Primeiro medicamento para apneia do sono pode estar para breve
Apesar da elevada prevalência de apneia obstrutiva do sono (AOS) ainda não existem opções de tratamento farmacológico aprovadas. Mas, de acordo com um estudo clínico europeu no qual a Universidade de Gotemburgo desempenhou um papel significativo, o medicamento sultiame reduz o número de pausas respiratórias e melhora a qualidade do sono em pacientes com este distúrbio.

As descobertas, publicadas na revista The Lancet, dão esperança de um tratamento medicamentoso a todas as pessoas que não toleram as máscaras respiratórias. Apesar de o tratamento padrão – a pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) – ser muito eficaz, até metade dos pacientes interrompe o seu uso no prazo de um ano, pois a máscara pode causar desconforto ou perturbar o sono.
Foram incluídos na investigação um total de 298 pacientes (220 homens e 78 mulheres) com idades compreendidas entre os 18 e os 75 anos, que sofriam de apneia do sono moderada a grave. Um quarto dos participantes recebeu um placebo, enquanto os restantes receberam o sultiame em doses diferentes (comprimidos de 100 mg, 200 mg ou 300 mg). Do total de participantes, 240 completaram as 15 semanas de tratamento.
O ensaio clínico foi conduzido em quatro países europeus e foi duplo-cego, o que significa que nem os participantes nem os investigadores sabiam quem tinha recebido o tratamento ativo.
Os resultados revelaram que os pacientes que receberam as doses mais altas do medicamento tiveram até 47% menos interrupções respiratórias e melhor oxigenação em comparação com aqueles que receberam o placebo.
O sultiame atua estabilizando o controle respiratório do corpo e aumentando o impulso respiratório, reduzindo assim o risco de colapso das vias aéreas superiores durante o sono. A maioria dos efeitos colaterais registados foi leve e transitória.
De acordo com Jan Hedner, líder do estudo, os resultados mostram que a AOS pode, de facto, ser influenciada farmacologicamente. Apesar de ser um avanço, aguarda-se a realização de estudos maiores e mais longos que determinem se o efeito é sustentado ao longo do tempo e se o tratamento é seguro para grupos mais amplos de pacientes.