Apneia do sono não tratada eleva risco de demência vascular
Pessoas com apneia obstrutiva do sono não tratada podem ter um risco aumentado de desenvolver demência, sugere um estudo publicado no BMJ Thorax.

O estudo utilizou uma ferramenta de dados denominada DExTER para identificar registos de saúde relevantes de pacientes com apneia obstrutiva do sono para participarem na investigação, assim como até quatro indivíduos adequados para atuar como grupo controle.
O conjunto de dados resultante, de 193.600 pacientes com apneia obstrutiva do sono, foi comparado a mais de meio milhão de pacientes sem esta doença, tendo sido revista uma média de um período de quatro anos para identificar pacientes que haviam sido diagnosticados com um tipo de demência.
A investigação analisou 2,3 milhões de registos de saúde no Reino Unido, ao longo de 12 anos, e descobriu que, entre os indivíduos com apneia obstrutiva do sono, independentemente da idade e índice de massa corporal, havia um risco 12% maior de desenvolver demência por todas as causas e um risco específico 29% maior de desenvolver demência vascular, embora o risco de desenvolver a doença de Alzheimer permanecesse inalterado.
Por outro lado, os especialistas comprovaram que os pacientes que tinham recebido um tratamento denominado Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP) para ajudar a regular a respiração durante o sono não apresentavam aumento do risco em comparação com o público em geral. Além disso, as pacientes do sexo feminino com apneia do sono também não apresentaram um risco maior.
Segundo a Dra. Jingwa Wang, da Universidade de Birmingham, as descobertas baseiam-se em evidências existentes de que a apneia do sono está associada a problemas de declínio cognitivo, observando-se que, quando não tratada, a doença pode aumentar o risco de desenvolver demência vascular em particular. Foi possível constatar ainda que as mulheres não correm o mesmo risco que os homens.
Pode concluir-se, então, que a apneia obstrutiva do sono está associada a maiores riscos de demência por todas as causas e alguns dos seus subtipos. Mais estudos são necessários para investigar os benefícios clínicos do rastreio do comprometimento cognitivo em pessoas com a doença, assim como para avaliar melhor o impacto do tratamento com CPAP no declínio cognitivo e no risco de demência.