NUTRIÇÃO

Comer sozinho associado a uma nutrição mais pobre em idosos

Os idosos que regularmente fazem as refeições sozinhos têm maior probabilidade de apresentar uma nutrição e saúde mais pobres do que aqueles que partilham as refeições com outras pessoas, de acordo com uma investigação da Universidade Flinders, na Austrália.

Comer sozinho associado a uma nutrição mais pobre em idosos


A revisão sistemática compilou resultados de 20 estudos internacionais que examinaram a relação entre comer sozinho e os desfechos de saúde mensuráveis em adultos com 65 anos ou mais que vivem na comunidade.

O estudo, publicado na revista Appetite, encontrou associações consistentes entre comer sozinho e uma pior qualidade da dieta, menor ingestão de grupos alimentares importantes, como frutas, verduras e carnes, e maior risco de perda de peso e fragilidade.

Segundo Caitlin Wyman, autora principal do estudo, as descobertas destacam a importância das conexões sociais para os idosos, especialmente durante as refeições.
A comida é mais do que o benefício nutricional que proporciona. Partilhar uma refeição é uma importante atividade social que pode influenciar o apetite, a variedade alimentar e o bem-estar geral.

Já se sabia que sentimentos de solidão e isolamento social podem contribuir para a redução da ingestão alimentar, mas ainda não se tinham explorado os efeitos nutricionais e físicos dos idosos que comem sozinhos em comparação com aqueles que comem acompanhados.
Com base em dados de mais de 80.000 idosos de 12 países, a revisão revelou que o contexto social das refeições pode ter impactos abrangentes.

Embora um pequeno número de estudos não tenha identificado diferenças nos resultados nutricionais, a maioria revelou que comer sozinho estava associado a escolhas alimentares menos saudáveis e menor ingestão de alimentos ricos em proteínas, importantes para a manutenção da massa muscular e da capacidade funcional.
Alguns estudos também descobriram que comer sozinho estava associado a uma maior probabilidade de perda de peso e a um risco elevado de fragilidade.

A nutricionista relembra que o envelhecimento traz mudanças fisiológicas, como a redução dos sinais de fome e a alteração do paladar, mas as descobertas sugerem que os fatores sociais também são importantes.
Fazer as refeições acompanhado promove conexão, prazer e nutrição. Incentivar oportunidades para partilhar as refeições, seja com a família, amigos ou em programas comunitários, pode ajudar a melhorar a ingestão alimentar, o estado nutricional e a qualidade de vida dos idosos que vivem em casa.

Segundo a Dra. Alison Yaxley, coautora do estudo, a investigação apoia a integração da triagem social e nutricional nas práticas de rotina de cuidados aos idosos. Perguntas simples sobre os hábitos alimentares podem ajudar a identificar pessoas em maior risco nutricional.

Ao reconhecer a ligação entre isolamento social e a nutrição, os profissionais de saúde podem encaminhar os idosos para programas comunitários de refeições ou oportunidades de refeições em grupo, que podem fazer toda a diferença.
Iniciativas comunitárias, como grupos de refeições de bairro, programas de refeições intergeracionais ou parcerias com cafés locais, podem ajudar a reduzir a prevalência de refeições solitárias entre os idosos.

Entretanto, são necessárias mais investigações para explorar quais as estratégias que melhor podem incentivar refeições partilhadas regulares nessa população e de que forma poderão ser implementadas.

Fonte: Tupam Editores

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