Até agora, a única forma de identificar a infeção era através de um exame de sangue ou saliva. Mas a Dra. Michele Garagnani, da Universidade de Melbourne, Carlos Alós-Ferrer, da Universidade de Lancaster, e Anja Achtziger, da Universidade Zeppelin, desenvolveram um teste, que avalia o tempo de reação de um indivíduo para ajudar a determinar se ele está infetado com o parasita protozoário Toxoplasma gondii – geralmente transmitido por fezes de gato ou carne crua contaminada.

A toxoplasmose não representa um risco imediato para a pessoa saudável média, e muitas podem passar a vida sem perceber que estão infetadas. No entanto, estudos anteriores sugerem que, para algumas pessoas, esta infeção pode causar estragos nos níveis de dopamina, reduzindo o seu autocontrole, tornando-as mais impulsivas, impacientes e mais propensas a tomar decisões arriscadas.

Na verdade, a toxoplasmose afeta a nossa neuroquímica, influenciando a regulação de neurotransmissores como a dopamina, serotonina e adrenalina, que também são responsáveis por regular comportamentos como o medo.

Para confirmar a validade do teste de reação como ferramenta diagnóstica, a equipa de investigação conduziu um ensaio clínico comparativo para comparar o teste proposto com o exame de sangue convencional.

Para isso, mediram os tempos de reação de 79 participantes com tipo sanguíneo RhD negativo e os resultados mostraram que o novo teste teve uma taxa de precisão de 97%. O teste de reação detetou infeção por toxoplasmose em 11 dos 12 participantes que foram identificados como infetados pelos exames de sangue.

Os especialistas, então, recrutaram mais 1.010 indivíduos com tipo sanguíneo RhD negativo, que também completaram o teste de tempo de reação online. Com base nos resultados, a equipa considerou que 18% dos entrevistados estavam infetados com toxoplasmose.

Para o estudo, publicado na revista Acta Psychologica, todos os entrevistados responderam a uma série de perguntas sobre a sua vida, incluindo a sua situação profissional e renda anual. Os resultados revelaram que os entrevistados que foram considerados infetados com toxoplasmose tinham 10% mais probabilidade de estar desempregados e de ganhar menos, em média, do que os entrevistados que foram considerados não infetados.

Além disso, os que foram considerados infetados tinham maior propensão para fumar, consumir álcool e apresentar problemas de saúde mental, como ansiedade, stress e depressão, em comparação com os participantes não infetados.

Embora o novo teste online não substitua o diagnóstico médico, ele oferece aos especialistas a oportunidade de avaliar adequadamente as mudanças que a infeção pode causar na população.

Embora não haja tratamento conhecido para a toxoplasmose, o novo método é uma oportunidade para o mundo como um todo entender quantas pessoas estão infetadas, como isso afeta o nosso comportamento e que medidas se podem tomar para controlar o seu impacto.