Um em cada quatro doentes com DT2 sofre de diabetes sarcopénica
Um novo artigo publicado na revista Clinical Nutrition chamou a atenção para uma complicação pouco conhecida, mas grave, da diabetes: a perda progressiva de massa e força muscular, uma condição conhecida como diabetes sarcopénica.

Segundo a Dra. Hana Kahleova, coautora do artigo, a diabetes sarcopénica ocorre quando a diabetes se combina com uma perda muscular significativa, que vai muito além do envelhecimento normal.
Os especialistas chamam a atenção para o facto de a nova classe de medicamentos para a perda de peso agravar esta condição, uma vez que essa perda de peso é causada, em parte, pela diminuição da massa muscular.
Este problema é generalizado, subdiagnosticado e está associado a desfechos de saúde significativamente piores para as pessoas com diabetes.
Os estudos sugerem que aproximadamente uma em cada quatro pessoas com diabetes tipo 2 (DT2) também apresenta sarcopenia. Em comparação com as pessoas sem diabetes, aquelas com a condição têm um risco muito maior de fragilidade, incapacidade, internamentos hospitalares mais longos e maior risco de morte, além de pior desfecho em doenças como a insuficiência cardíaca e a doença renal crónica.
O estudo permitiu concluir que a perda muscular na diabetes é impulsionada por múltiplos fatores, incluindo inatividade física, dieta inadequada, inflamação crónica, resistência à insulina, hiperglicemia e complicações relacionadas com a diabetes, como danos nos nervos.
Destaca ainda uma nova preocupação de que a perda de peso causada pelos medicamentos modernos para a diabetes, como a semaglutida e a tirzepatida, seja, em parte, o resultado da perda muscular, tornando ainda mais importante monitorizar e proteger a saúde muscular durante o tratamento.
Felizmente, a diabetes sarcopénica não é inevitável e pode ser tratada. Antes de mais, recomenda-se o rastreio de rotina nas pessoas com diabetes, especialmente nos idosos e naqueles que apresentam perda de peso. Medidas simples, como testes de força muscular, juntamente com exames de composição corporal, podem ajudar a identificar as pessoas em risco.
Os investigadores realçam ainda a importância da ingestão adequada de proteínas, do exercício regular de força ou resistência e da redução do tempo sedentário como formas práticas e baseadas em evidências para preservar e melhorar a saúde muscular.
Os resultados chamam a atenção dos clínicos, sistemas de saúde e investigadores para a importância de reconhecerem a diabetes sarcopénica como uma complicação grave da diabetes e integrarem a saúde muscular nos cuidados de rotina, juntamente com o controlo da glicemia e do risco cardiovascular.