Disfunções da tiroide na gravidez aumentam risco de autismo
As mulheres com desequilíbrio persistente das hormonas da tiroide ao longo da gravidez podem ter um risco mais elevado de ter filhos com autismo, de acordo com um estudo publicado no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.

As hormonas da tiroide maternas são essenciais para o neurodesenvolvimento fetal. O desequilíbrio da tiroide gestacional tem sido associado ao neurodesenvolvimento atípico, incluindo um risco aumentado de Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) – uma condição complexa do neurodesenvolvimento que afeta a forma como uma pessoa comunica, interage com os outros e vivencia o mundo.
O estudo, realizado por investigadores da Universidade Ben-Gurion do Negev, em Beer Sheva, Israel, acompanhou um total de 51.296 partos únicos, que ocorreram entre janeiro de 2011 e dezembro de 2017, e permitiu descobrir que as mães que tinham um desequilíbrio persistente das hormonas da tiroide ao longo da gravidez tinham maior risco de ter filhos com autismo.
Um total de 4.409 (8,6%) das mães apresentava uma função da tiroide anormal. A incidência cumulativa de PEA foi semelhante nos filhos das mulheres com função da tiroide normal e anormal. Embora o hipotiroidismo crónico isolado (provavelmente reflexo de um tratamento adequado) não tenha sido significativamente associado à PEA, a combinação de hipotiroidismo crónico e gestacional foi associada a um maior risco de PEA.
De acordo com Idan Menashe, um dos investigadores envolvidos, concluiu-se que, embora a disfunção da tiroide crónica adequadamente tratada não estivesse associada a um risco aumentado de autismo na descendência, o desequilíbrio contínuo ao longo de múltiplos trimestres estava. Observou-se, aliás, um padrão dose-resposta, ou seja, quanto maior a duração da disfunção da tiroide ao longo dos trimestres, maior o risco.
Os resultados sugerem que o hipotiroidismo crónico adequadamente tratado não está associado à PEA na descendência, enquanto o desequilíbrio hormonal persistente ao longo dos trimestres confere um risco elevado. Estas descobertas reforçam a importância dos rastreios de rotina da função da tiroide e do tratamento oportuno durante toda a gravidez.