez dias.

Desde que se espalhou do continente asiático para o europeu, a doença já provocou a morte de milhões de cabeças de gado, originando inclusive surtos durante o Império Romano. A peste bovina conseguiu saltar fronteiras e propagar-se no Médio Oriente e chegar até à Índia, mas um dos surtos mais devastadores ocorreu na Nigéria, na década de 1980, com perdas estimadas em dois milhões de dólares, segundo a FAO.

A eliminação do vírus passa por um controlo e vigilância à escala mundial e, nesse sentido, a FAO e a OIE desenvolvem esforços a nível internacional que incluem o lançamento do Programa Mundial de Erradicação da Peste Bovina, iniciado em 1994. Contudo, o sucesso deste programa, segundo reconhecem as autoridades de saúde animal, depende da generalização das vacinas e do acompanhamento a longo prazo do gado e da fauna selvagem. Daí que o marco significativo para o combate à doença fosse o desenvolvimento de uma vacina estável ao calor, constituída pelo vírus na sua forma atenuada, o que facilitaria a sua armazenagem e o transporte em segurança.

Mas a vacina também tem sido fonte de preocupações apesar de garantir proteção para toda a vida. Um dos problemas detetados tem a ver com o facto de conter um vírus vivo o que impossibilita, através dos vários exames de diagnóstico, a posterior distinção entre os animais infetados e os vacinados. Isto porque ambos mostram um resultado positivo para os anticorpos contra o vírus.

Da mesma forma, as vacas também poderão transmitir os anticorpos à sua descendência através do leite materno. É por isso que Chris Oura caracteriza todo o processo como sendo "difícil e longo", de forma a haver a garantia "de que não fica nada". Para isso, deve-se interromper a vacinação durante dois anos e analisar as crias nascidas durante esse período.

Inspeção animal é sempre difícil

Apesar de a FAO garantir que o mundo já está livre da doença, tanto aquela organização como a OIE pretendem realizar uma declaração oficial de erradicação da peste bovina dentro de 18 meses. Na mesma altura, a OIE vai elaborar também um balanço dos governos e laboratórios de todo o mundo que possuem o vírus em stock. Durante este período, os cerca de 12 países que ainda não apresentaram os relatórios e testes finais, assim como os resultados de vigilância animal, terão de fazê-lo. É que, de acordo com Oura, realizar o seguimento e a vigilância animal é um "trabalho vasto" sobretudo quando "o vírus está em países em vias de desenvolvimento ou zonas em guerra".

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

Referências Externas:

Osteoartrite em animais de companhia em crescimento

Doenças

Osteoartrite em animais de companhia em crescimento

Dados recentemente publicados pela rede de clínicas veterinárias Banfield, nos EUA, chamaram a atenção para o aumento da prevalência de osteoartrite em animais de companhia.
CEGONHA PRETA - Tímida e de futuro incerto

AVES

CEGONHA PRETA - Tímida e de futuro incerto

De nome científico Ciconia nigra, a cegonha-preta é uma ave distinta, de médio a grande porte que apresenta plumagem negra na cabeça, pescoço, dorso e asas, possuindo um brilho metálico verde-dourado,...
0 Comentários