Estudo é o primeiro a relacionar pesticidas e morte em crianças
A preocupação pública com os efeitos nocivos dos pesticidas e de outros poluentes ambientais continua a crescer, especialmente em relação às crianças. Os pesticidas já foram associados a um risco maior de desenvolver leucemia infantil, mas, recentemente, um novo estudo publicado na revista Cancers mostrou que crianças com leucemia que foram expostas a pesticidas durante a gravidez das suas mães apresentam maior risco de morte.

A investigação tinha como objetivo examinar de que forma a exposição aos pesticidas afetou as taxas de sobrevivência das crianças em cinco anos. De entre as 800 crianças com leucemia linfoblástica aguda (LLA) que participaram no estudo, comprovou-se que aquelas expostas a qualquer pesticida durante a gravidez tinham um risco 60% maior de morte, enquanto as expostas a raticidas, um tipo de pesticida, durante a gravidez tinham um risco 91% maior.
Do total de crianças estudadas, 92% foram expostas a pelo menos um tipo de pesticida antes ou depois do nascimento, demonstrando a disseminação desses produtos químicos tóxicos em lares e nos ambientes onde as crianças vivem.
As crianças diagnosticadas com LLA antes de um ano de idade, aquelas de famílias com baixo nível educacional e renda, e crianças negras apresentaram as maiores taxas gerais de mortalidade, enquanto crianças brancas expostas a raticidas apresentaram taxas de mortalidade mais elevadas do que outros grupos. A amamentação pareceu ter um efeito protetor geral para as crianças.
Este estudo veio complementar investigações recentes que descobriram que as crianças expostas ao fumo do tabaco e à poluição do ar durante a gravidez e após o parto também apresentam maior risco de morte. Elas são especialmente vulneráveis a substâncias químicas tóxicas, devido às concentrações mais elevadas em relação ao seu tamanho corporal em desenvolvimento.
Segundo Lena Winestone, coautora do estudo, os resultados da investigação destacam que as exposições no ambiente doméstico, mesmo antes do nascimento de uma criança, podem ter efeitos duradouros na sobrevivência após um diagnóstico de leucemia.
É um poderoso lembrete de que os desfechos do cancro não são determinados apenas pelos cuidados médicos, também estão associados às exposições e condições ambientais em que as famílias vivem.
Embora mais estudos sejam necessários, as descobertas realçam a importância de reduzir a exposição das crianças a pesticidas nocivos sempre que possível.