POLUIÇÃO

Poluição atmosférica pode contribuir para obesidade e diabetes

A exposição prolongada à poluição atmosférica fina pode prejudicar a saúde metabólica, ao interromper a função normal da gordura castanha em ratinhos. Um estudo publicado na revista JCI Insight mostrou que isso ocorre devido a alterações complexas na regulação dos genes, impulsionadas por mecanismos epigenéticos.

Poluição atmosférica pode contribuir para obesidade e diabetes


Os resultados da investigação demonstram como os poluentes ambientais contribuem para o desenvolvimento da resistência à insulina e para as doenças metabólicas.

Cada vez são mais as evidências de que a poluição do ar não prejudica apenas os pulmões e o coração, também desempenha um papel significativo no desenvolvimento de distúrbios metabólicos, como a resistência à insulina e a diabetes tipo 2.

O objetivo da investigação era entender melhor como a exposição prolongada a poluentes atmosféricos finos pode afetar a capacidade do corpo de regular o açúcar no sangue e manter a saúde metabólica. Os especialistas concentraram-se num tipo específico de poluição conhecido por PM2,5, que diz respeito a minúsculas partículas transportadas pelo ar, menores que 2,5 micrómetros, que podem ser inaladas profundamente para os pulmões.

Para o efeito, a equipa expôs ratinhos de laboratório a ar filtrado ou PM2,5 concentrado por seis horas por dia, cinco dias por semana, durante um período de 24 semanas. Este tipo de configuração foi planeada para simular de perto a exposição urbana crónica em humanos.

Após o período de exposição de cerca de cinco meses, os animais que inalaram PM2,5 apresentaram sinais de metabolismo alterado, incluindo sensibilidade à insulina prejudicada. Exames mais aprofundados revelaram que a função da gordura castanha havia sido significativamente alterada.

Descobriu-se, mais especificamente, que a expressão de genes importantes no tecido adiposo castanho, que regulam a capacidade de produzir calor, processar lípidos e lidar com o stress oxidativo, foi alterada. Essas alterações foram acompanhadas por um aumento do acúmulo de gordura e sinais de dano tecidual e fibrose no tecido.

Os investigadores descobriram que a poluição do ar havia desencadeado mudanças significativas na regulação do ADN nas células de gordura castanha.
As enzimas HDAC9 e KDM2B foram identificadas como os principais impulsionadores desse processo. Essas enzimas estão envolvidas na modificação das histonas, as proteínas que envolvem o ADN.

Descobriu-se que elas se ligavam a regiões específicas do ADN nas células de gordura castanha dos ratinhos expostos a PM2,5, levando a uma redução nas principais marcas químicas, ou grupos metil, que normalmente promovem a atividade genética.

O estudo mostra que a exposição prolongada à poluição atmosférica fina pode prejudicar a saúde metabólica, interrompendo a função normal da gordura castanha. As descobertas ajudam a explicar como os poluentes ambientais como o PM2,5 contribuem para o desenvolvimento de resistência à insulina e doenças metabólicas, e apontam para novos alvos potenciais para a prevenção ou tratamento.

Fonte: Tupam Editores

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