Teste de saliva caseiro pode tornar-se novo método contracetivo
Uma equipa de investigadores desenvolveu um novo teste baseado em saliva que mede os níveis de progesterona nas mulheres, a hormona essencial para a fertilidade feminina. Embora a sua taxa de eficácia seja atualmente menor do que a dos preservativos ou outros métodos contracetivos, pode ser tão eficaz quanto as pílulas na prevenção da gravidez.

O dispositivo – denominado Minilab – foi inicialmente desenvolvido para fazer precisamente o oposto: ajudar as mulheres a aumentar as suas hipoteses de gravidez através da monitorização dos níveis de progesterona. No entanto, uma investigação concluiu que o dispositivo é 92% eficaz na prevenção da gravidez, quase tão eficaz quanto as pílulas anticoncecionais, mas sem nenhum dos efeitos colaterais.
Nos últimos anos, tem vindo a aumentar o número de alternativas aos métodos contracetivos tradicionais, como, por exemplo, as leituras de temperatura para monitorizar os níveis hormonais. No entanto, este teste pode tornar-se uma opção muito mais promissora porque é mais barato, rápido e pode ser feito de forma mais conveniente em casa.
O dispositivo é muito fácil de usar. Mais ou menos à mesma hora todos os dias, a utilizadora coloca um pouco de saliva numa tira de teste e depois insere-a num dispositivo pequeno que mede a progesterona. Os dados são enviados para uma aplicação, que regista as suas flutuações hormonais ao longo do tempo. Isto permite identificar a janela fértil, ou seja, os aproximadamente seis dias do mês em que a mulher tem maior probabilidade de engravidar.
No estudo observacional, mais de 200 mulheres na Alemanha utilizaram o dispositivo durante seis meses. Elas foram aconselhadas a não ter relações sexuais desprotegidas nos dias em que a App indicava que estavam férteis e foi-lhes pedido que registassem a sua atividade sexual.
Onze mulheres engravidaram, mas duas foram excluídas da análise por violar as diretrizes do estudo. Outras tiveram relações sexuais desprotegidas em dias que a App identificou como de alto risco para uma gravidez.
Os resultados traduzem-se numa taxa de eficácia de 92%, o que significa que, se 100 mulheres usassem o dispositivo como contracetivo durante um ano, oito poderiam esperar engravidar. As taxas são aproximadas às das pílulas anticoncecionais ou dos adesivos anticoncecionais, e mais eficazes do que os preservativos (82%). No entanto, é muito menos eficaz do que os dispositivos intrauterinos (DIUs) não hormonais, às vezes chamados de DIUs de cobre (mais de 99%).
Importa referir que as mulheres que têm ciclos menstruais irregulares ou que estiveram grávidas ou a amamentar nos últimos meses não devem utilizar o dispositivo.
A British Standards Institution (BSI), responsável por examinar os fabricantes de dispositivos médicos na Europa, já aprovou o dispositivo, e a previsão é que este chegue à União Europeia em setembro deste ano.