Fármaco para insónias pode prevenir aparecimento de Alzheimer
O Alzheimer é a doença neurodegenerativa que é a causa mais comum de demência em idosos. Nos estágios iniciais da doença, as pessoas começam a esquecer eventos ou conversas recentes, mas posteriormente desenvolvem-se outros sintomas, como desorientação ou perda da capacidade de realizar as tarefas diárias.

Apesar de não haver cura para a doença, o tratamento passa por medicamentos que ajudam a combater os sintomas, retardando a sua progressão. No entanto, um estudo conduzido por cientistas da Universidade de Washington permitiu descobrir que um medicamento usado para o tratamento das insónias pode proteger o cérebro contra este tipo de doença.
O estudo, publicado na revista científica Nature, foi realizado com ratinhos que receberam lemborexant, um medicamento utilizado para tratar problemas de sono, e revelou que a substância protege contra o acúmulo da proteína tau – uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento desta doença.
Os especialistas descobriram que o medicamento funciona bloqueando um neuropeptídeo – a orexina – que regula o sono e a vigília, o que também reduz essa proteína. Além disso, graças ao medicamento, também foi preservado entre 30 e 40% a mais de volume cerebral no hipocampo, uma área essencial para a manutenção da memória.
Segundo David Holtzan, coautor do estudo, os resultados demonstraram que o lemborexant melhora o sono e reduz os níveis anormais de tau, que parecem ser um fator importante responsável pelos danos neurológicos observados na doença de Alzheimer e em vários distúrbios relacionados.
Não deixa, contudo, de realçar que a descoberta tem algumas limitações. Primeiro, os efeitos foram observados apenas em ratinhos machos, portanto, não se sabe se a sua eficácia poderia ser aplicada às fêmeas. E depois, este medicamento é indicado apenas para uso ocasional, pois o uso contínuo tem efeitos atualmente desconhecidos.