Sofre frequentemente de indigestão? Pode ser Helicobacter pylori
A bactéria Helicobacter pylori é um hospedeiro comum na nossa parede gástrica. De facto, a maioria dos estudos indica que os humanos são o principal reservatório do patógeno em todo o mundo. Em Portugal, estima-se que cerca de 60 a 70% da população esteja infetada.

Beber água ou consumir alimentos contaminados com a bactéria é a principal via de infeção, mas, embora menos comum, a H. pylori também pode ser transmitida por via oral, ascendendo do estômago da pessoa infetada por refluxo ou vómito, pois sabe-se que pode persistir na saliva ou na placa bacteriana.
Na maioria das pessoas a infeção é assintomática podendo persistir durante anos, no entanto, noutras (entre 10 e 25%) a bactéria torna-se ativa e começa a causar, acima de tudo, distúrbios gastrointestinais.
Sensação de peso após as refeições, sensação de saciedade rápida (de tal forma que a pessoa não consegue terminar algumas refeições) e inchaço, com arrotos frequentes, azia, náusea ou desconforto na parte superior do abdómen são alguns dos sintomas típicos da infeção por H. pylori. Eles ocorrem quando a bactéria irrita e inflama o revestimento do estômago, causando gastrite. O patógeno encontra nas paredes do estômago um ambiente ideal para viver.
Se não forem identificadas e tratadas precocemente, essas condições de indigestão às vezes complicam-se e causam úlceras gastroduodenais, lesões na parede do estômago que podem causar dor intensa na parte superior do abdómen, que persiste mesmo durante o sono, vómitos, perda de peso ou perda de apetite.
Outra das consequências é que o risco de cancro gástrico pode ser até 20 vezes maior. Isto não significa que todas as pessoas com H. pylori o vão desenvolver, no entanto, deve ser levado em consideração.
Na verdade, os especialistas recomendam uma monitorização preventiva dos parentes em primeiro grau de pessoas afetadas por esse tipo de tumor. Dessa forma, seria possível tratar a infeção, se detetada, prevenindo danos crónicos no revestimento do estômago.
A bactéria pode ser detetada através da análise de uma amostra de fezes. Este é, aliás, o método diagnóstico mais utilizado nos cuidados primários. Mas há que ter em mente que se a pessoa estiver a tomar determinados antiácidos (inibidores da bomba de protões), deve interromper a sua toma pelo menos 14 dias antes de fazer o teste. Já se a pessoa tiver feito tratamento com antibióticos, deve esperar pelo menos um mês, pois ambos os medicamentos podem originar resultados falsos-negativos.
O tratamento é baseado na combinação de três antibióticos (para evitar possível resistência) com um antiácido, que devem ser tomados nos dias prescritos pelo médico.